Xenofobia Evangélica
Prof. Me. Cídio Lopes de Almeida
Reedição em 2022
O texto abaixo toma uma excessão como algo majoritário. Pelo que nesse sentido não consegue expressar de modo adequado o que hoje penso. Primeiro, não se pode partir de experiências situadas e fazer generalizações. Posso ter presenciado fatos pontuais, em especial de indivíduos a praticarem de fato uma intolerância para com o fenômeno maçonaria. Posso ter eu pessoalmente ter sido vítima desse fato, enquanto professor de Filosofia ter sido preterido por participar da maçonaria, mas mesmo assim ainda não se pode fazer o movimento de generalização.
A validade das ideias abaixo aplicam a casos pontuais. E visilmente perde terrerno entre aqueles do “mundo evangélico” acadêmico. Ademais, havento também acolhida por parte de outros indivíduos desse mesmo universo.
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A vaga evangélica no Brasil tem se caracterizado no computo geral pela intolerância ao outro. Isso pode ser notado entre os próprios radicais, que habitualmente procuram atacar até mesmo outras denominações próximas às suas. Esse expediente de difamar o outro para mostrar a si é o responsável pela radicalização a passos largos das interações sociais entre nós brasileiros. Xenofobia é um apalavra composta por duas outras e vem do grego antigo. Xeno é externo, outro, de fora. Fobia ou phobia vem de phobos, também do grego antigo, e no geral está ligada a medo. Associar aqui xenobia evangélica é para falar de como uma dada experiência religiosa centra-se no cultivo dos medos humano.
O alvo preferido desses grupos são as religiões afro-brasileiras e a maçonaria. Para esses radicais, tais agremiações religiosas ou filosóficas são associadas ao mau. E não falta palavras para caracterizar esse perigo. Para dizer de formas variadas os perigos que representam tais coletivos de humanos.
Esse indivíduo nem se pergunta sobre quais são os impactos concretos sobre esses Outros. Aliás, é lícito para esses perseguir e extirpar o mau. É naturalizado que se combate o mau. Quando são confrontados, posto a questão de que se trata de outras pessoas diferentes e no direito de ali se associarem, essas pessoas não conseguem estabelecer um diálogo. Eles apenas recorrem novamente às suas estruturas discriminatórias e replicam novamente seus bordões xenófobos.
Por uma opção tais praticas de intolerâncias são absorvidas como parte fundamental da estrutura dessas crenças. Aliás, a contradição mais gritante é notar que a base do ser “cristão” é o “amor”. Como explicar a transmutação do amor em ódio? A psicologia e psicanálise tem muito a nós dizer. Porém a teologia ou esse cultivo irrefletido dos “neos-cristãos” se preenche de ódio. Ocupam suas preleções congregacionais o tema do “capeta”, do “diabo”, dos “pecador”. Quase nada sabem dizer de si que não seja pelo negativo.
Como professor de Teologia já fiz o desafio. Elaborar uma redação de uma página falando do tema “o que é ser cristão”. Proibido falar no negativo, só vale discorrer de coisas positivas. O que foi um desafio e logo todos notaram como não sabiam dizer positivamente de si.
Em conclusão, pensar no negativo gera problemas de sentido para todos. Para quem assim se cultiva semanalmente e até mesmo durante o dia. Seja para o alvo do negativo que se pensa. O Ensino Religioso que atualmente faz parte dos currículos escolares como conteúdo obrigatório tem por objetivo justamente ensinar que a diversidade não ataca as opções de cada um. O crente precisa compreender que haver outras religiões, e elas existem, não implica em atuar contra a opção dele. Ter um “deus poderoso” não é ter um Deus que mata outros humanos.
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