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13 de novembro de 2012 por cidiolopes

Missão como com-paixão

Missão como com-paixão
13 de novembro de 2012 por cidiolopes

Síntese 5



Prof. Me. Cídio Lopes de Almeida
            A
idéia de missão oriunda do texto “Missão como com-paixão: por uma teologia da
missão em perspectiva latino-americana” 
tem dois aspectos que posso dizer tratarem um da ‘forma’ outra do
‘conteúdo’.
            No
que toca ao conteúdo, “compaixão” como motor ou fio condutor da missão, é
genial. Aliás, resolve grade parte de minhas inquietações no que toca ao
conceito de missão centrada em um jeito de fazer Igreja que não consegue se
desvencilhar da catequese ou escola dominical. Compaixão como foco da missão,
certamente, como irei abordar adiante, não se trata de um credo particular,
cristão, tentando se disfarçar de universal, pois a compaixão é de fato
universal e, portanto, o propósito mais ecumênico e inter-religioso para se
pensar uma missão.
             A segunda questão que destaco como
qualificativo do texto é a pesquisa quase filológica que o autor faz em torno
de vários termos como hesed, rahmim, hamal, entre outros. Preparando desse modo uma base sólida para se pensar de modo universal
a partir das Escrituras. Não dá para me furtar de citar o significado da
palavra hamal apresentado pelo autor:
“traduz a atitude de pôr a salvo alguém que está sob ameaça ou de um castigo
que pesa sobre esta pessoa. Esse sentimento ou atitude, portanto, se pode
entender, em último termo, como compaixão, misericórdia.”(Zwetsch. Disciplina
Temas de Missiologia. p. 5)
            Considerando,
portanto, a entrada nos meandros do termo compaixão o autor apresenta algo
mais. “A partir desta visão bíblica da compaixão de Deus, procurei associar
duas demissões do amor de Deus, a ‘compaixão ou misericórdia e a justiça’, para
chegar à idéia de “misericórdia divina” (Zwetsche. Idem. p.7) Nesse sentido, a
compaixão de Deus, ainda para Zwestsche, implica incidir na história dos
homens, e não se trata de mero palavrório. Pode-se dizer que o amor divino não
é uma atitude d’Ele para Ele, mas que se desdobra para os filhos d’Ele e por
isso mesmo implica em justiça. Não há amor sem justiça. Não há missão sem
justiça.
            O
amor de Deus, portanto, nos lança em mais outro passo das reflexões de Zwetsche,
a saber, a cruz e suas implicações. Zwetsche toma dois conceitos da teologia de
Leonardo Boff  que muito bem explica
isso. A idéia de “sub contrario”[1]
e “sofrimento da luta contra o sofrimento”[2]. É
de profunda comoção verificar a idéia de Boff, citada por Zwetsche, em dizer
que “lá onde não parece haver Deus, lá onde parece que ele se retirou: lá está
maximamente Deus.” Um primeiro estágio do que podemos dizer de “cruz” enquanto
um tipo de posicionamento do ser cristão. O segundo tipo é o não se comprazer
com essa percepção e, após ter compaixão com o sem-poder, partir para a luta de
libertação. Processo certamente muito complexo, pois os lugares onde o Poder
deixa ao relento não se tratam apenas de regiões ou topografias no mapa. É
comum verificarmos miserabilidade no mundo da subjetividade, o que implica uma
luta não só nos moldes das revoluções armadas, mas, sobretuto, uma luta
simbólica.
            No
âmbito da cruz e da subjetividade, só para termos exemplo da complexidade da
missão hoje, é comum o nosso modelo de sociedade do consumo querer banir o
sofrimento. Sofrimento no sentido proposto pelo texto objeto da presente
síntese, aquele que é a dor de abrir mão, por exemplo, do desejo insano da
violência. A recusa de ser violento mesmo com nossos algozes, para não falar de
várias outras dores. A dor nesse sentido é a tomada de consciência da condição
humano que é limitada frente ao ilimitado[3].
            Decorre
dessa percepção da cruz outro compromisso que é “uma luta pela vida”.[4]
Negar essa luta é querer se aproximar de cristo apenas no ‘sábado de aleluia’.
É fugir da “sexta-feira da paixão.” Por isso, e já retomando a questão de
verificar acerca da inovação do conceito de missão apresentado por Zwetsche,
que a compaixão pode ser considerada a forma mais apropriada de missão, pois
ter compaixão não exige que outro leia antes minha cartilha. Não cobra do outro
o pedágio de sorver do “meu Deus”. Compaixão é um ato universal de amor e
transcende as questões dogmáticas e sectárias. Ter compaixão é proteger o outro
como uma mãe faz com o filho.
            Em
termos de pensar uma missão estribada pela compaixão, posso citar o Instituto
Kora onde trabalho junto com minha esposa. Apesar de sermos uma clínica de
Psicologia de Grupo que também promove cursos de Filosofia, nossa preocupação
‘missionária’ está estribada no trabalho da subjetividade. Obviamente que estou
procurando aproximar a definição de missão de Zwetsche com uma prática
ordinariamente considerada como ciência humana. Porém, compaixão permite que o
trabalho sobre si, que não é exclusivo da psicanálise, tenha características
cristãs. Convidar alguém a superar seus traumas é uma “atitude de ir até lá” se
fazer junto e mostrar o caminho e que é possível vencer as desconfianças e
caminhar. Essa empatia fundamental é o amor.
            Por
outro lado, nessa missão psicanalítica também iremos encontrar os que não
querem ‘entrar em contato com os lugares mais recônditos da subjetividade’, os que
negam a cruz. Preferem viver alienado de si e se deixar afetada por traumas sem
inscrição simbólica apropriada. Em termos teológicos, preferem se aproximar de
Deus apenas enquanto esperança de Poder, mas jamais de compaixão.

[1]
Cf. Zwetsche. Textos de Missiologia. p.8
[2]
Cf. Idem. p.9
[3]
O texto síntese não constitui espaço para tal. Contudo, a título de nota, quero
registrar que a idéia de pecado original, citada no texto em síntese, não me
apraz. O contexto do debate seria a transição entre o medievo e a renascença.
Os termos em debate seriam a idéia de pecado original(e tudo que a Igreja fez
uso desse termo para o exercício do Poder) e a retomada pelos humanistas
renascentistas da dignidade humana. O livro que trata essa questão de modo
resumido e bem pontual é: WOORTMANN, Klaass. Religião e Ciência no
Renascimento. Brasília: Ed. Universidade de Brasília. 1997
[4]
Zwetsche. Idem. p.10
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