A exposição dos tais “celebridades” nos leva a pensar e fazer algumas perguntas elementares. Vamos ao “fato” virtual:
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- Geisy Arruda, 25, foi ao salão de beleza retocar as madeixas e posou de frente e verso nesta quarta-feira (29) por lá. “Meu nome é pronta. Eles me deixam linda”, escreveu a loira provando que não sofre de baixa autoestima.”
A citação acima foi extraída do site do próprio Yahoo Celebridades. Aliás, toda vez que vamos acessar o e-mail do yahoo lá vem uma saraivada de coisas do tipo.
Não só a Geisy Arruda aparece, mas várias outras celebridades. A questão é, afinal o que faz uma celebridade?
Entre as celebridades é fato que tem atrizes, já que as mesma protagonizaram tramas de renomes somos conhecedores ao menos de parte de sua atuação profissional; atuação que tem como efeito colateral ser conhecida, no caso das telenovelas veiculadas em massa. Contudo, as demais celebridades fazem o quê?
Muitas são “filhas” de alguém, portanto têm dinheiro, o que ainda não explica o que elas fazem e não podemos justificar ser celebridade só por torrar dinheiro de alguma fonte. No caso da Geysy Arruda, sua “celebrização” é do nosso conhecimento público. Foi aquela moça de uma universidade particular hostilizada por colegas. Sendo o que nos chegou, sem saber os fatos obviamente, mas apenas os fatos produzidos pelos mais diversos meios de internet, que a mesma vestia roupas “curtas” e “causou” na “facu”. (Duas expressões que se casam muito bem com a própria “não ideia” de celebridade.)
Causar é um neologismo de acepção complexa. No caso de Geysa Arruda, causar foi ir de roupas curtas e provocar uma reação em cadeia entre seus colegas de universidade. A roupa curta despertou no coletivo uma reação que é geralmente mantida a sete chaves entre o público masculino. A saber, que se a mulher está semi-nua implica no direito de poder “usá-la” como objeto de satisfação sexual.
Se filosofia fosse o forte dessa universidade e de seu público, certamente eles saberiam que uma uma mulher nua é apenas uma mulher nua. Se tal cena me desperta desejos também não está explicitando que tais desejos sejam direitos. Pois em termos de vida social não aplicamos as mesmas regras da natureza. Uma mulher “gostosa” não implica em nada; não implica que devo A ou B. E que tal implicações, dado uma mulher gostosa eu faço sexo com ela, está inscrito em outra lógica, na verdade faz parte da lógica social que nos diz que uma mulher A sem roupas só rola sexo se ela e você estão enamorados e estão de comum acordo na consumação de um ato sexual.
Ademais, outro erro grotesco é ter a mulher como objeto de satisfação pessoal.
Geysa, portanto, causou ao propiciar de modo coletivo a erupção dessa mediocridade, em geral presa no anonimato de cada um, de seus colegas masculinos.
Desse fenômeno a tal moço fez uma escalada na direção da celebridade. Um caso sério do ponto de vista psíquico, pois as implicações de tal agressão esteve na esfera da agressão sexual e de gênero.
O que nos causa dúvidas sobre as atuais performances de Geysy. Afinal, quando ela se apresenta nas “midias” o que mais salta aos nossos olhos é exatamente a exposição do seu corpo. O que nos leva ao corpo objeto das mídias, que utilizam não só o corpo feminino, pois é comum um tipo de corpo masculino também exposto, mas como ponto comum o corpo objeto. No caso da mulher objeto sexual.
Tanto Geysa, quanto as demais celebridades, ao se exporem, seus corpos são o fim em si o que desloca qualquer possibilidade de tomá-las como sendo pessoas. A prova disso que Geysa aparece em qualquer programa, pois uma celebridade tem que aparecer. Aparecer é de fato a essência da celebridade, não importa o que elas façam ou sejam. E no caso da mulher, com muito frequência, o aparecer é um aparecer enquanto objeto excitante. Assim, Geysy parte desse fato para tentar vender outras coisas. Seja roupa ou perfume, não importa, pois o centro é sua “aparecência” enquanto celebridade.
Nesse frenesi, próprio da ação de massa, poucos se pergunta pela qualidade de vida subjetiva de tais celebridades. O esvaziamento psíquico e os efeitos que decorrem daí.
Caberia bem a Geysy estudar Filosofia, para se mostrar enquanto Geysy e não como corpo objeto. Que ela seja uma pessoa meiga e bonita, como também portadora de uma interioridade que possui direitos, entre os quais de respeito pelo corpo dela; de que ele não é passível de ser consumido em uma ato de canibalismo coletivo. Nesse movimento a celebridade em questão e as demais contribuirão em muito pelo respeito da mulher em nossa cultura. Pelo refutamento do machismo, da violência contra a mulher.
Vamos estudar Filosofia Geysy?