Amy Winehouse e Zaratustra

Amy Winehouse e Zaratustra
No início da obra de Nietzsche, Zaratustra, temos a seguinte cena: Zaratustra, após passar vários anos meditando no algo da montanha retorna para a cidade desejoso de ensinar seus achados aos que ali habitavam.
Chegando na praça ele encontra um malabarista tentando caminhar sobre uma corda. A corda está amarrada entre dois prédios, bem alta do chão.
Lá em baixo a massa, atenta e sedenta de sangue torce para que o malabarista caia, afinal, o que leva todos eles ali em baixo a se amontoarem é a possibilidade de ver o malabarista cair e se esborrachar.

Enquanto isso, lá em cima, entre uma porta donde sai a corda, sai um tipo de ‘diabo’ e pressiona o malabarista a dar mais um passo em direção a vão livre da corda e, consequentemente, ao tombo seguido de morte que o aguarda. O diabo grita atrás do malabarista e quando esse olha, se desequilibra e ao voltar a olhar para frente, procurando equilibrar-se, encontra o diabo novamente em sua frente.

Tombo na certa. O malabarista se esborracha. A multidão saí correndo.

Amy Winehouse é um exemplo disso na vida real.

A plateia é o modelo de cultura do consumo em que estamos. Amy é o malabarista na corda, objeto de consumo da midia. O diabo é o crack.

Nós produzimos e consumimos Amy e tantos outras Amy que nem mesmo chega a andar na corda diante da platéia e que já são mortos lá embaixo entre a multidão.

AMF

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