A maldade

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Ninguém acorda com planos de fazer o mau. Exceto a personagem “Macaco Loco”, que é uma obra ficcional para ‘crianças’ ou algum tipo patológico, a maldade não é planejada de modo explicito. Então, como explicar os vários exemplos de “maldade” na vida social? 

Como explicar que pessoas defendam ideias baseadas no egoísmo? Tais como os neoliberais que concebem as ideias de ‘Estado mínimo’ e de ‘mérito pessoal’ sobre a ação egoísta na vida social. Um operador do ‘mercado financeiro’, por exemplo, é um biotipo que foi condicionado desse o berço a crer que há de fato uma meritocracia, uma sociedade possível e que assenta sobre as proezas e feitos individuais. Esse prodígio, estimulado desde as primeiras mamadeiras, ensinado dioturnamente a competir e vencer, mesmo que tendo os país pagando e sustentando esse “cenário” montado para ele vencer, cresce e acredita nisso. 

Esse laboratório de serviçais da ideologia neoliberal, que toma como fetiche fundamental o idioma inglês, só é possível na medida em que os país projetam sobre o pequeno notável a redenção de todas as suas não-realizações. Preparando o campeão para as disputas do ‘vestibulinho’ aos 6 anos de idade; ou na nova moda, já começando pela genética mesmo, como grandes jornais noticiam que o Brasil é o grande cliente de clínicas nos U.S.A. que vedem semens de homens “que garantam olhos claros”. Assim, a competição, que pode incluir mudar-se para o U.S.A para que a criança nasça na “Belém” do neoliberalismo que é Miami, cria uma bolha na qual se crê no mérito pessoal. A fortuna e o empenho insano dos pais para produzir ganhadores acaba por turvar o olhar desses para a volta onde habitam, eles não veem a moça, em geral negra, que empurra o carrinho de bebê nos Clubes ou Shopping. Portanto, não é um movimento consciente;  as idiossincrasias cultivadas, elas são normalizadas e vividas como tal. A justificativa está sobre que se merece; fez por onde. 

Soa absurdo quando se propõe outro olhar. Ou quando o ódio eclode contra classes inteiras ou indivíduos que são ícones desse outro, do outro fracassado. Daquele que não tem mérito, esse monstro do armário que assusta a classe media performática. Essa perseguição implacável do que não conseguiu, incluindo aí aquele que a própria pele foi eleita como sendo o fracassado, pois lembremos que se compra esperma nos USA de homens brancos, olhos azuis implica o pavor de ser qualquer cor que se aproxime do negro. 

A maldade portanto é praticada em larga escala como o Outro. Como aquilo que não se quer; a maldade é atualizada e praticada como efeito de uma luta individual por um lugar ao sol. Nesse espírito de manada, nessa busca louca por um lugar ao sol, se prática os absurdos de um estilo de vida que depois será posto em prática como modelo mesmo de governo. Os meninos tratados a “geléia real” irão virar adultos, de sucesso, e irão compor os grupos de adultos a frente das coisas sérias, das coisas rentáveis da vida adulta. Serão esses ‘bem preparados’, que devem saber inglês e frequentado algum curso de negócios nos U.S.A., que irão privatizar recursos públicos destinado à educação das massas ou qualquer outro montante de recursos financeiros destinados ao coletivo. Eles é que irão dizer o quanto é inconcebível que Estado banque educação, saúde ou segurança de qualidade para todos, pois essencialmente, como foram treinados, eles não admitem o Outro; esse Outro é para ser eliminado. Só há um eu, no máximo os meus, aqueles que se tema feto familiar.

As concessões mínimas à outras pessoas só ocorrem na medida em que essas possam aumentar o que é meu. Assim se monta as ideias sobre ‘recursos’ humanos, além de toda uma cadeia de como lhe fazer deixar de ser fracassado. Aliás, se há uma constante nesse contexto cultural é a do pavor de ser um ‘decaído’, um fracasso, um ‘loser’.  

Onde fica o mau nessa história? Fica no fato de não se ver o outro; ou ver o outro já em categorias que justifica ele como sendo um fracassado; como aquele que justifica que “eu consegui” e ele não.

O mau portanto é a arte de negar o outro; já não vendo ele nos seus contornos; mas apenas borrando o outro, esse disforme horrível.  

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