O dono da bola

O dono da bola

Quem não lembra daquele dono da bola. Em geral não era o melhor jogador, mas era o dono da bolo.

O jogo começa e, claro, o dono da bola tem que estar no time. Como ele é o dono da bola, até mesmo já iam colocando ele no time com o melhor jogador, mas que não era o dono da pelota. Até as regras do jogo eram definidas pelo dono da bola. Algumas regras exóticas, mas fazer o que, se quisermos jogar, a bola era dele.

O problema era que mesmo ajudando o dono da bola ele perdia o jogo. Danou-se, ele recolhia a bola e ia embora.

Na política os donos da bola perderam e apelaram. Sempre estabeleceram as regras do jogo. Começando na ditadura civil-militar, os donos da bola na política até ganharam as primeiras partidas. Porém, quando eles viram aquele “pretinho” pobre fazer malabarismo com a bola, ganhar o jogo e ainda comemorar com a galera, os outros do mesmo lugar social, não deu. Estourou o ódio racista que estava escondido.

O ódio dos que estão querendo se mudar para Miami tem essa origem. Não podemos nos esquecer que lá em Miami, onde esses irão encontrar todos os Cubanos que odeia Fidel Castro, aquele governo permitia a segregação racial até inícios dos anos 70. Mas lá, onde esse incompreendido em sua própria pátria irá se aportar, ele será tratado não como preto, mas como latino; terá no entanto o mesmo desprezo pela elite branca daquele oasis da Democracia. Sempre louvado por Felipe Pondé e Reinado Azevedo.

Esse “ame ou deixe-o” as avessas, é típico do discurso do menino que é dono da bola e perdeu o jogo. É fundamentado no racismo histórico desse país. Que pensa que pobre e nordestino é a causa da pobreza e não, por exemplo, a prática sistemática nos grandes centros urbanos daquela maldito hábito português: viver de renda – o implica fazer especulação “ativos imobilizados”, isto é, ter viver de “aluguel de casa”. Um pais de “empresários” que não empreendem lá muito bem; claro, os que assim decidem fazer irão encontrar o emaranhado de leis que certamente já começa lhe quebrando.

Lobão, vá para Miami, mas quando quiser voltar, pode voltar. Não estamos na ditadura, você é livre tanto para ir, quanto para voltar. Você também é livre para ter seu ponto de vista; até dizer que a Dilma ganhou por causa de analfabetos. Esse valor certamente não são os da ditadura civil-militar que muitos dos seus candidatos diletos tiveram participação direta ou indireta. (Claro, hoje todos eles também dizem que lutaram pela democracia.)

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