RESENHA
JABBOUR, Elias; GABRIELE, Alberto. China: O Socialismo do Século XXI. São Paulo: Boitempo, 2021.

Cídio Lopes de Almeida
[sem revisão por pares]
Resumo
A proposta do livro oferece uma análise da China como um exemplo singular de socialismo de mercado no século XXI, contrastando sua trajetória com outras experiências socialistas e capitalistas. Os autores exploram a formação econômico-social chinesa, destacando o papel central do Estado e do planejamento compatível com o mercado, além de examinar a evolução de seu setor produtivo e financeiro. Adicionalmente, o texto aborda conceitos marxistas revisitados, a lei do valor sob diferentes modos de produção e a relevância da cooperação e do comportamento humano na ciência econômica, buscando fundamentos teóricos para compreender a complexidade do modelo chinês e suas implicações globais. A obra também compara brevemente a experiência vietnamita, laonense e cambojana ressaltando similaridades e diferenças em suas abordagens de desenvolvimento de orientação socialista. Em conclusão, é saliente que se trata de uma obra para ser estudada, não propriamente lida em uma única vez. Nosso esforço nessas anotações foi de estudo pessoal da obra.

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Este relatório de pesquisa interdisciplinar explora as complexas relações entre evangélicos, movimentos sociais e política na América Latina, em um contexto de significativas mudanças globais. O estudo investiga a fé evangélica como identidade e força militante, analisando sua influência na vida cotidiana das classes populares e ativistas. Através de entrevistas em Argentina, Brasil, Chile e Honduras, o trabalho busca compreender as perspectivas de militantes não religiosos, evangélicos militantes e não militantes sobre temas como direitos humanos, justiça social e o papel da religião na esfera pública. A análise também examina as diversas interpretações da Bíblia e as tensões em relação a gênero e outras questões sociais dentro do universo evangélico. O objetivo geral é repensar o diálogo entre movimentos sociais e o potencial da religião como motor de transformação social na região. As instituições responsáveis pela pesquisa são o Instituto Tricontinental de Pesquisa Social e a Otros Cruces, ambas dedicadas a estimular o debate intelectual a serviço de movimentos populares e à promoção da coexistência democrática através do estudo das interseções entre religião e política.

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A obra de Marilena Chaui, organizada por André Rocha, investiga as raízes históricas e as manifestações contemporâneas do autoritarismo no Brasil. Os ensaios reunidos, escritos entre as décadas de 1970 e 2000, analisam criticamente as ideologias que sustentaram regimes autoritários e que persistem na sociedade brasileira. A autora examina desde o mito do “homem cordial” até a crítica da ideologia da competência e do nacionalismo desenvolvimentista, buscando desvendar as formas sutis pelas quais o autoritarismo se infiltrou na democracia. Ao reunir esses textos, o volume incentiva a reflexão sobre a gênese do autoritarismo e inspira novas formas de combatê-lo.

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A “Introdução à Filosofia da Mitologia” de Vicente Ferreira da Silva representa uma ruptura com o subjetivismo e o antropocentrismo filosóficos, propondo um novo objetivismo onde o mundo espelha uma constituição transcendental ligada a um projeto original. A obra argumenta que a compreensão da religião e da mitologia só é possível ao superar o pensamento ancorado na condition humaine, inserindo essa nas forças instituidoras do Ser. O autor introduz a noção de um Ser transcendente como Sugestor e Fascinator, fonte de todas as possibilidades e cuja manifestação primordial se dá na Mitologia, compreendida não como criação humana, mas como a vida prototípico-divina e a abertura de um regime de fascinação. Nesse contexto, o ente, incluindo o ser humano, é visto como sugerido e fascinado pelo Ser, sendo a própria ideia do homem uma sugestão aórgica [não posto pelo homem], ou seja, não posta pela liberdade humana. A verdadeira objetividade reside no reconhecimento desse oferecer transcendental do Ser, exigindo uma superação do hominismo para uma sabedoria do transumano.

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Antônio Braz Teixeira

As obras de Vicente Ferreira da Silva são revistas, com ênfase na sua filosofia da mitologia na última fase do seu pensamento, marcada por uma crítica ao antropocentrismo em favor de uma compreensão do ser ligada ao mito e ao sagrado. O seu percurso filosófico é apresentado em três momentos: um inicial interesse pela lógica matemática, seguido por uma fase antropológica e existencialista, culminando na sua original filosofia da mitologia e do sagrado, que valoriza o mito sobre o logos e explora a relação entre o Ser, os deuses e a experiência humana. A análise abrange desde a sua conceção da morte e da intersubjetividade até à sua visão da história, da arte e da religião, culminando numa onto-teologia que prioriza o mítico-poético como acesso à verdade do Ser.

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George Agostinho Batista da Silva - Porto 1906 - Lisboa 1994.

O trabalho doutoral resenhado confronta a alegação de Oswald Spengler de que as civilizações greco-latinas careciam de um sentido histórico em comparação com os egípcios. O texto argumenta, através da análise de mitos, história, arte e ciência, que os gregos e romanos possuíam uma consciência do passado e do futuro, refutando as ideias de Spengler. A discussão explora a interpretação de lendas, o desenvolvimento da historiografia, as escolhas de materiais artísticos e os avanços científicos dessas culturas, apresentando evidências que contradizem a visão de um anistoricismo [falta de sentido histórico] greco-romano. Em contraste, o texto também aponta a presença de elementos míticos e imprecisões históricas no Egito antigo, relativizando a suposta superioridade egípcia no sentido histórico.

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O Declínio do Ocidente de Oswald Spengler apresenta uma visão morfológica da história, comparando culturas como organismos com ciclos de vida predeterminados, distinguindo a fase criativa da cultura da rígida civilização. A obra explora as “almas” distintas das culturas, como a faustiana do ocidente, caracterizada pela busca do infinito e uma profunda consciência histórica, a apolínia da antiguidade clássica, focada no presente e na forma corporal, e a mágica do mundo Árabe, com sua visão dualista do espaço e do tempo. Spengler argumenta que o ocidente está em seu inevitável declínio civilizacional, comparável à Roma tardia, e que não há uma história linear da humanidade, mas sim ciclos culturais únicos, cada um com seu próprio destino, sendo a sua metodologia a morfologia comparada para identificar paralelos entre as diversas expressões culturais.

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O objetivo do experimento consiste em testar a capacidade dos modelos de linguagem artificial, conhecido também por Inteligência Artificial (I.A.), em construírem uma proposta com validade científica. Nosso problema consiste em considerar que se soubermos formular as orientações adequadas para o modelo de linguagem ele amplifica nossa capacidade de articulação conceitual, porém, sem esse conhecimento ele poderá produzir conteúdos falsos e sem validade.

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Far-se-á uma incursão aos excertos apresentados na obra “Língua e Realidade” do filósofo Vilém Flusser, explorando a sua tese fundamental de que a língua não apenas descreve, mas ativamente cria a realidade. A reedição comemorativa da obra é destacada, juntamente com o seu impacto duradouro e a análise aprofundada da relação intrínseca entre linguagem, pensamento e o mundo que percebemos. Flusser investiga como diferentes línguas estruturam distintas compreensões da realidade, examinando conceitos como tempo, causalidade e potencialidade através de comparações entre o português, alemão, tcheco e inglês. Adicionalmente, os textos abordam a natureza da tradução, a multiplicidade das línguas e a função da poesia e da ciência na formação da nossa experiência da realidade. A obra seminal de Flusser é apresentada como um ponto de partida crucial para a sua posterior exploração da filosofia da comunicação e da imagem.

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A obra apresenta uma exploração multifacetada dos gestos humanos como manifestações do nosso estar no mundo. O autor examina diversos gestos específicos, como fumar cachimbo, pesquisar, pintar, usar vídeo, fazer e escrever, para revelar as intenções, valores e estruturas subjacentes às nossas ações. Através dessa análise, o texto investiga a relação entre liberdade e determinação, a evolução cultural dos gestos e as possíveis crises existenciais refletidas em suas transformações. A obra propõe uma nova abordagem metodológica para compreender a condição humana através da observação e interpretação dos gestos.

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