Ainda
sobre o tema do universal e o particular: A
sobre o tema do universal e o particular: A
A propósito do “muro de Trump”.
Tenho
me ocupado e mesmo me esforçado para reposicionar o fazer filosófico. Na
graduação de filosofia e mesmo no mestrado em filosofia acabamos praticando um
tipo de filosofia. Aprendemos e exercitamos basicamente a escrever a dissertar
sobre temas filosóficos. O repertório filosófico é
amplo, pode tratar de política, religião, estética (mídia, filmes, romances,
teatro, etc); todos acabam por articular ideias gerais, tais como o “poder”, “a
percepção”, “gosto estético”, “ética” etc.
me ocupado e mesmo me esforçado para reposicionar o fazer filosófico. Na
graduação de filosofia e mesmo no mestrado em filosofia acabamos praticando um
tipo de filosofia. Aprendemos e exercitamos basicamente a escrever a dissertar
sobre temas filosóficos. O repertório filosófico é
amplo, pode tratar de política, religião, estética (mídia, filmes, romances,
teatro, etc); todos acabam por articular ideias gerais, tais como o “poder”, “a
percepção”, “gosto estético”, “ética” etc.
Desse
cenário generalista é que tenho me rebelado, é
angustiante se ver enquanto profissional de filosofia no qual o labor dessa
profissão seja apenas os comentários gerais sobre tudo; parece que estamos
sempre flutuando nas nuvens ou boiando na superfície do mar. O primeiro problema é que essa definição do que é a filosofia advém de
uma prática e não de uma reflexão sobre a mesma; que denominei fruto dos
“professores-bem-pagos” das “Universidades de Elite”, pois são delas que saem
os conteúdos publicáveis em forma de livros ou de
artigos em jornais. São deles as profusões de artigos, palestras e seminários e
que determina a carreira de filósofo.
cenário generalista é que tenho me rebelado, é
angustiante se ver enquanto profissional de filosofia no qual o labor dessa
profissão seja apenas os comentários gerais sobre tudo; parece que estamos
sempre flutuando nas nuvens ou boiando na superfície do mar. O primeiro problema é que essa definição do que é a filosofia advém de
uma prática e não de uma reflexão sobre a mesma; que denominei fruto dos
“professores-bem-pagos” das “Universidades de Elite”, pois são delas que saem
os conteúdos publicáveis em forma de livros ou de
artigos em jornais. São deles as profusões de artigos, palestras e seminários e
que determina a carreira de filósofo.
Uma aplicação desse problema do geral e do
particular pode ser dada com a política. Precisamente a eleição do presidente
dos United State
of America (Estados Unidos da
América). Tema problema levantado por José Geraldo Estevam, nosso colega de
graduação em filosofia.
particular pode ser dada com a política. Precisamente a eleição do presidente
dos United State
of America (Estados Unidos da
América). Tema problema levantado por José Geraldo Estevam, nosso colega de
graduação em filosofia.
Desse
problema tema a primeira questão, além de ser uma generalidade ou um tema
distante das pessoas comuns do Brasil, me parece ser
a dificuldade “conectá-la” à vida cotidiana das pessoas. Dos alunos, dos
leitores e nossa mesma enquanto professores de filosofia ou filósofos. Essa
ideia que nos parece ser obvia, quando olhada de perto ou quando “dividida” à
maneira de René Descartes, parece ser impossível.
problema tema a primeira questão, além de ser uma generalidade ou um tema
distante das pessoas comuns do Brasil, me parece ser
a dificuldade “conectá-la” à vida cotidiana das pessoas. Dos alunos, dos
leitores e nossa mesma enquanto professores de filosofia ou filósofos. Essa
ideia que nos parece ser obvia, quando olhada de perto ou quando “dividida” à
maneira de René Descartes, parece ser impossível.
Conectar
através de causa e efeitos tal evento à vida particular não é fácil. Em
primeiro lugar, supomos relações causais. E aqui posso discorrer sobre uma
possível relação entre Trump e pessoas singulares. Se consideramos os moradores de Conselheiro Lafaiete e região a
eleição de Trump pode ter efeitos perceptíveis já no primeiro semestre de 2017.
Qual relação existe? Oras, como região de extração e processamento de minério
de ferro, sendo fonte de emprego direto para muitos
lafaetenses (nascidos em Conselheiro Lafaiete), se Trump cumprir a taxação que
prometeu sobre produtos advindos do exterior, como forma de priorizar os
empregos dos cidadãos norte-americanos, as empresas do “quadrilátero ferrífico”
irão a bancarrota. Mesmo que mercados chineses e
japoneses ainda sejam grandes compradores, o Brasil tem uma relação histórica
de venda de ferro para os USA. Uma taxação como a prometida em campanha, como
estratégia de inviabilizar a venda do metal, iria criar o caos nessa “comodity”. Mas tais ideias ainda não comunicam muito, não
consegue chegar e ser útil ao
metalúrgico que perdeu seu emprego.
através de causa e efeitos tal evento à vida particular não é fácil. Em
primeiro lugar, supomos relações causais. E aqui posso discorrer sobre uma
possível relação entre Trump e pessoas singulares. Se consideramos os moradores de Conselheiro Lafaiete e região a
eleição de Trump pode ter efeitos perceptíveis já no primeiro semestre de 2017.
Qual relação existe? Oras, como região de extração e processamento de minério
de ferro, sendo fonte de emprego direto para muitos
lafaetenses (nascidos em Conselheiro Lafaiete), se Trump cumprir a taxação que
prometeu sobre produtos advindos do exterior, como forma de priorizar os
empregos dos cidadãos norte-americanos, as empresas do “quadrilátero ferrífico”
irão a bancarrota. Mesmo que mercados chineses e
japoneses ainda sejam grandes compradores, o Brasil tem uma relação histórica
de venda de ferro para os USA. Uma taxação como a prometida em campanha, como
estratégia de inviabilizar a venda do metal, iria criar o caos nessa “comodity”. Mas tais ideias ainda não comunicam muito, não
consegue chegar e ser útil ao
metalúrgico que perdeu seu emprego.
Outro
lugar que irá repercutir a eleição de Trump será na região de Governador
Valadares. Região do Leste do Estado de Minas Gerais
(Brasil) reconhecida nacionalmente como o lugar que mais se “exporta”
brasileiros para trabalhar nos USA. Certamente o tema Trump interessa vivamente
aqueles moradores de Valadares e regiões vizinhas; como filho da região, sei
que existem vários brasileiros dessa região morando
“ilegalmente” nos USA. Posto na categoria de “latinos”, certamente teremos
amigos e mesmo parentes deportados entre os 2 milhões prometidos por Trump.
lugar que irá repercutir a eleição de Trump será na região de Governador
Valadares. Região do Leste do Estado de Minas Gerais
(Brasil) reconhecida nacionalmente como o lugar que mais se “exporta”
brasileiros para trabalhar nos USA. Certamente o tema Trump interessa vivamente
aqueles moradores de Valadares e regiões vizinhas; como filho da região, sei
que existem vários brasileiros dessa região morando
“ilegalmente” nos USA. Posto na categoria de “latinos”, certamente teremos
amigos e mesmo parentes deportados entre os 2 milhões prometidos por Trump.
Nos
dois casos acima citados ambos são complexos de serem acompanhados. Dependem de muitos fatores e devemos reconhecer que não
conseguimos em nossas análises de filósofos prospectar todas as informações do
“geral ao particular”.
dois casos acima citados ambos são complexos de serem acompanhados. Dependem de muitos fatores e devemos reconhecer que não
conseguimos em nossas análises de filósofos prospectar todas as informações do
“geral ao particular”.
Os
limites do geral para o particular não estão só em coletar informações e
estabelecer relações lógicas do tipo como relacionar
o “muro de Trump” com
bloqueios afetivos de um metalúrgico. A questão também
se põe na própria obtenção das informações. Como já aludiu Adorno (filósofo
judeu-alemão do contexto da Segunda Guerra Mundial), a sociedade burguesa é por natureza fechada, ela por natureza não revela suas
informações mais preciosas; portanto, prospectar uma cadeia de causa e efeitos, o que nos garantiria relacionar o geral ao
particular, nesse campo é tarefa fadada ao
fracasso. E como solução para conhecer efetivamente a
sociedade burguesa ele já indicava o caminho da literatura como estratégia para
“ler” a realidade.
limites do geral para o particular não estão só em coletar informações e
estabelecer relações lógicas do tipo como relacionar
o “muro de Trump” com
bloqueios afetivos de um metalúrgico. A questão também
se põe na própria obtenção das informações. Como já aludiu Adorno (filósofo
judeu-alemão do contexto da Segunda Guerra Mundial), a sociedade burguesa é por natureza fechada, ela por natureza não revela suas
informações mais preciosas; portanto, prospectar uma cadeia de causa e efeitos, o que nos garantiria relacionar o geral ao
particular, nesse campo é tarefa fadada ao
fracasso. E como solução para conhecer efetivamente a
sociedade burguesa ele já indicava o caminho da literatura como estratégia para
“ler” a realidade.
Dizer
para um amigo de Valadares que Trump vai expulsá-lo ainda é geral demais.
Nomear as empresas que compram os tarugos de ferro da
Açominas ou lhe descrever a “Mobile Bay” (Bahia que fica no
Estado do Alabama; Cidade de Mobile onde se concentra fábricas de automóvel nos
USA; destino de quase 100% do ferro adquirido no Brasil – Minas e Pará) por onde entra todo o ferro adquirido do Brasil, creio não somar nada na vida particular do leitor ou
do nosso aluno.
para um amigo de Valadares que Trump vai expulsá-lo ainda é geral demais.
Nomear as empresas que compram os tarugos de ferro da
Açominas ou lhe descrever a “Mobile Bay” (Bahia que fica no
Estado do Alabama; Cidade de Mobile onde se concentra fábricas de automóvel nos
USA; destino de quase 100% do ferro adquirido no Brasil – Minas e Pará) por onde entra todo o ferro adquirido do Brasil, creio não somar nada na vida particular do leitor ou
do nosso aluno.
Esse
desafio não é só de filósofos, os ecologistas já cunharam a expressão “pensar
globalmente, agir localmente”. No caso do filósofo e de
seus temas, das suas “opiniões”, o desafio é o mesmo. Como pensar o “muro de Trump” lá no
México e a subjetividade? Como pensar os “muros” subjetivos, bloqueios
oriundos de questões afetivas? Porque em nosso psiquismo sempre queremos
expurgar o outro? Porque queremos sempre liquidar o outro? E por isso nas micro-relações nos valemos de expedientes
linguísticos que deprecia amigos, parceir@s?
desafio não é só de filósofos, os ecologistas já cunharam a expressão “pensar
globalmente, agir localmente”. No caso do filósofo e de
seus temas, das suas “opiniões”, o desafio é o mesmo. Como pensar o “muro de Trump” lá no
México e a subjetividade? Como pensar os “muros” subjetivos, bloqueios
oriundos de questões afetivas? Porque em nosso psiquismo sempre queremos
expurgar o outro? Porque queremos sempre liquidar o outro? E por isso nas micro-relações nos valemos de expedientes
linguísticos que deprecia amigos, parceir@s?
Creio
que esse movimento conseguirá sair do mundo das nuvens e pousar na terra. Ou
sair do “verbo” e se “fazer carne”.
que esse movimento conseguirá sair do mundo das nuvens e pousar na terra. Ou
sair do “verbo” e se “fazer carne”.
Outro
exemplo do problema da generalidade e que acaba por apagar as singularidades; e
com esse apagamento um tipo de dominação das individualidades, são os filmes produzidos nos
USA ou que passaram a utilizar o mesmo estilo. São filmes de catástrofes mundiais (isto é só os USA), guerras colossais, enfim, todos
negando a subjetividade e concentrando nos grandes efeitos, nas generalidades. Você não se vê
nos filmes ou, exemplo profundo da opressão, se sente possuído pela violência
ali retratada; maquiada, linda (Angelina Jolie – Ajo
Bonita?!); atrizes e atores magr@s, lind@s, dando saltos monumentais, porradas
que furam paredes. Enfim, toda uma estética que nega profundamente o singular,
nega mesmo a condição do humano, falsificando a própria percepção que podemos ter de nós como pessoa, corpo; músculos. Tais filmes, que acabaram com o realismo de
Bruce Lee, são máquinas de nadificação, são como “cavalos de Tróia – trojan” a
serem instalados no psiquismo dos indivíduos todos os dias.
exemplo do problema da generalidade e que acaba por apagar as singularidades; e
com esse apagamento um tipo de dominação das individualidades, são os filmes produzidos nos
USA ou que passaram a utilizar o mesmo estilo. São filmes de catástrofes mundiais (isto é só os USA), guerras colossais, enfim, todos
negando a subjetividade e concentrando nos grandes efeitos, nas generalidades. Você não se vê
nos filmes ou, exemplo profundo da opressão, se sente possuído pela violência
ali retratada; maquiada, linda (Angelina Jolie – Ajo
Bonita?!); atrizes e atores magr@s, lind@s, dando saltos monumentais, porradas
que furam paredes. Enfim, toda uma estética que nega profundamente o singular,
nega mesmo a condição do humano, falsificando a própria percepção que podemos ter de nós como pessoa, corpo; músculos. Tais filmes, que acabaram com o realismo de
Bruce Lee, são máquinas de nadificação, são como “cavalos de Tróia – trojan” a
serem instalados no psiquismo dos indivíduos todos os dias.
Doutro
lado, a filmografia francesa com seus temas micros.
“Prenda-me”, “Mate-me”, “La Loi du Marché”(traduzido como o Valor de um Homem), enfim, filmes que se
concentram nas questões do micro; do indivíduo. Não só os cenários são muito
mais em conta, mas os temas tocam a mim; ao sair da
seção você não se sente “nadificado” anulado pelas
megalomanias norte-americanas. O efeito estético não
é o da angústia, mas do exame de si; da verificação imediata do tema em si.
lado, a filmografia francesa com seus temas micros.
“Prenda-me”, “Mate-me”, “La Loi du Marché”(traduzido como o Valor de um Homem), enfim, filmes que se
concentram nas questões do micro; do indivíduo. Não só os cenários são muito
mais em conta, mas os temas tocam a mim; ao sair da
seção você não se sente “nadificado” anulado pelas
megalomanias norte-americanas. O efeito estético não
é o da angústia, mas do exame de si; da verificação imediata do tema em si.
Esse
papo ainda continua, pois em Espinosa a ideia de realidade se casa bem com o problema do geral e do singular. Quanto mais
sou oprimido, seja pela violência ou pelos discursos que nadificam o singular,
tenho minha realidade diminuída. Sem realidade para atuar, pois ela é atacada,
perco em qualidade de vida. A alegria em Espinosa é
exatamente essa expansão do meu eu; que se esparrama pela “rea-lidade”. A
nadificação ou o esquecimento do eu
nos discursos gerais tem produzido apenas angústia, que é exatamente a opressão
do tamanho do eu.
papo ainda continua, pois em Espinosa a ideia de realidade se casa bem com o problema do geral e do singular. Quanto mais
sou oprimido, seja pela violência ou pelos discursos que nadificam o singular,
tenho minha realidade diminuída. Sem realidade para atuar, pois ela é atacada,
perco em qualidade de vida. A alegria em Espinosa é
exatamente essa expansão do meu eu; que se esparrama pela “rea-lidade”. A
nadificação ou o esquecimento do eu
nos discursos gerais tem produzido apenas angústia, que é exatamente a opressão
do tamanho do eu.