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Em texto anterior, o desafio da agricultura em Juquitiba, destaquei que o estar sobre a terra sem estabelecer relação com os sistemas ali postos consiste um problema. Nesse “estar sem estar” assistimos uma alienação dos processos da terra e isso faz com que a vida humana sobre um pedaço de chão se torne algo duro, dificultoso.
O estar sem estar gera a falta de conhecimento como “insumo”(Goescht) fundamental. Até mesmo certos conhecimentos, sobretudo aqueles ligados a práticas dos nossos avós e pais lá da “roça”, podem ser inadequados. Portanto, mesmo sabendo, podemos saber mau.
Nesse problema do conhecimento da terra e do estar sem estar, penso que todo o movimento de permacultura e seus derivados apresentam coisas interessantes e outras nem tanto. Do ponto de vista do conhecimento creio que essa turma “da cidade” traz muito novidade, entre elas, novas formas de abordar as ecologias do lugar. Turbinados pelas contribuições das ciências biológicas, químicas, arquiteturas, etc.. há de fato um aporte de muito conhecimento; que faz distanciar daquela forma “antiga”de lidar com a terra. Fala-se em “literatura”, calcário, nitrogênio, ciclos, sintropias, bio-dinâmica, etc.
O volume de saberes é monumental. Livros e cursos abundam. E aí entra o ponto negativo. A ecologia tem se concentrado mais nos aspectos biológico dos processos. Algo muito necessário, mas tem-se negligenciado “aqui acolá” outra ecologia, a econômica. Pensar a sustentação de uma vida “campestre” tem implicações econômicas fundamentais. O “estar sobre sem estar” retorna agora de uma outra forma. A “venda de cursos” e ou outras formas de sustentação econômica sobre a terra, (aquele aluguel na cidade; ou aquele dinheiro a juros…) que não ela, gera um déficit nessa balança. O saber como “mercadoria” sem dúvida é pertinente, pois é um valioso capital. A forma de disseminação, através da única via “venda” de cursos, produz uma “ecologia” econômica que eu diria não ser “orgânica”.
Outro aspecto, lembrando o presente texto é breve e toca as questões em linhas gerais, é o uso excessivo de termos “estrangeirados”, criando um processo de exclusão semântica no já “segregado” sistema brasileiro de educação pública. As implicações políticas da terra no Brasil me parecem passarem nos rodapés dos discursos de permacultura, ainda que essencialmente esse conceito abarque vários processos.
O embate cultural econômico ou essas duas áreas temáticas são de fundamental importância para o “designer” (a estruturação? o desenho? a modelagem?) da permacultura e suas variações. A cultura campestre brasileira? Ou a cultura rural? Onde ela entra nessa prosa? Vejo muito jovens universitários, procedente de uma certa classe média urbana, que estudaram em escolas privadas, fluentes em “ingreis”, americanofilos, querendo mudar o mundo, a destruição do planeta. Creio que essa turma tem muito capital cultural, necessário para se confrontar e produzir transformações nesse setor do rural campestre. Porém, em primeiro momento, também vejo uma produção da alienação sobre a vida cultura rural brasileira. Especialmente nas suas facetas difíceis de deglutir. Seja os latifúndios, seja os métodos agressivos contra os sistemas da terra e, o mais fundamental, a falta de sentido em viver no mundo rural.
Sem falar do saber religioso do mundo campestre, tópica que a ‘liberdade de classe média’ processa de outra forma. Sobretudo abomina os aspectos moralistas muito fortes nos monoteísmos.
Por fim, e propostas como a Escola Família Agrícola? Alguém conhece esse “designer”?