Resenha   MAFFESOLI, Michel. Elogio da razão sensível. Tradução de Albert Christophe Migueis Stuckenbruck. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998.   Cídio Lopes de Almeida [sem revisão por pares]  Resumo: A obra exploram a ideia de uma “razão sensível” proposta por Michel Maffesoli, contrastando-a com o racionalismo moderno e seu enfoque na lógica, separação e objetividade. O autor argumenta que a sociedade contemporânea, marcada pelo tribalismo, emoção e reencantamento do mundo, exige uma nova abordagem que…

Leia mais

O livro consiste em fragmentos de uma publicação intitulada “Can The Subaltern Speak? Reflections On The History Of An Idea,” [Pode a Subalterna Tomar a Palavra] editada por Rosalind C. Morris, com contribuições de Gayatri Chakravorty Spivak e outros autores. A obra discute extensivamente a questão da subalternidade e a possibilidade de agência e voz dos grupos oprimidos, especialmente mulheres em contextos coloniais e pós-coloniais. Os autores examinam conceitos teóricos como ideologia, poder, representação, e as intersecções de gênero, raça e classe, frequentemente engajando-se com as ideias de pensadores como Marx, Foucault, Deleuze e Derrida. Através de análises de casos específicos, como o sati na Índia e a experiência de trabalhadoras domésticas migrantes em Singapura, os textos investigam as estruturas históricas e sistêmicas que silenciam e exploram sujeitos, ao mesmo tempo em que refletem sobre a prática intelectual e ativista necessária para contestar essas dinâmicas.

Leia mais

O livro “A psicanálise do fogo” de Gaston Bachelard explora a natureza psicológica e cultural do fogo, indo além de sua compreensão científica ou objetiva. A obra argumenta que a percepção humana do fogo é profundamente influenciada por complexos inconscientes, como o Complexo de Prometeu (o desejo de conhecimento e controle) e o Complexo de Empédocles (o anseio pela fusão com o elemento). Bachelard analisa como o fogo permeia devaneios, mitos, crenças alquímicas, e até mesmo a literatura, revelando sua conotação sexualizada e animista. Ele contrapõe as explicações científicas históricas do fogo, muitas vezes falhas devido a esses preconceitos inconscientes, à riqueza das interpretações subjetivas e simbólicas, evidenciando que o fogo é um “pirômeno” que moldou a mente humana primitiva e continua a influenciar o pensamento.

Leia mais

Os textos apresentados exploram a Ciência da Religião Aplicada (CRA), diferenciando-a da pesquisa básica e destacando sua relevância prática. Vários autores discutem a necessidade de que cientistas da religião atuem em questões sociais, como a intolerância religiosa, a saúde e o ensino. O debate central gira em torno da objetividade e neutralidade na pesquisa, com alguns defendendo uma abordagem mais engajada na promoção de valores como tolerância e paz, enquanto outros enfatizam a importância da distância acadêmica para manter a integridade intelectual da disciplina. Há um foco particular na aplicação da CRA no campo da saúde, abordando a integração da espiritualidade no atendimento a pacientes, e no ensino religioso, defendendo a capacitação de profissionais da Ciência da Religião para ministrar a disciplina de forma laica e não confessional.

Leia mais

A resenha aborda o livro La Poétique de L’Espace de Gaston Bachelard, focando na filosofia e na psicologia da habitação. O autor explora como a imaginação e a memória se entrelaçam com a experiência do espaço, particularmente dentro da casa e seus diferentes elementos, como a cave, o sótão, armários e gavetas, e objetos do cotidiano. A obra analisa também a poética associada a refúgios mais primitivos como o ninho e a concha, além de considerar a imensidão e a miniaturização do espaço na rêverie. Bachelard utiliza exemplos literários para ilustrar como esses espaços evocam emoções e pensamentos profundos no leitor.

Leia mais

A transcrição do vídeo apresenta uma conferência aprofundada ministrada pelo Prof. Dr. Renato Epifânio sobre o conceito de lusofonia — compreendida como uma comunidade cultural, linguística e filosófica formada em torno da língua portuguesa e de seu legado. A exposição aborda a lusofonia sob múltiplas perspectivas: filosófica, histórica, cultural, linguística e geopolítica. Dr. Renato, filósofo, traça as raízes da lusofonia por meio de figuras literárias e filosóficas portuguesas, do impacto global da língua portuguesa e de como a lusofonia atual ultrapassa o âmbito linguístico, incorporando identidades culturais que conectam populações diversas nos continentes europeu, africano, latino-americano e

Leia mais

O texto examina o conceito de mistagogia, definido como a condução ao mistério divino, particularmente dentro do contexto da iniciação cristã. A autora argumenta que, ao longo do tempo, o cristianismo, especialmente a religião católica, se distanciou de sua origem mística em favor de uma abordagem mais racional e doutrinária, o que teve consequências negativas para a experiência religiosa.

Leia mais

No dia 07 de junho tive a alegria de poder partilhar um pouco das minhas meditações para uma Comunidade Maçônica na cidade de Socorro SP [Loja Maçônica Mista Amor e União – n. 35]. Os fenômenos maçônicos no Brasil detêm uma diversidade muito rica, e pela primeira vez fui acolhido com muito carinho e fraternidade no âmbito de uma Comunidade Maçônica Mista.
Para mim foram dois momentos salientes, primeiro o próprio fato de participar pela primeira vez de uma sessão com Irmãs, e não os habituais irmãos da fração numericamente majoritária da Maçonaria brasileira. O segundo, que se situa no contexto da pandemia de Covid-19, foi sobre estar presente novamente numa sessão maçônica, minha última participação em atividade havia ocorrido em junho de 2019, portanto há 5 anos atrás.

Leia mais

A resenha crítica analisa as obras “Sobre o Problema do Ser” (Zur Seinsfrage) e “O Caminho do Campo” (Der Feldweg) de Martin Heidegger, textos que representam momentos significativos de sua fase tardia. Em “Sobre o Problema do Ser”, originalmente uma contribuição em diálogo com Ernst Jünger sobre o niilismo, Heidegger desloca a discussão para uma investigação da essência e origem do niilismo, conectando-o ao esquecimento do Ser (Seinsvergessenheit) na tradição metafísica ocidental. O filósofo critica a metafísica por ter negligenciado a diferença ontológica fundamental entre o Ser (Sein) e o ente (Seiendes), reduzindo o Ser a uma característica do ente. Este esquecimento culmina na era da técnica moderna, cuja essência (Gestell) representa a forma consumada da metafísica da subjetividade, onde tudo é enquadrado como recurso disponível (Bestand). “O Caminho do Campo”, por sua vez, oferece um contraponto lírico e meditativo, sugerindo uma experiência do Ser que se revela na proximidade e na escuta atenta, apontando para a possibilidade de um pensamento meditativo (besinnliches Denken) como alternativa ao pensamento calculador dominante. A segunda parte da resenha estabelece diálogos com o pensamento contemporâneo, destacando a relevância persistente da questão do Ser e analisando as divergências fundamentais entre Heidegger e Sartre. Enquanto Sartre enfatiza a liberdade radical do sujeito como fundamento da existência, Heidegger prioriza a condição de “ser-lançado” (Geworfenheit) do Dasein e sua abertura à escuta do apelo do Ser. A concepção do Nada também difere: para Sartre, o Nada é introduzido no Ser pela consciência; para Heidegger, o Nada pertence à própria essência do Ser. A resenha também aborda críticas ao pensamento heideggeriano, como sua linguagem obscura, seu envolvimento com o nazismo e a possível insuficiência de sua proposta diante dos desafios éticos e políticos contemporâneos. Não obstante, conclui que a filosofia de Heidegger permanece um interlocutor indispensável para pensar nosso tempo, desafiando a filosofia a confrontar a questão ontológica fundamental que subjaz à nossa compreensão do mundo.

Leia mais

O presente trabalho apresenta uma resenha crítica do diálogo “Crátilo” de Platão, obra fundamental para a filosofia da linguagem ocidental, e sua retomada contemporânea pelo linguista francês Émile Benveniste. O texto analisa a estrutura argumentativa do diálogo platônico, as posições defendidas pelos personagens e as implicações filosóficas das teses apresentadas sobre a natureza dos nomes e sua relação com a realidade. Em seguida, contextualiza historicamente o tema da linguagem desde a Antiguidade até a contemporaneidade, destacando como as questões levantadas por Platão foram reinterpretadas ao longo da história do pensamento ocidental. Por fim, apresenta a teoria da linguagem de Benveniste como uma retomada e transformação das questões do Crátilo, evidenciando como o linguista francês supera as dicotomias tradicionais entre natureza e convenção, pensamento e linguagem, sujeito e objeto, oferecendo uma perspectiva contemporânea sobre problemas filosóficos milenares.

Leia mais

10/795