Clínica de tratamento de dependente químico

Clínica de tratamento de dependente químico
Clínica de tratamento de dependente químico





Tratamento de dependência química: como se faz? 

No contexto da pedagogia da terra e
seus temas correlatos, o presente texto aborda o fenômeno das clínicas de tratamento para dependentes
químico se situarem, fisicamente, em sítios, zona rural, e no geral estarem
ligadas à Igrejas.  Portanto, são três
questões, (a) a ruralidade ou a
pedagogia da terra, (b) clínicas ou
lugares destinados ao cuidado humano ou de pessoas em situação de dependência
química e, por fim, a religião como terapêutica.
Para interessados no tratamento
propriamente dito indicamos o InstitutoGeração Vida, para quem deseja ler e compreender como assuntos/realidades
aparentemente distantes se vinculam, o texto abaixo se concentrará no esforço
de relacionar temas que só na aparência não tem relações.
Se consultarmos alguém ligado ao
serviço de clínica creio que uma possível explicação para que as mesmas se
situem em sítios se dê em função do isolamento. Sendo ainda mais preciso, o
isolar em num sítio produz uma ruptura mecânica/física do dependente com o meio
no qual ele vive a cultivar os vícios químicos. Meio que vai da oferta do
“entorpecente” ou outros produtos causa da dependência, às relações humanas que
também alimenta o ciclo da dependência.
Se deslocar da vida urbana para um
sítio, pode, desse modo, propiciar essa ruptura. E que auxiliará, em partes, ao
dependente percorrer os duros primeiro passos da abstinência.


Clínica no Sítio 
É claro que o trabalho não é
meramente físico, caso fosse, seria só se trancar em algum lugar e jogar a
chave pelo lado de fora. O trabalho segue, depois da ruptura mecânica com o
meio, a etapa humana, sendo auxiliado por pessoas. E são as pessoas outra etapa
peculiar do tratamento em clínicas ou comunidades terapêuticas, como é mais
comum dizer. No geral são pessoas que também viveram “na pele” a dependência
química e por estarem “limpas” ou em “abstinência”, o que pode ser a vida toda,
se colocam no lugar de ofertar o serviço de terapêutica a outros indivíduos.
Outro grupo de pessoas são os chamados “co-dependentes”, isto é, os familiares
e, como ponto a que se recorre na hora de desespero, as lideranças religiosas
concluem o grupo de pessoas envolvidas no processo de cuidado terapêutico do
dependente químico, que aliás consiste no traço mais marcantes das “comunidades
terapêuticas”, seu fundamento religioso.
Não será raro que a força que move os
indivíduos nesse árduo trabalho advenha da religião ou da experiência
religiosa. No caso do Brasil, serão majoritariamente comunidades terapêuticas
vinculadas a alguma tradição cristã, com destaque em termos numéricos para
aquelas denominações “evangélicas”. O que não exclui outros, tal como
Kardecismo, Umbanda, Santo Daime, etc.
O fato é que além do isolamento o
fator religioso contribui de modo significativo nessa ressignificação
existencial; na construção de uma vida sem o uso de algum tipo de entorpecente.
E o processo de cura consiste na construção de um conjunto de novos vínculos,
muito bem cultivado dentro das comunidades religiosas. Na qual cada pessoa é
digna e numa totalidade dignificante, isto é, irmãos que se vinculam em função
de um Deus que arremata o sentido total da vida.
Pouco explorado é exatamente a
relação existencial possível entre religião e a dinâmica da terra ou a
pedagogia da terra. Se a proposta do tratamento consiste em cortar os vínculos que
compulsa o dependente a se inserir no ciclo dos usos viciantes, e a construir
novos circuitos de vínculos, sendo o discurso religioso um substituto com
resultados de longa data, pouco se sabe e se explora a riqueza que o
engajamento nos circuitos da produção ou do trabalho produtivo vinculados à
terra pode ser um fértil terreno em que o dependente químico possa militar existencialmente.
A terra nesse caso precisa ser
superada na sua dureza tradicional. Não será baseada numa tradição agrícola dos
séculos passados ou desprovida de todos os saberes que hoje se tem disponível sobre
a agricultura. Dois movimentos serão necessários, o primeiro é o de acessar
saberes que gravitam os nomes “agro-ecologia”, “agricultura-sustentável”, “permacultura”,
pois ao se aliar o pensando universitário, nos seus aspectos de volume, rigor,
sistematização, a abordagem da terra terá outra face; de uma relação mais equânime;
com capacidade de conhecer processos “micros”, “macros”, sistêmicos, etc. Outro
movimento será no âmbito cultural, será preciso retornar a terra em nova chave
cultural e superar uma ideia muito estabelecida em nosso pré-consciente de que
o “mundo rural é o lugar do atraso”. Será nesse lugar que a vivência religiosa
se apresenta como esse novo modelo.
A religiosidade na medida em que tal “pensamento”
consiga se relacionar com outros saberes sem desejar eliminá-los, será uma
aliança perspicaz não só para pessoas que passaram por clínicas de tratamento de
dependência química, mas a relação de trabalho com a terra relacionada com a
dimensão religiosa produz ocupações terapêuticas; produz um fazer humano que
não só se faz nas coisas, mas se faz na própria alma humana. A própria identidade
humana que se dá no vínculo, a mesma dimensão que entra em colapso na dependência,
ao se vincular aos circuitos da terra e da vida comunitária em torna dela,
torna-se saudável.


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