Funcionarias da grande loja-maconica de sp denunciam assedio sexual

Funcionarias da grande loja-maconica de sp denunciam assedio sexual

Funcionárias da grande loja maçônica de SP denunciam assedio sexual

 

 

 

Prof. Me. Cídio Lopes de Almeida, MM

www.amf3.com.br

 

 

Esse texto pretende fazer uma reflexão a partir de um fato. Não deseja ocupar o lugar de juiz de um dado fato, muito menos revelar algo sobre.

 

Aproveitando a notícia que roda a internet sobre “assedio sexual” num ambiente “associativo” minha ideia é refletir alguns lugares comuns sobre o tema. De certo modo é aproveitar dos jogos da internet para poder expressar como lidamos e pensamos com o tema do assédio sexual.

 

Dentro da filosofia, sim um campo do saber acadêmico, tratamos sobre sexo de várias formas. Seja na psicanalise freudiana, como uma filosofia prática muito bem elaborada em nossos dias, à clássicos como Aristóteles, quando se estuda sobre vícios e virtudes. Passando pelo atual e famoso Foucault.

 

Portanto a sexualidade como condição de nós humanos é objeto da filosofia.

 

No geral não falar do tema, deixar ele escondido, tem se mostrado, segundo Foucault, espaço para que práticas sejam feitas às escondidas. No caso da Maçonaria em específico dois temas não são tratados de modo sistemático. A saber, a presença apenas de homens nesse grupo “privado” de sociabilidade e, depois, sobre a economia sexual de uma cultura machista.

 

Antes de adentrar, vale lembrar que a maçonaria é uma “sociabilidade” filosófica. O que é isso? Oras, significa que pessoas se reunem regularmente no entorno de princípios filosóficos.

 

Isso tem várias implicações. A primeira é que não se trata de associação profissional de filósofos. Seria como um clube recreativo onde se joga tênis. Os convivas estão a recrear e não são jogadores profissionais. A segunda implicação é que os debates sobre temas relevantes, ainda que presentes nos seus manuais de formação, não avança de modo profissional, vai a reboque de modo muito amador, pois são amadores no trata da filosofia profissional.

 

Esse é o caso de uma sociabilidade filosófica. Ela se aglutina no entorno de ideias oriundas da filosofia, no caso fortemente Iluminista, mas não são profissionais desse campo do saber. E a nós, professores dessa quimera, temos que reconhecer que a maçonaria deve ser vista sempre como uma “sociabilidade filosófica”, sua essência enquanto fenômeno social é justamente isso.

 

Posto isso, passamos aos dois temas. Como sociabilidade histórica a maçonaria fixou-se num tempo em que não havia o protagonismo das mulheres. Mesmo havendo lá em França alguns vanguardistas ao ponto de fundarem uma sociabilidade maçônica que já preconiza essa igualdade (Le Droit Humain – 1893), a história da maçonaria acabou por se marcar pelo protagonismo do homem.

 

E devemos lembrar, pelo protagonismo do homem branco e com certo sucesso material na vida social. Para os que hoje tentam colar a maçonaria a tudo que é “bonitinho”, devemos lembrar que ela foi sim uma sociedade racista, prova disso é a “maçonaria” para só para negros nos Estados Unidos da America do Norte. (Maçonaria Prince Hall – 1784) Não sendo aceitos juntos dos brancos liberais “do norte”, fizeram à sua própria sociabilidade.

 

Ao dizer esses pontos desconfortáveis, com esses exemplos, eu preparo o leitor para algo real. A maçonaria está inserida na vida de pessoas normais, limitadas. E os temas da sociedade em geral ecoam dentro dela, sem consistir um mundo a parte. E para também chamar a atenção que alguns temas que no passado pareceram impossíveis de serem conciliados, hoje são tratados de modo normal. Com alguns até se orgulhando de pertencer a um grupo que não “discrimina nem raça, cor ou religião”. É preciso lembrar a esses amadores, que cultivam filosofia, que não foi sempre assim.

 

Nesse contexto é que podemos sim pensar a presença da mulher na maçonaria. Ainda vamos orgulhar de adicionar na frase de efeito “não discrimina, raça, cor, religião, gênero e orientação sexual”. E ninguém de “bons costumes” será depravado, aviltado. Ninguém sofrerá “acinte” aos bons costumes, etc. 

 

Se por um lado é positivo a construção de uma memória do grupo, como fator de identidade, esse apego a um “passado” às vezes esconde riscos. Ser uma Ordem, portanto, cultivar o gosto por repor semanalmente princípios que nos fazem sentir pertencente a algo maior, não precisa insistir em repor fatos que na verdade não geram vida. O machismo como conhecemos hoje não é um problema só para as mulheres. Um machista é um problema para nós homens também. Para a convivência fraternal um machista é tão prejudicial quanto nas relações amorosas.

 

É preciso colocar na agenda cultural da maçonaria o debate sobre a presença apenas de homens nessa sociabilidade. Como se trata de uma instituição história, o mais apropriado é criar uma década de reflexão sobre o tema e durante esse período de tema, promover de modo sistemático sobre isso. Propondo uma aproximação mais efetiva das esposas dos maçons nessa jornada. Até de fato promover o protagonismo da mulher dentro da maçonaria.

 

Em nossos dias não será exagerado dizer que apenas homens imaturos emocionalmente somos machistas.

 

A segunda linha de reflexão é o caso do assédio sexual em ambiente de trabalho. No caso aqui, na estrutura administrativa Estadual de uma entidade maçônica chamada Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo.

 

O primeiro passo que tenho notado é a tentativa de fazer de um caso nominal algo da Instituição. É clássico no geral, sem aqui transpor esse juízo para a pessoa em causa, se desconfiar da mulher e nunca do seu possível assediador. E para levar esse projeto adiante se procura primeiro desconfiar da mulher, depois fazer com seu pedido de justiça dessa seja interpretado como sendo um libelo de ataque a Instituição como um todo. Sendo a vítima uma espiã das forças adversárias, a montar um ardil contra um líder. 

 

Em nossa cultura ainda não avançamos no sentido contrário. De fato, se repete por curto-circuito esse culpar culturalmente a mulher. Uma didática trágica, mas estamos observando ela pelos vídeos espalhados pelos aplicativos de conversa via celulares.

 

No caso da GLESP creio que o melhor já está sendo feito. Uma vez constituído advogados se apresentará perante um juiz os apelos, etc. E creio que esse é o caminho apropriado. Contudo, o tema ganha as conversas de Loja, roda os aplicativos de conversas. E nesse terreno da vida privada a grande reflexão que proponho é justamente não serem tão didáticos em evidenciar um lugar comum no trato do tema. Procuremos outras formas de pensar o assunto, examinemos nossas consciências, há oferta de conhecimento para tal, consultemos nossas esposas e namoradas.  

 

Em primeiro lugar, o se deve perder de vista que é um problema nominal, de uma liderança, e precisa ser tratado como tal. E se houve tal feito, sim, a Instituição precisa afastar tal liderança, do contrário será cúmplice. O afastamento poderia já ser em sentido probatório, demonstrando desse modo total disposição do acusado em colaborar com o processo. Seria, aliás, a melhor atitude de sua parte em dirimir dúvidas. Enquanto segue o curso do agora processo na justiça. Por força de Lei, será a partir dos resultados desse processo que as tomadas de decisões em definitivos serão tomadas. Nada de novo.

 

Finalizo essa reflexão repondo a ideia de que a maçonaria é uma Instituição imersa na história. Ela é fruto das contradições dos tempos. Não serão casos particulares que irão colocar por terra uma Instituição complexa como a Maçonaria e que no geral é democrática em toda a sua estrutura administrativa. Capaz, inclusive de promover avanços históricos em si. Mesmo mantendo-se fiel a valores universais, consegue ir no curso da história vendo que tais valores se manifestam de variados modos. O que pede mudanças. Falar da presença da mulher na maçonaria e da sexualidade no geral se urge.

 

 

 

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