Lumiar e Abril Educação!

Lumiar e Abril Educação!
O projeto Lumiar é da lavra do empresário Ricardo Semler, aquele quem vem apresentando na midia conservadora argumentos desconcertantes no que toca a corrupção. Tomei contato com a ideia da escola Lumiar através da internet na ocasião da curadoria de um projeto de Filosofia na Livraria Martins Fontes. Na verdade estava na fase de especulação sobre um curso de Filosofia para jovens a ser ofertado naquela endereço da av. Paulista. E comecei a localizar as escolas próximas.

Depois que soube que tal projeto era do empresário. Confesso que a ideia de mestre e tutor me causou estranheza.  Pois no quadro da sociedade tecnológica que desvaloriza o professor e as pessoas em geral pensei ser mais uma ideia brilhante de alguém com dinheiro e crise existencial.

Depois de me informar um pouco mais, notei que o projeto tinha ideias interessantes. Especialmente no que toca a modificação radical do que conhecemos por escola. A ideia de que os alunos se movem por interesses e deles é que se estudam os saberes próprios de cada ciência, me pareceu instigante.

Em outro post até fiz comparações desse modelo com Ivan Ilich, o austríaco polímata, e que nos anos 60 advogou o fim da escola. O próprio Semler, em videos pela internet, pontuou o risco de empresários levar para a educação ideias do mundo corporativo.

Em leituras aqui acolá sobre o projeto, pois o mesmo me parece muito interessante do ponto de vista teórico, resta saber no prático, deparei-me com uma consideração de um estagiário que registrava como pontos positivos da escola “todo mundo faz tudo”. Porém, como ponto ponderado ele salienta que os salários eram diferentes. Enfim, me parece que  a tal geleia geral de interesses terá sempre uma hierarquia.

Agora, vejo no diário conservador de São Paulo que o projeto Lumiar faz parceria com a Abril Educação.  Sinto que o projeto está sendo enlatado e produzido em massa. Espero estar equivocado, mas educação tem uma resistência a “rede” e “grupos” educacionais. Por mais que as tecnologias avançam em vários setores, vinho ainda é artesanal. Temos cerveja que se produz em larga escala, mas vinho não dá. Em geral em larga escala se produz aquelas coisas horríveis, em 5 litros, que chamam de vinho, mas sabemos a qualidade.

Um bom vinho tem demandado certa tecnologia na sua acomodação; porém o velho e bom vasilhame de madeira é a diferença.

Enquanto não acoplarmos sistemas eletrônicos em nosso organismo e mesmo no cérebro, tais produções em escala dos métodos de formação/transformação humana produziram algo, mas receio que seja vinhos com gosto de vinagre.


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