Os primeiros Jônicos e a questão do “principio” de todas as coisas

Os primeiros Jônicos e a questão do “principio” de todas as coisas

O Fogo

Prof. Me. Cídio Lopes de Almeida

 

Fragmentos utilizados para fins de leitura didática sobre história da Filosofia. Retirados da obra de Giovane Reale. REALE E ANTISERI, 2007. p. 17. V. 1

“Tales de Mileto (fim do VII – primeira metade do séc. VI a.C) é o criador, do ponto de vista conceitual (mesmo que não ainda do ponto de vida lexical), do problema concernente ao “principio” (arché), ou seja, a origem de todas as coisas. O “princípio” é, propriamente, aquilo de que derivam e em que se resolvem todas as coisas, e aquilo que permanece imutável mesmo nas várias formas que pouco a pouco assume. Tales identificou o princípio com a água, pois constatou que o elemento líquido está presente em todo lugar em que há vida, e onde não existe água não existe vida.

“Esta realidade originária foi denominada pelos primeiros filósofos de physi, ou seja, “natureza”, no sentido antigo e originário do termo, que indica a realidade no seu fundamento. “Físicos”, por conseguinte, foram chamados todos os primeiros filósofos que desenvolveram esta problemática iniciada por Tales”.

“Anaximandro de Mileto (fim do VII – segundo metade do séc. VI) foi provavelmente discípulo de Tales e continuou a pesquisa sobre o princípio. Criticou a solução do problema proposta pelo mestre, salientando sua incompletude pela falta de explicação das razões e do modo pelo qual do princípio derivam as coisas.”

“Se o princípio deve pode tornar-se todas as coisas que são diversas tanto por qualidade como por quantidade, deve em si ser privado de determinações qualitativas e quantitativamente deve ser infinito espacialmente e indefinido qualitativamente: conceitos, estes, que em grego se expressam como o único termo, ápeiron. O princípio – que pela primeira vez Anaximandro designa com o termo técnico de arché – é, portanto, o ápeiron. Dele as coisas derivam por uma espécie de injustiça originária ( o nascimento das coisas está ligado com o nascimento dos “contrários”, que tendem a subjugar um ao outro) e a ele retornam por uma espécie de expiação (a morte leva à dissolução e, portanto, à resolução dos contrários um no outro.)”

“Anaxímenes de Mileto (séc. VI a.C.), discípulo de Anaximandro, continua a discussão sobre o princípio, mas critica a solução proposta pelo mestre: o arché é o ar infinito, difuso por toda parte, em perene movimento. O ar sustenta e governa o universo, e gera todas as coisas, transformando-se mediante a condensação em água e terra, e em fogo pela rarefação.” (REALE E ANTISERI, 2007. p. 17. V. 1)

 


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