O que é ser iniciado?

O que é ser iniciado?
Detalhe de edificação em frente ao Museu do Louvre – Paris/FR
 

 

O que é ser iniciado?

 

Prof. Me. Cídio Lopes de Almeida

Mestre em Filosofia.

 

Introdução

 

O ensaio tem como tema a iniciação e objetiva, através de argumentos, elucidar, ainda que em linhas gerais, do ponto de vista da Filosofia, o que é isso. Apontando, como efeito, para uma via passível de executar esse propósito de vida, isto é, ser iniciado.

 

Palavras-chaves: Filosofia, iniciação, maçonaria

 

 

1. O que é ser iniciado?

O termo pode ser aplicado a um domínio específico ou no geral. Iniciar algo, em sentido genérico, pode ser começar a fazer um curso ou aprender a ser padeiro. Em sentido mais restrito, podemos dizer que ser “batizado” em uma Igreja Cristã ou outra tradição religiosa se trate de um ato de iniciação.

Porém, o termo tem tomado o sentido de ser alguém entendido em assuntos esotéricos. Mesmo o batizado das Igrejas Cristãs, talvez por ser a religião hegemônica, não carrega a ideia de iniciado.

Em termos religiosos, não apenas esotéricos, iniciar-se ou ser iniciado é um estado pessoal. Uma condição espiritual que faz da pessoa iniciada um participante de uma realidade distinta da realidade dos demais seres humanos. É como se o iniciado participasse de uma realidade, existisse em uma realidade que pessoas não-iniciadas, mesmo estando fisicamente ao lado do iniciado, não participam.

Existem duas possibilidades de pensar a Iniciação. Uma do ponto de vista da pessoa que é iniciada. A outra forma é de um bloco de saberes racionais e sistemáticos, que abordam o “fenômeno” ou “estado de espírito”, e estão contidos na ciência da religião, na filosofia e na teologia.

Para os interessados nessa abordagem racional do assunto pode-se dizer que há três caminhos. a) teologia e b) ciência da religião c) filosofia.

 

a)    A Teologia é o caminho do “crente” da pessoa que pretende estudar os assuntos vinculados à experiência religiosa e fazer a experiência. Portanto há um comprometimento em viver o que se estuda.

b)    A Ciência da Religião procura estudar o fenômeno religioso sem o compromisso do pesquisador em ser um “crente”. O Cientista da Religião é um homem de pesquisa e não um “crente”.

c) A filosofia, que será objeto ao longo de todos os nossos cursos, é a via racional que também aborda os temas em comum com as religiões, mas sem o compromisso do crente ou das ciências, abrindo-se, desse modo, para investigações um pouco mais ampla sobre o tema. Enquanto história, esse campo é bem antigo e tem seu começo na Grécia Antiga, lá pelo século VI a.C.

Em resumo do que seja ser um iniciado, temos uma última consideração que são sobre os livros que encontramos sobre o tema. Se entrarmos numa livraria ou mesmo “digitar” no google sobre “iniciação” encontraremos um tipo de literatura. São formas de abordar o tema muito diferente da nossa, pelo fato de que os autores que aí figuram produzem uma literatura não especializada. A oferta de livros nos quais o “crente” ou “adepto” é que escreve, no caso brasileiro sobretudo, é numericamente muito maior e, portanto, mais comum de serem encontradas. Nesses caso o que advertimos que o “crente” tem sua liberdade para expressar sua experiência de fé, contudo, a abordagem filosófica profissional difere desse estilo e se dispõe a tratar o assunto de forma profissional. Por profissional se quer dizer uma abordagem que vai além do conhecimento de senso comum, articulando e compondo raciocínios em níveis complexos, não comuns no chamado senso comum.

 

2. Estado Espiritual versus Fenômeno Espiritual

Em Filosofia fenômeno é aquilo que toca a sensibilidade. Sensibilidade é todos os nossos sentidos. Olhos (visão), narinas (olfato), ouvidos (audição) , paladar(gosto) e tato (volume).

Estado Espiritual seria outra coisa. Seria como se a pessoa conseguisse chegar a conhecer algumas coisas sem passar pelo caminho dos sentidos. Os sentidos sempre precisam de algum elemento que os toquem. Esses elementos que aparecem aos sentidos são chamados de fenômeno. Os elementos que não nos apresentam recebem o nome de “coisa em si”. A coisa em si nunca se apresenta à nossa consciência via sentidos, apenas desconfiamos da existência delas. Alguns apostam que podemos ir por caminhos outros até ela. Schopenhauer, filósofo alemão dos fins do século XIX, dirá que podemos “acessar” a coisa em si via o nosso corpo, pois o corpo estaria imerso nessa “coisa em si”, e por isso, por essa relação especial entre o nosso corpo e o nosso pensar consciente, teríamos a chance de acessar o aparente inacessível da realidade.

 

3. Experiência mística: uma contradição

Falar em iniciação é o mesmo que dizer de mística. E por mística também podemos falar que seria uma área de estudos da Filosofia. Viver a vida cotidiana perpassada por “Filosofia Prática” é considerado por nós como viver segundo uma espiritualidade; e por espírito e espiritualidade consideramos tudo o que nos compõe como seres humanos que não seja nosso corpo físico.

Considerando a definição do que seja fenômeno, aquilo que se mostra aos sentidos, e estado místico, não se pode falar de experiência mística, pois toda experiência passa pelos sentidos. O que ocorre com o iniciado ou místico excede isso.  O místico parece cortar o caminho e acessar diretamente outras realidades sem fazer uso dos sentidos. E em alguns casos, o místico até mesmo parece deixar a razão de lado.

Nesse sentido iremos encontrar pessoas que sem explicação fazem coisas fora do “normal”. Jacob Boheme, um místico medieval da Alemanha, era sapateiro, mas escreveu várias obras místicas. Observando a vida dele e os livros produzidos por ele, parece ser algo impossível de ser.

Esse tema é delicado, pois o risco de tentar explicar aquilo que foge a razão, que foge ao que chamamos de normal, corre sempre um risco.

 

4. Os tipos de místicos

Os místicos ou iniciados utilizam de linguagens muito complexas, isso ocorre pelo seguinte. Ao saltar a própria razão e alcançar realidades para além dos habituais, será normal que a linguagem seja outra. Se pensarmos que esse fenômeno ocorre mesmo em qualquer curso superior, após ser iniciado em economia, em direito, em engenharia, entre outros. O que é também corrente nesse caso específico da espiritualidade.

Segundo um renomado pesquisador da mística judaica, Gerson Scholem, existem místicos que preferem se isolar. Deixar o convívio dos humanos, pois a tarefa de tradução, isto é, pegar o que ele ‘experimenta’ misticamente e falar isso para que outras pessoas compreendam, é profundamente enfadonha e o mesmo prefere se isolar.

Para outros, ainda segundo Scholem, entre eles Jesus Cristo, o fenômeno da iniciação é um chamado a revolucionar a vida dos demais humano. É clássico nos Evangelhos, que significa justamente ‘boa-nova’, Jesus sempre dizer da necessidade de um “reino de justiça”, da implementação do “Reino do Pai”, metáforas para dizer que seu projeto implicava “mexer” com as pessoas em suas vidas reais e cotidiana.

No âmbito da filosofia, será frequente falar de Sócrates como esse profeta que resolve provocar sua comunidade no sentido de uma mudança. Nos dois casos acima, daqueles que fazem descobertas de novas realidades e desejam partilhar com os seus contemporâneos, não será incomum serem eles alvos de perseguições e mesmo assassinatos. Tornando uma via que exige muita força e coragem e menos frequente haver sábios que optem por ela.

 

5. A iniciação.

Infelizmente não há como “iniciar alguém”. Essa é a grande verdade das iniciações propiciada pelas instituições. Seja na Maçonaria ou na Igreja Católica, na Eubiose, na Rosa-cruz, na Umbanda, e mesmo na vida Universitária. Existe certas disposições materiais, como uma boa biblioteca, bons professores, mas o toque final dependera do aluno.  Por outro, sem dúvida é importante haver certos elementos externos que crie a situação ideal para a iniciação.

Nesse contexto, surge o ritual de iniciação (batizado) como ação litúrgica que conduz a pessoa a estados mentais, capazes de produzir nelas uma revolução na maneira dela ver o mundo. O teatro ou liturgia é, portanto, uma técnica exterior à pessoa que procura dispor certos elementos didáticos à sua vista, com a intensão de produzir na sua subjetividade dela certos pensamentos. Ideias que irão leva-la a começar a ver o mundo de outra forma. De forma filosófica, já que é justamente isso que preconizamos em nossa Escola de Filosofia Prática. 

É importante notar que para as sociabilidades filosóficas, e para nosso processo de Filosofia Prática, não se apregoa poderes extraordinários que estão foram da pessoa. Não se apregoa dinâmicas de iniciação que elimine a pessoa como sujeito que sempre decide, que pensa racionalmente. Todo e qualquer processo só ocorre de modo lento e construído racionalmente. O professor não obriga o aluno a prender e ele aprende. Cabe a nós apenas mobilizar as melhores técnicas pedagógicas, o resto é do estudante.

A Igreja Católica, por outro lado, elabora uma teologia que pretende percorrer outro caminho. Pelo gesto do padre a Igreja diz executar uma ação que impõe ao outro um estado de espírito. Nesse sentido o padre tem um poder mágico e que a Igreja advoga ser fruto da seguinte cena. Jesus “ordenou” os apóstolos. Jesus é o próprio Deus. Dos apóstolos ao padre houve uma sucessão de imposição de “mãos”. Esse movimento se repetiu até chegar ao padre que acaba de efetuar o batizado. Denomina a isso de “apostólico” ou sucessório. Nesse contexto é como se o próprio Jesus Cristo estivesse impondo as mãos sobre a criança.

Essa cena é discutível nos dias de hoje, e não é exclusividade da Igreja Católica, se faz presente nas várias denominações cristãs, guardadas variações, ou mesmo em tradições dita anímicas. Outrora, especialmente na Idade Média, discutir esse fato era pedir para ser morto por heresia, felizmente em nossos dias e no contexto do chamado mundo ocidental, não mais.

Por iniciação simbólica, que nossa metodologia, assume-se que apenas se propicia parte do processo à pessoa que deseja ser iniciada. O restante cabe à pessoa completar. Pode-se criar as condições, mas não dá para fazer algo que só cada um pode fazer.

É como se comprássemos o caderno e o lápis. Arrumássemos o lugar, mas não conseguimos fazer a pessoa ser alfabetizada, somente ela é capaz de se tornar alguém que sabe escrever.

Nossa metodologia de estudos AMF3 comporta uma fase de aquisição de informações e formação intelectual, podendo ser finalizado, depois do período necessário de formação intelectual, ser submetido a uma dinâmica de grupo específica, que finaliza essa introdução ao mundo da filosofia como uma prática de vida.

 

6. Os instrumentos para se iniciar

 

A auto iniciação é um tema complexo e pessoalmente não consigo argumentos favoráveis. Especialmente em épocas que iniciação virou uma fonte de ganhar dinheiro. Geralmente a iniciação se dá em uma comunidade e nunca só, pois será no convívio fraterno e no desafio da vida comunitária que iremos fazer outro tipo de experiência humana. De todo modo, uma iniciação implicará ao menos duas pessoas, isto é, um mestre que inicia um discípulo.  Considerando a historia infantil do gato e da onça, o “pulo do gato” não é ensinado de qualquer forma. Dessa história podemos pensar que só um professor, numa relação fraternal com seu aluno, e já nas condições de mestres e discípulos, poderá haver a transmissão de um saber muito valoroso e guardado para os mais próximos, os mais íntimos. Esse princípio se aplica de resto em qualquer fazer da vida humana, certos aprendizados só ocorrem por haver proximidade de longa data entre o que ensina e o que aprende; e a força do aprendizado decorre justamente daí.

Ser iniciado não é negar a condição de humano, pois o tema pode as vezes remeter a ideias populares de alguém retirado, ao contrário, é encontrar uma faceta do humano que o justifique e exalte a sua importância. A iniciação, portanto, não é uma patologia do tipo “síndrome do pânico”, mas um novo olhar sobre a condição humana e da realidade no seu entorno. É uma “revelação” ou “encontro” de uma nova verdade que diz da importância e do caráter impreterível da condição humana, da importância da singularidade de casa indivíduo humano. E justamente por isso é um tema cativante.

Mas na cultura de massa e de consumo, da qual também estamos imerso, que vivemos nos dias de hoje, sempre é um desafio a vida em comunidade. Viver nos moldes de hoje pode ser um deserto. No metrô de qualquer parte do mundo não encontramos pessoas, mas um outro indefinido que perde a própria condição de Outro enquanto humano.

Posto esse desafio de que não há outro com quem conviver, algumas comunidades, como os Essênios, os Quaker, os Amsher, a Maçonaria, etc, procuram construir essa comunidade em vistas de criar o espaço necessário para se levar uma vida de iniciado. Não se quer criar uma comunidade de melhores, mas apenas e tão somente uma comunidade de fato e não mero aglomerado no qual o indivíduo desaparece.

    A comunidade que cada uma dessas sociabilidades deseja tem lá suas diferenças. Alguns preferem o isolamento, já outros encontram justamente no desafio de estar no meio dos demais a forma mais apreciada de viver sua iniciação. Porém, nos dois casos, se estabelece comunidades, seja por extensão física, seja por extensão de palavreado, de termos que só são compartilhados pelos pertencente aquela comunidade. Aliás, o chamado “clichê de área”, uma espécie de gíria, já é um tipo de formar comunidade. Sem esquecer do grande dito de Fernando Pessoa: “minha pátria é a língua portuguesa”.

O próximo elemento, depois da comunidade, é o número três (3). Sem muito alarde, três é um número muito corrente nas tradições esotéricas, que sempre remonta a Pitágoras e, algo mais documentado, às Escolas Pitagóricas. O sentido do número três se dá quando tomando como representante de três situações, e não mera quantidade. Aliás, de resto será comum a matemática ser tomada não no seu sentido quantitativo, mas qualitativo. A título de exemplo, a esfera, que pode ser representada em geometria plana como um círculo, é tomada, entre os filósofos pré-socráticos, qualitativamente ou conceitualmente como sendo símbolo de perfeição, pois não tem principio nem fim, e algo assim só pode ser perfeito.

Em geral, dentro do que chamamos cultura de massa ou da televisão, as pessoas não conseguem pensar nada que seja complicado. A esse modo simplista dizemos uma expressão popular: “é oito ou oitenta”, isto é, as pessoas simples pensam de modo simplista e os fatos só podem ser de dois modos. O número dois (2) nesse sentido é tenebroso, pois quem pensa apenas de forma binária deixa de ver muita coisa da realidade. Para o povo um fato só pode ser bom ou mal. Não se consegue ir mais além, ver a complexidade do presente. Verificar que “esse fato” é fruto de muitos outros ao longo do tempo.

Um exemplo banal é verificado nas chuvas e cheias provocadas pelos rios. As vezes as pessoas recebem uma noticia que na parte do rio que fica acima de sua casa houve uma cheia com elevação x do rio. Aquele que funciona de modo binários e que está abaixo teria condições de se retirar antes que as águas do rio subissem, mas ele só consegue agir quando vê no presente as águas entrando dentro de sua casa. Contudo, em uma visão mais complexa, temos que ir também além: aquela pessoa não se retira do lugar por não ter condições monetárias, e o constante ciclo de privação que vivência a torna também incapaz de tomar uma decisão que sempre esteve fora do seu repertório. Dois tipos de desprovimento, cultural e material, que resulta no flagelo e que seria aqui difícil de esgotarmos o problema, dado a sua complexidade, mas exemplifica de maneira satisfatória para o presente exercício de como é importante conceber o real a partir do número 3.

 

7 – O número três

Nos detendo um pouco mais nesse número fundamental, o três é o número do iniciado não por esconder uma magia ou poder fora do alcance do humano. De um ponto de vista didático, portanto de uma ciência, trata-se apenas de uma capacidade de olhar a realidade e se colocar nela. É preciso compreender que qualquer assunto precisa ser pensado sob três aspectos.

Se quero levar uma vida de iniciado devo fazer algumas perguntas que considerem três aspectos.

a)    Quem sou?

b)    Quem quero ser?

c)    Como faço para ser o quero ser?

Para trabalhar “quem sou?” o melhor é procurar um analista, pois se trata de um profissional apropriado e se espera dele auxílio para que possamos compreender a complexidade que é nossa constituição psíquica. Na Filosofia temos a Filosofia Clínica como cuidado que me parece eficiente e acessível a todos.

Quem quero ser pode ser trabalhado de várias formas e contar com a participação de profissionais que se destinam a fazer orientação profissional. Com frequência as pessoas se espelham noutras, nomeadamente nas pessoas dita de “sucesso”.

Como faço “para ser o que quero ser” no geral se procurar tornar aliado de outras pessoas, entrar numa dada faculdade, frequentar esse ou aquele lugar.

Essas três dimensões de nossa vida pessoal implicam num cuidado muito atento sobre nós mesmos. Se partimos na direção da realidade sem saber quais são nossos potenciais, vamos dispersar nossas forças. Se apelamos para as estratégias erradas, iremos produzir resultados que não desejamos.

Contudo, se tais processos tiverem claros, consigo dar os passos certos, aplicar a força certa; aproveitar o que tenho de melhor, saber o que são meus limites. Por esse motivo ser orientado adequadamente é a chave de ouro em qualquer projeto e nesse aqui em especial. No caso específico da Escola de Filosofia Prática, o 3 consiste justamente em saber articular essas três dimensões de investigação sobre si mesmo. Não sendo um “trabalho mágico”, mas pedagógico no qual o estudante é o autor e sujeito completo do processo.

As comunidades no geral e as filosóficas em especial são por excelência o lugar que aglutina todos os três pontos, criando uma totalidade dos fatos; amarrando tudo e dando sentido para a vida, o que não exclui recorrer em separado aos profissionais acima citados.

 

8. O erro básico dos postulantes

Não é censurável que as vezes desejamos algo em demasiado, e por esse desejo acabamos esquecendo em pensar “quem eu sou” e o “como faço para ser algo concentrando-se em quem “quero ser-ter”.

É comum nossa vida ser orientada na seguinte ordem: sustento – saúde – sabedoria. Sendo o último tópico deixado para bem mais tarde em nossa vida. Falando mais alto a dimensão do ter; sintetizada aqui na palavra sustento. Tal característica se faz presente em nossa vida, pois é inerente à condição humana. De fato, precisamos de respirar, morar, vestir, etc. A proposição da Escola de Filosofia Prática AMF3 é justamente articular essas três dimensões, propiciando método e conteúdo para se poder alcançar sobretudo a esfera da sabedoria, mas sem deixar de lado as duas outras dimensões.

O ponto mais fundamental é conhecer a si. Desse ponto é que se tem condições de pensar as estratégias para criar as condições necessárias a quem desejo ser. Esse exercício é quase impossível ser feito só. Sempre precisamos de alguma estrutura que nos auxilie; a mais barata é a terapia. Se compararmos com a estrutura empregada pela Igreja Católica, que dispõe para os seminaristas casa, comida, terapia, estudos, viagens, roupa, etc. Mas o fato é, nos dois casos esse trabalho ainda demanda muita infraestrutura.

As sociabilidades filosóficas, como concebemos no âmbito da AMF3, tem se empenhado justamente noutra via; solucionando os problemas de ordem estrutural acima indicado. Superando tanto os temas dos valores monetários, quando propiciando infraestrutura pedagógica e profissionalismo no trato desses aspectos da dimensão espiritual/filosófica das pessoas.

 

9. Considerações finais

A paciência e o trabalho sobre si constituem o passo que irá determinar se a pessoa é uma iniciada ou não. Muitos “iniciados” institucionais nunca serão iniciados, pois após passar por um ritual de iniciação, irão se contentar em participar de atividades sociais ou litúrgicas. Irão continuar a ver as coisas como sempre, e jamais irão captar facetas mais complexas das coisas. Serão eternos consumidores de modas esotéricas e estarão sempre atrás do guru da moda. Em geral essa é a pessoa mais corrente. Obviamente tal crítica tem o profundo desejo que todos mudem tal cenário. E ela só é feita por acreditar que é possível participar de sociabilidades ilustradas de outra forma.

Fraterno abraço

Prof. Me. Cídio Lopes de Almeida

São Paulo, SP.

 

 

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