A resenha aborda a obra “Introducción a la fenomenología de la religión” de Juan Martín Velasco, que aplica o método fenomenológico ao estudo da religião. Apresenta o contexto histórico e o método (epoché, empatia) para compreender a especificidade do fenômeno religioso. Analisa conceitos centrais como o “Mistério” transcendente, a atitude religiosa humana (reconhecimento, busca de salvação) e as mediações objetivas (símbolos, mitos, ritos). Explora as diferentes configurações históricas do divino (politeísmo, monoteísmo, etc.). Discute a situação da religião na sociedade secularizada, suas transformações e persistências. Avalia as contribuições da obra, como a integração com ciências da religião, e suas limitações, como a perspectiva eurocêntrica. Destaca a relevância da obra para o estudo atual da religião e o diálogo inter-religioso. Conclui reafirmando o valor da abordagem fenomenológica crítica e historicamente consciente.

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No Prefácio, Van der Leeuw reconhece o caráter esboçado de sua exposição, dado o vasto campo da fenomenologia da religião, mas enfatiza seu esforço de oferecer “uma guia útil para a compreensão do material histórico” e valoriza a apresentação direta dos fenômenos, mantendo a “luta em comum” pela correta apreensão dos fenômenos religiosos (p. 9–12). No Epílogo (§ 109–112), desenvolve a fundamentação metodológica: diferencia o dado empírico do “fenômeno” mediante redução fenomenológica (p. 642–644); define religião como relação com o “totalmente outro” e a fenomenologia como acesso reflexivo a essa experiência (p. 645–652); e traça a história da disciplina de De Brosses a Husserl e Scheler (p. 653–658).

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O contexto teórico da proposta em desenvolvimento situa-se a partir da temática da pluralização interna do catolicismo contemporâneo, analisada por meio das dinâmicas da Renovação Carismática Católica (RCC) e do movimento Chama do Amor, com foco em suas estratégias de reencantamento da fé frente à secularização e erosão dos sentidos últimos do viver humano.

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Este artigo investiga em que medida João Calvino foi influenciado pela filosofia estoica durante sua juventude, com foco especial em seu comentário sobre o tratado “De Clementia” de Sêneca, publicado em 1532. Através de uma análise histórico-filosófica, examina-se o contexto intelectual do Renascimento, os princípios fundamentais do estoicismo, e sua recepção no pensamento do jovem Calvino. O estudo demonstra que elementos significativos da filosofia estoica estiveram presentes na formação intelectual de Calvino, especialmente conceitos relacionados à virtude, providência e ordem racional. Embora após sua conversão religiosa Calvino tenha subordinado essas influências à teologia reformada, adaptando-as e, em alguns casos, criticando-as à luz de sua compreensão das Escrituras, é possível identificar continuidades importantes entre seu engajamento inicial com o estoicismo e seu pensamento teológico maduro. Esta pesquisa contribui para uma compreensão mais nuançada das raízes filosóficas do calvinismo e do diálogo entre o pensamento clássico e a teologia cristã no contexto da Reforma.

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Resumo: Este artigo realiza uma análise comparativa do conceito de liberdade na obra “A Liberdade Cristã” (1520) de Martinho Lutero e na filosofia de Baruch de Espinosa, particularmente em sua “Ética”. O objetivo é identificar os pontos de convergência e divergência entre a liberdade como dom da graça divina mediado pela fé (Lutero) e a liberdade como autodeterminação racional conforme a necessidade da natureza (Espinosa). Utilizando metodologia de análise bibliográfica e conceitual, o estudo explora o paradoxo luterano da liberdade interior e servidão exterior, a justificação pela fé e a libertação da lei, contrastando-os com a crítica espinosana ao livre-arbítrio, a liberdade como conhecimento adequado das causas e aumento da potência de agir. Convergências são notadas na ênfase na interioridade da liberdade e na crítica a concepções ilusórias. Contudo, as divergências são mais profundas, abrangendo os fundamentos (teológico vs. filosófico), as concepções de Deus (transcendente vs. imanente), a relação com a lei e a necessidade, o determinismo e o objetivo final (salvação vs. beatitude). Conclui-se que, apesar de compartilharem uma busca pela emancipação da servidão, Lutero e Espinosa oferecem caminhos e destinos radicalmente distintos para a liberdade humana, enriquecendo a compreensão de suas múltiplas dimensões.

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RESENHA
JABBOUR, Elias; GABRIELE, Alberto. China: O Socialismo do Século XXI. São Paulo: Boitempo, 2021.

Cídio Lopes de Almeida
[sem revisão por pares]
Resumo
A proposta do livro oferece uma análise da China como um exemplo singular de socialismo de mercado no século XXI, contrastando sua trajetória com outras experiências socialistas e capitalistas. Os autores exploram a formação econômico-social chinesa, destacando o papel central do Estado e do planejamento compatível com o mercado, além de examinar a evolução de seu setor produtivo e financeiro. Adicionalmente, o texto aborda conceitos marxistas revisitados, a lei do valor sob diferentes modos de produção e a relevância da cooperação e do comportamento humano na ciência econômica, buscando fundamentos teóricos para compreender a complexidade do modelo chinês e suas implicações globais. A obra também compara brevemente a experiência vietnamita, laonense e cambojana ressaltando similaridades e diferenças em suas abordagens de desenvolvimento de orientação socialista. Em conclusão, é saliente que se trata de uma obra para ser estudada, não propriamente lida em uma única vez. Nosso esforço nessas anotações foi de estudo pessoal da obra.

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A obra de Marilena Chaui, organizada por André Rocha, investiga as raízes históricas e as manifestações contemporâneas do autoritarismo no Brasil. Os ensaios reunidos, escritos entre as décadas de 1970 e 2000, analisam criticamente as ideologias que sustentaram regimes autoritários e que persistem na sociedade brasileira. A autora examina desde o mito do “homem cordial” até a crítica da ideologia da competência e do nacionalismo desenvolvimentista, buscando desvendar as formas sutis pelas quais o autoritarismo se infiltrou na democracia. Ao reunir esses textos, o volume incentiva a reflexão sobre a gênese do autoritarismo e inspira novas formas de combatê-lo.

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A “Introdução à Filosofia da Mitologia” de Vicente Ferreira da Silva representa uma ruptura com o subjetivismo e o antropocentrismo filosóficos, propondo um novo objetivismo onde o mundo espelha uma constituição transcendental ligada a um projeto original. A obra argumenta que a compreensão da religião e da mitologia só é possível ao superar o pensamento ancorado na condition humaine, inserindo essa nas forças instituidoras do Ser. O autor introduz a noção de um Ser transcendente como Sugestor e Fascinator, fonte de todas as possibilidades e cuja manifestação primordial se dá na Mitologia, compreendida não como criação humana, mas como a vida prototípico-divina e a abertura de um regime de fascinação. Nesse contexto, o ente, incluindo o ser humano, é visto como sugerido e fascinado pelo Ser, sendo a própria ideia do homem uma sugestão aórgica [não posto pelo homem], ou seja, não posta pela liberdade humana. A verdadeira objetividade reside no reconhecimento desse oferecer transcendental do Ser, exigindo uma superação do hominismo para uma sabedoria do transumano.

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Antônio Braz Teixeira

As obras de Vicente Ferreira da Silva são revistas, com ênfase na sua filosofia da mitologia na última fase do seu pensamento, marcada por uma crítica ao antropocentrismo em favor de uma compreensão do ser ligada ao mito e ao sagrado. O seu percurso filosófico é apresentado em três momentos: um inicial interesse pela lógica matemática, seguido por uma fase antropológica e existencialista, culminando na sua original filosofia da mitologia e do sagrado, que valoriza o mito sobre o logos e explora a relação entre o Ser, os deuses e a experiência humana. A análise abrange desde a sua conceção da morte e da intersubjetividade até à sua visão da história, da arte e da religião, culminando numa onto-teologia que prioriza o mítico-poético como acesso à verdade do Ser.

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