Em primeiro lugar é que em princípio estudar em períodos intensos, no caso férias, não implica qualidade A ou B. Vejamos o PREPES da PUC MG, que ocorre desde de 1975 e atualmente conta até com mestrado em ensino de matemática. Detalhe, sempre nas férias.
Se lançarmos olhos sobre alguns sistemas da “metrópole”(França, Italia, USA) veremos que há algo parecido. Então de início o que rola é pré-conceito mesmo. Descobrimos que no Brasil de hoje praticamos o mesmo que o USA prática. Somos etnocentricos e aqui dentro “Saopaulocentrico”.
Porém, não dá para sair desse ponto de vista e cair em outro. Por exemplo, temos o Uruguai com índice de escolarização idêntico aos países “metrópole”, comparado a famigerada Suécia. Mas do seu lado, o Paraguai não conta com uma realidade acadêmica tão favorável.
No caso da Argentina podemos dizer que há um excelente sistema público de ensino superior. Especialmente na Graduação. Se consideramos que há uma ampla oferta de universidade públicas; como as datas de suas fundação. (Universidad Nacional de Cordoba 1613…)
Por outro lado há uma realidade na pós-graduação bem distinta da que há no Brasil. Já li que nessa esfera do saber quem paga a conta são as próprias pessoas e o governo participa muito pouco nela.
Ora, se pensarmos em pesquisas que exigem laboratórios, produtos, etc., isso compromete o trabalho. Pois não se faz um laboratório no fundo do quintal. E as críticas que li foram nesse sentido; o governo se retira por completo da pesquisa; financiando muito pouco. Enfim, mas preciso dizer que esse tema desperta minha atenção e não possuo muita informação sobre ele. As mesmas foram obtidas por ocasião de um visita que fiz na Universidade Nacional de Lanus, na grande Buenos Aires.
O que me chamou a atenção foi um certo caráter aberto para acolher o tema o candidato a doutorado. Acho positivo, mas devemos lembrar que aí reside a armadilha para os brasileiros. Mesmo aqui em São Paulo, onde em algumas faculdades é muito tranquilo entrar no mestrado, desde que você tenha 2000 reais mensais para a mensalidade. Mesmo nessas há o mesmo problema lá da Argentina; Fácil de entrar e impossível de sair com o título.
Em geral, aqui no Brasil, estamos acostumados a não entrar; achamos que entrando nossos problemas se acabaram. Porém, não é verdade. E esse caráter aberto na entrada pode enganar os brasileiros. E ele pode não conseguir concluir o curso; na hora de redigir uma dissertação ou tese a “vaca vai para o brejo”. (onde tenho socorrido muito gente.)
No caso da Universidade Nacional de Lanus (com doutorado nota B) o que verifiquei foi essa abertura para você trazer o seu tema e desenvolvê-lo; e que há uma qualidade no trabalho dos pesquisadores associados ao programa. Mas não se engane, o rigor dissertativo existe ali; como também a necessidade de escrever um trabalho que de fato seja filosófico; depois, que você consiga ler em uma das línguas da “Europa central”(francês, italiano, inglês ou alemão). (Claro, você já sabe o espanhol; e para formalizar você preciso de passar por uma prova Oficial; assim é que funciona esse negócio de língua; só não precisamos fazer prova em Portugal e nos países que oficialmente adotam a língua lusa.)
E no próprio site da Universidade há, por exemplo, um aluno que não conclui o doutoramento em Filosofia.
Há! e para o público em geral que pensa algo sobre filosofia, prudência. Esse campo do saber não é “a sua opinião”. Mesmo aquela matéria que você teve na graduação não lhe habilita, se não tiver boa formação, a entrar em um doutoramento em Filosofia. Não pense que você fez psicologia, direito ou pedagogia e estará apito a dar um pulo na “opinio-logia”; pois filosofia é um pouco mais do que isso.
Nesse sentido, qualificar os cursos na Argentina como ruins é antes de mais nada preconceito. Depois, temos ainda a “qualidade” dos alunos brasileiros que vão para a Argentina; raros os casos e eu conheço alguns, no geral são pessoas que desejam cortar um atalho. Deseja estar onde não tem condições de estarem; e o que é pior, não desejam se modificarem para estarem no lugar de mestre ou doutor. Portanto, não é o caso de afirmar que são pessoas “burras”. Claro que não é isso; mas podemos afirmar com muito certeza, que se trata de pessoas que não querem ser efetivamente pesquisadoras; acadêmicas; alguém querendo dar uma contribuição no âmbito do saber nacional. Esse é o problema; são pessoa que desejam curtir o “big brother” de número 40; ao invés de meter nos estudos; na publicação de ideias; etc…
Parece muito simples até; mas é muito mais corrente do que possamos imaginar; há uma trupe querendo diploma sem ter o devido saber; afinal ninguém é de ferro….
Enquanto esse modelo se impor, falsos acadêmicos atrás de títulos, teremos uma pós-graduação brasileira nos moldes que temos. Pois eles agradecem que tais “atalhadores” existam, pois sobre eles os acadêmicos do estabelecimento perpetuam um modelo anacrônico. Que produz verdades, mas produzem mentiras por falta de uma ampla inserção nacional da pesquisa.
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