Cabala política e a mística

Cabala política e a mística
Professor Cídio Lopes de Almeida
Prof. Me. Cídio Lopes de Almeida – Sítio Lutécia/Serra Cafezal







Ola a tod@s! 
A política e a mística.
Gershom Scholem, um historiador, filósofo e teólogo judeu, conseguiu levar os estudos da mística judaica ao ponto de podermos considera-lo  como o fundador da Cabala filosófica ou científica contemporânea. Dito de outro modo, creio que seus estudos, que resultou em artigos académicos, recolocou a tradição mística judaica, comumente denominada de Cabala, em patamares que as ciências humanas, nas suas versões antropológico, ciências das religiões, psicologia religiosa, sociologia da religião, antropologia cultural, filosofia da religião, passaram a considerá-la como um fenômeno passível de ser tratado para além de achismos ou mera “crendice”. 
As contribuições de Scholem são memoráveis e creio que elas interessam não só à comunidade judaica, mas a todos nós. Sobretudo no que toca como uma comunidade de humanos se articularam em torno de ideias vivas; Em termos cristão eles viviam ideias que se encarnavam. Sem fazer aqui os expediente de cristãos se passando por judeus, mas apenas expressando uma ideia deles em terminologia cristão, por analogia. 
Comunidade real e por isso mesmo passível de ponderações, contudo, no que toca a viver o pensamento e suas contradições a comunidade judaica se firmou em torno disso. E com isso todas as contradições das ideias repercutiam na vida, incluindo os dilemas próprios das ideias. Mesmo ideias que hoje discordaríamos delas, a exemplo o contexto cultural da comunidade judaica de Amsterdã, onde viveu o filósofo Espinosa. Época de convulsão entre as ideias a vida na cristandade, da qual a comunidade judaica também participa, através das censuras das ideias de seus membros; caso de Espinosa e outros de seus amigos. 
Dentre essas contradições a comunidade judaica sempre teve que encarar seus “messias”. Tema delicado na medida em que nos dias de hoje vejo cristãos incautos fazendo aproximações usurpadoras da história alheia, especialmente se passando por judeus que finalmente reconheceram um messias. E ao dizer que tal comunidade teve que se ver com seus messias, quero sinalizar apenas que Jesus de Nazaré ou Sabatai Tzvi (Schabatai Tzevi = שַׁבְּתַי צְבִי ) foram judeus e deram início ao tema do messias, proeza judaica que marca a nossa cultura ocidental. (Em breve escreverei aqui sobre o que é o messias para a cultura ocidental). 
O tema do messias, portanto, é o tema do título desse texto do Grupo Curso de Cabala em SP. O messias, na lavra de Scholem seria um político por natureza. Pois ao desejar reformar as práticas da sua comunidade, na verdade não querendo renovar, mas apregoando a necessidade de se observar antigos princípios religiosos, ele age politicamente. Ele é o formador de opinião ou mesmo formador no sentido mais profundo da transformação pessoal. Portanto, ele age nas mentes e na vida prática das pessoas. 
Dentre os messias ou místicos, pois os messias passam por estados míticos, teriam alguns que desejam voltar e levar a sua comunidade aos estágios vividos por ele, o estado de contato com o “pai” (para Jesus de Nazaré)  ou de transfiguração e presença de algum Profeta com quem se discute detalhes da Qabalah, sendo Moshé (מֹשֶׁה = mosheh ) o mais elevado. Esse tipo de Profeta místico é o político, pois terá que tratar da vida da comunidade, donde politikos sendo o termo grego para os que vivem na polis/cidade. 
Ainda nas ideias de Scholem sobre os míticos, existem outros que se isolam e nunca mais voltam à comunidade ou foram transformados a ponto de não deterem mais uma linguagem plausível aos demais cidadãos.  Nesse quadro cito apenas Jakob Böhme (1575 – 1624), o cristão luterano que ainda hoje tem uma obra difícil de ser compreendida. 
Enfim, por hoje é só. 
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PS.:
Para quem está chegando agora
O Grupo Curso de Cabala em São Paulo:
1 – Atualmente consiste apenas em compartilhar fragmentos de conhecimentos histórico filosófico sobre Espiritualidade, comumente designada sob o nome Cabala e suas variações gráficas. Sendo que se for transliterada do Hebraico temos; QBLH – Qabalah.
2 – Meu posicionamento pessoal, que respeita outras ideias, é que se ensina história e filosofia (conceito) cabalístico, mas a prática cabe a cada pessoa. Portanto, temos a humilde compreensão de que não ensinamos Qabalah apenas conceitos e história. 
3 – Qabalah, como prefiro, não é exclusivo do povo judeu e seus religiosos. Tem estreita existência com essa comunidade, que em muito contribui para esse pensamento filosófico-religioso, especialmente durante o período histórico chamado de “medieval”.  Contudo, Qabalah enquanto reflexões filosóficos místicas se ramifica para outra comunidades religiosas filosóficas. Porém, chegar à essa compreensão se faz necessário um pouco de conhecimentos históricos sobre o tema. Não estou a propor um sincretismo ou mesmo um ecletismo no trato do tema. 

4 – Praticar qualquer espiritualidade, seja ela judaica, cristã, islâmica ou budista requer uma ruptura com a vida ordinária. Coisa muito difícil nos dias de hoje. Ademais, existem poucas pessoas que se aprazem em “conhecer”, como outras se aprazem em comer ou beber algum tipo de álcool, creio que espiritualidade para essas pessoas significara algo, aos demais, apenas uma ideias bonitas.  

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