Certamente temos estrutura psíquicas que não mudam facilmente. O lado positivo disso é que conseguimos nos manter em meio a tudo que é a vida. Se a consciência tivesse poder em interferir nessa dimensão do nosso ser psíquico, um desejo que habita todos nós quando tentamos apreender uma língua nova ou a fazer dieta, certamente não existiríamos; seríamos um reflexo radical do meio;
Portanto tais estruturas que podem ser vistas do ponto de vista da patologia na psicanálise, pode ser também motivo da nossa existência enquanto identidade. Contudo, e nesse ponto o acerto dos freudianos, é possível lapidar tais estruturas em um trabalho lento e de longo prazo, pois como o nome já diz, são estrutura que acomodam nossas experiências subjetivas e elas podem não só ajudar.
Como mudar tais estruturas? Como ser o homem que transcende tais estruturas? um dos temas do livro.
Existem várias proposições na sociedade que procuram atuar nesse campo. As Igrejas me parece ser uma das mais antiga; a ideia de “ser renascido em cristo”, ideia cultiva lá entre os primeiros cristãos, é algo do tipo; Esse renascer é uma mudança radical de tais estrutura subjetivas; claro que pensadas em outros termos naquele contexto.
Ainda na lista de lugares que propiciam mudanças de nossos traços inconscientes, podemos lembrar de grupos ditos esotéricos como maçonaria, teosofia e outros. Não podemos esquecer que as técnicas de meditação, que desenvolve toda uma atenção na respiração, também são meios para tal mudança.
O fato é que mudar as estruturas psíquicas que vamos construindo ao nascermos não é algo fácil; também escapa à formulas precisas e tal mudança é iniciática, pois por iniciático, seja no cristianismo ou em qualquer outra religião, está posto a ideia de renascer novamente, ou seja, nascer novas estruturas psíquicas. Nos termos da teologia cristã católica é “nascer em cristo”.
Se nessas tradições religiosas o tema é posto e tematizado não quer dizer que todos que fazem parte dela já sejam “iniciados”. No contexto da religião católica será fácil encontrarmos lideres denunciando que partes da comunidade não vivem como cristãos, ou seja, apesar de terem passados por rituais de iniciação levam uma vida como antes. A mesma coisa pode ser verificada na psicanálise ou na maçonaria. Estar nesses lugares pode ser indicativo que se procura tal iniciação, mas não que se possui tal estado.
Em geral os místicos são pessoa que fizeram tal mudanças; e não há como popularizar seus caminhos.
No livro de Rollo May ele indica que para mudar temos que prestar a atenção na Vontade e no Amor. Estou aqui referindo-me ao autor de modo livre, mas o que destaco é sua indicação para os temas da Vontade e do Amor.
Em resumo, a vontade na Filosofia é um tema que pode ser pensado como aquilo que nos constitui; desde as partes físicas às psíquicas. Não quero aqui adentrar na longa tradição da psicanálise no trato do tema, mas a vontade, em uma de suas ramificações, é aquela parte de nos permite permanecer atento à algo. A famosa concentração. Sem uma vontade que se empenhe ao longo do tempo em um projeto, pouco faremos. Se a cada segundo interessarmos por algo; nos deixar ser interpelado pelo consumo por exemplo, pouco iremos prestar atenção em nós mesmo. Esse estar consigo, muito bem trabalhado na meditação, é uma vontade perceptiva de si; esse culto precisa se estender ao longo do tempo.
No que toca ao amor, temos a filia, o eros e o ágape. Dos três, o ágape é uma ação sem interesse; seu motivo parte de um indivíduo cheio que deseja partilhar; não espera nada em troca(filia) ou sente falta de algo(eros), mas está transbordante e por isso age. Vontade que se concentra sobre o existente e ao fazer esse exercício se vê definido, preenchido de sentido e por isso saí de si em direção ao mundo.
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