FÍSICA E POESIA NO TIMEU DE PLATÃO

FÍSICA E POESIA NO TIMEU DE PLATÃO

Física e Poesia no Timeu de Platão

FÍSICA E POESIA NO TIMEU DE PLATÃO *

 

* Este estudo foi apresentado em uma conferência na Universidade de Neuchâtel em 19 de junho de 1979. Nota  da tradução: Sempre que aparecer [ ]  serão nossas adições para auxílio nos termos em gregos.

 

Texto original em: REVUE DE THÉOLOGIE ET DE PHILOSOPHIE, 115 (1983), P. 113 – 133

 

 

Pierre HADOT

Tradução

Cídio Lopes de ALMEIDA

Doutorando Ciências das Religiões

Faculdade Unida de Vitória

Bolsista FAPES

 

HADOT, P. Física e Poesia no Timeu de Platão. Trad. Cídio Lopes de Almeida. AMF3 Escola de Filosofia: São Paulo. 2023. Disponível em: https://amf3.com.br/fisica-e-poesia-no-timeu-de-platao . Acesso em (dd/mm/aaaa)

 

 

Muitas vezes foi dito que o Timeu era um poema, ou até mesmo um romance[1]. Gostaríamos de desenvolver aqui algumas reflexões sobre o gênero literário desta obra de Platão. Após analisarmos brevemente o conteúdo e definirmos o Timeu como uma espécie de “Gênese”, tentaremos esclarecer o significado do modo de exposição que Platão utiliza no diálogo e ao qual ele dá o nome de “eikos logos“, ou seja, “discurso de verossimilhança”. Em seguida, vamos nos concentrar em mostrar a razão por trás dessa escolha: o domínio da physis é um domínio divino que escapa a qualquer conhecimento preciso por parte do ser humano. Somente a poiesis (criação artística) da linguagem humana pode tentar imitar a poiesis divina. Nesse sentido, perceberemos que a ficção literária é concebida por Platão como uma espécie de oferenda religiosa, que é ao mesmo tempo um jogo que responde ao jogo divino. Finalmente, encerraremos com breves alusões à história do tema literário que o Timeu impôs a todo o Ocidente, o do poema cósmico.

 


[1]  Cf. F. M. CONFORD, Cosmologia de Platão, O Timeu de Platão, Londres, 1937, p. 31: “O Timeu é um poema, tanto quanto o De rerum natura de Lucrécio, e de fato ainda mais em certos aspectos.” P. Shorey, Platão, Lucrécio e Epicuro, em Harvard Studies in Classical Philology 11 (1901), p. 206: “O Timeu e o De rerum natura foram ambos compostos sob a inspiração imediata dos poetas-filósofos pré-socráticos. Eles são ‘Hinos do Universo’ mais do que inventários áridos de fenômenos. Guiados por alguns grandes pensamentos, sua retórica majestosa varre todo o campo do conhecimento, desde as origens do mundo até as doenças do corpo humano. Ambos abordam a investigação da natureza com um espírito de alegre admiração e reverência. Ambos se emocionam com a beleza do cosmos, a glória do conjunto das coisas, que se reflete em uma intensidade sustentada de ritmo, dicção e imagens vívidas.” R. Helm, O Romance Antigo, Göttingen, 1956, p. 8-9; Th. GOMPERZ, Pensadores Gregos, II, 3, 3ª ed., Leipzig, 1912, p. 475.

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

error: Conteúdo autoral!
%d blogueiros gostam disto: