Nietzsche é um filósofo alemão muito apreciado entre nós brasileiros. A ideia de formação em filosofia decorre em partes do seu pensamento. Especialmente dos seus primeiros escritos, entre eles “O Nascimento da Tragédia a partir do espírito da música”, “Sobre o futuro de nossos estabelecimentos de ensino e Schopenhauer como Educador”.
Outras fontes para fazer uma diferença qualitativa entre informação filosófica e formação filosófica decorrem da nossa própria experiência no meio acadêmico de Filosofia. Na verdade da percepção de que entre os profissionais de Filosofia não só a didática é negligenciada, mas chega mesmo haver um culto à uma ação anti-didática e tudo o que concerne à pedagogia.
Formação em Filosofia é uma proposta que concebe os conhecimentos filosóficos como algo a ser exercitado. Proposição que vai para além de uma rápida ideia de “utilizar” os saberes acumulados sob essa divisa ao longo de mais 2500 anos. Pretende-se também ir para além de uma mera aquisição de informação sobre filosofia, fartamente encontrada nos meios eletrônicos.
Filosofia como exercício é uma proposta que propicia aos participantes não só ter acesso e habilidades de interpretações dos textos clássicos, mas ser capaz de produzir pensamentos próprios e saber se posicionar criticamente acerca dos vários sistemas filosóficos existentes.
A exemplo da ginástica física, exercitar em filosofia é um projeto perene, sem data de término.
Essa proposição de formação cultural não consiste uma novidade sem referência na história da Filosofia. As Escolas Filosóficas entre os Gregos Antigos (+- século V a.C) e mesmo no período histórico denominado Helenismo (+- século IV a.C à século I d.C) tinham tal característica de comunidade de exercícios filosóficos.
Dentre as Escolas Filosóficas da Grécia Antiga, ressaltamos aquele fundada por Platão. Hoje conhecida como Academia de Platão, na época apenas um local tranquilo de estudos filosóficos dedicado ao deus ático Hakademos. Tal escola durou 9 séculos, sendo fechado em 529 d.C., pelo imperador bizantino Justiniano I. Como marca muito apreciada entre nós modernos a Academia não tinha um princípio, a exemplo das Escolas Pitagóricas que determina o número como base de tudo, mas apenas o compromisso de buscar a verdade ou o empenho em saber sobre tudo o que nos cerca.
Por fim, a formação em geral e em Filosofia não pode ser “doutrinação” de um dado sistema de ideias. (Hoje seria esquerda ou direita) Qualquer proposta que assim se apresentar tende a ser uma catequese e não uma Andragogia(Pedagogia de adulto), aliás, até mesmo os cristianismo nascente (séculos I – III) tinha tais métodos e o nome era mistagogia (uma pedagogia do mistério), pois tinha na base da discussão livre de ideias a marca fundamental. Sem pressão por optar por esse ou aquele sistema de verdade, valorizando muito mais o ato de se encontrar de debater ideias.
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