MAÇONARIA E IGREJA CATÓLICA:

Dialéticas Desiguais e o "Bovarismo Maçônico"

Esta crônica objetiva levantar algumas perguntas fundamentais sobre a Maçonaria e sua histórica relação com a Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR). Sem a pretensão sistemática de um tratado, proponho aqui um exercício meditativo, uma suspensão metódica de valores — tal como fizera Descartes — para examinar a realidade institucional brasileira.

A nossa hipótese central é provocativa: a Maçonaria se vê maior do que ela realmente é.

A relação entre o fenômeno polissêmico da Maçonaria e a Igreja Católica é marcada pelo desencontro. Historicamente, a Maçonaria navegou nos ventos da Filosofia Natural e do Iluminismo, sendo percebida — e combatida — como uma instituição monolítica e poderosa, uma "anti-Igreja". O Estado Papal, desde 1738, estruturou mecanismos de perseguição que ajudaram a forjar essa imagem de grandeza antagônica.

No Brasil, essa autopercepção grandiosa persiste. Contudo, ao compararmos friamente as estruturas, notamos uma disparidade aguda. Enquanto a Igreja Católica (ICAR) construiu universidades, escolas, hospitais e marcos culturais profundos, as múltiplas maçonarias brasileiras, ao longo de mais de 120 anos, não lograram promover um único projeto universitário robusto.

Este artigo investiga se a Maçonaria brasileira, ao se enxergar pelo espelho do seu "inimigo" histórico, não teria caído em uma armadilha de identidade, perdendo a capacidade de dialogar com o presente e com as novas gerações.

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