Consiste em algo que faz lembrar o mito de cronos, que devora os filhos para não ver eles assumirem o seu lugar.
Em geral, isso é comum nas classes pobres, onde os filhos são vistos como “aposentadoria” pelos pais. Para muitos isso pode ser designado como messianismo, isto é, a idéia de que todos os projetos frustados será realizado por um messias. Enquanto o messias com M não vem, todos os filhos são messias e assumem o lugar de realizador dos fracassos dessa vida.
Um filho que se lança na vida com essa responsabilidade não consegue se desgarrar. São pessoas muito responsáveis para testar novas formas de vida e se veem presas, pois carregam o fardo de “tomar” conta dos país. É uma asfixia da tradição.
Em geral, nesse modelo de cultura, tão logo o filho faça 15 anos o mesmo já é visto como fardo para ser “carregado”. Nessa idade é comum o jovem ser grande e necessitar de muito alimento, precisa de dormir além da conta, pois seu processo metabólico precisa que o corpo repouse.
Elementos que são visto por esses familiares como sinal de vagabundagem. Os adultos a volta do jovem acaba por fazer uma performatividade linguística na qual inscreve o jovem no lugar de “vagabundo” culpado pela desgraça “de vida” que eles, seus pais, levam.
Inculcado esse modelo na cabeça do jovem, a culpa lhe corrõe e os estudos, o cuidado de si, serão preteridos por um cojunto de fazeres utéis.
De certo modo esse jovem nunca cuidará de si. Estará em uma primeira fase cuidando dos país, depois dos filhos recém nascidos. Como não houve cuidado de si, o vazio logo irá bater na porta desse jovem que agora é adulto. O processo irá se repetir, pois esse adulto irá jogar o projeto de realização que ele não fez nas costas de seus filhos.
É preciso por um freio nesse processo. É preciso praticar a indiferença para com os pais. É preciso ter em mente que é preciso abandoná-los para poder interromper um ciclo que nunca tem fim e sempre decaí.
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