“Fragmentos de um Ensinamento Desconhecido”

“Fragmentos de um Ensinamento Desconhecido”

 

Fragmento de um ensinamento desconhecido

 

Prof. Me. Cídio Lopes de Almeida

LOPES DE ALMEIDA,C. Fragmento de um ensinamento desconhecido. São Paulo: AMF3. 2010. Acessado em: https://amf3.com.br/fragmentos-de-um-ensinamento

  

Abaixo uma citação de um autor muito interessante e que não encontramos as esquinas da vida.

“No que se refere à evolução, é indispensável, desde o início, convencer-se plenamente de que não há evolução mecânica possível. A evolução do homem é a evolução de sua consciência. E a “consciência” não pode evoluir inconscientemente. A evolução do homem é a evolução de sua vontade e a “vontade” não pode evoluir involuntariamente. A evolução do homem é a evolução de seu poder de “fazer” e “fazer” não pode ser o resultado do que “acontece”. (Gurdjieff in: OUSPENSKY, P.D. Fragmentos de um Ensinamento Desconhecido: em busca do Milagroso. São Paulo: Ed. Pensamento.)

A citação nos lança a um conjunto de reflexões. Pois ele pode ser considerado como muito bem acertado e ao mesmo tempo pode ser interpretado de modo totalmente equivocado. Mas essa passagem não deixa dúvida, pois ou nos movemos ou seremos levado junto do rebanho.

Inicialmente, ainda na juventude, o comunismo, ao menos as ideias que nos chegou dele, parecia ser o melhor jeito de governo. Contudo, observando questões reais de governos comunistas, penso que continuei pensando em outras formas e não o comunismo que aconteceu em países determinados. Afinal, não dá para compactuar com um governo como o de Stalin. Esse movimento de pensar sempre era preconizado pelo próprio Marx. Aliás, podem ficar assustados, Marx não era comunista, mas um socialista. Na grande obra “O Capital” como o título já diz, Marx fala do Capital, não propõe um sistema comunista. Isto mesmo, ele se preocupou em desvendar o capitalismo e pela natureza do comunismo não dava para escrever um projeto comunista. O projeto do comunismo só poderia ser escrito pela comunidade e não por um teórico.

As ideias de que todos são iguais e merecedores de direitos, de que o capital é vil e impõe a desigualdade ficaram ecoando e qualquer outro sistema que proponha a desigualdade como princípio parece ser estranho. A curto prazo, qualquer ideia de desigualdade e a tentativa de justificar são logo banidas. Nesse sentido a obra acima citada nos parece estranha e tributária de um modelo “aristocrático” de pensar. Ademais, ainda a curto prazo, pensamentos dessa estirpe nos parece ter acarretado o nazismo e os fascismo.

Mas certa vez um pesquisador brasileiro disse algo interessante. Segundo Weber, em algumas matérias pensamos por curto-circuito. Isto mesmo, dado a proposição A, logo inferimos a B de um modo compulsivo. Dizer que há desigualdade na sociedade e que elas devam existir é um dessas situações.

Mas há diferenças, aliás, só assim podemos pensar a idéia do indivíduo. Só somos ser humano pelo fato de haver o indivíduo, mas indivíduo ainda não quer dizer individualismo moderno. Quanto mais massificado for o indivíduo menos somos seres humanos. A cultura de massa, dos meios televisivos entre outros, assevera exatamente isso: a massa. A massa não é indivídua, não há o José, o Mário, o Almeida, há uma massa, todo mundo.

Nesse sentido podemos pensar que é preciso retomar uma cultura que valorize os indivíduos. Mas isso não pode significar privilegio de um grupo. Dizer que uns poucos nasceram para a cultura não pode ser confundido com o que o Hitler fez na Alemanha. Não pode ser aceito, também, com o que as elites brasileiras fazem por aqui. Não significa que a USP tem que ser mesmo o que é. Que o bem-estar e os direitos necessários para uma vida digna tenha que ser privilégio das oligarquias brasileiras. Devemos sim mudar esse quadro e nada ou teoria alguma que defenda isso pode ser aceita.


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