Abuso sexual na Igreja
Prof. Me. Cídio Lopes de Almeida
LOPES DE ALMEIDA, C. Abuso sexual na Igreja. São Paulo: AMF3. 2018. Acessível em: https://amf3.com.br/abuso-sexual-na-igreja
Sobre as recentes notícias de “abusos sexuais” cometido por
padres em Igrejas do Estado da Pensilvânia nos U.S.A.
O tema da sexualidade no âmbito da Igreja Católica Romana é “silencioso”. Se fala pouco, reina silêncio. Um dos temas conexos a esse e mais silenciado é exatamente o celibato do clero e de religiosos.
Como professor de religião (teologia) somos com frequência convidados, sempre de modo discreto, a falar sobre esse tema. E como se trata de assunto vinculado à estrutura formal e Legal da Igreja, pois envolve exatamente pessoas que cumprem função eclesiásticas, comumente, nós que somos “leigos”, sentimo-nos meio que sem o direito de poder tematizar o assunto juntamente com tal estrutura. E, portanto, para quem nos interpela, também ficamos sem o que dizer; correndo o risco de parecer apenas uma “boataria”. Mas sentimos que os pais têm o direito de saber sobre tais temas e que a cada dia tem expressado temores; tomado cuidados, etc.
O que podemos notar é que tal silêncio por parte da Igreja, tal dificuldade de se falar abertamente do tema sexualidade, tem sido, como agora podemos ver mais uma “saraivada” de informações nos casos lá na Pensilvânia, o contexto favorável para que tais crimes tivessem ocorrido. Como podemos ler nas notícias, havia até uma “rede” informal de encobertar tais crimes. Fato que também pode ser verificado ao lermos as notícias sobre os casos da Diocese de Boston e mesmos os mais recentes no Chile.
Espera-se, sobretudo todos aqueles que cultivam estima por
essa venerável instituição, que nesse tema haja mais publicidade, que o tema não seja tratado apenas nos “Tribunais Eclesiásticos”; mas também pelas Pastorais, pela comunicação, etc. E que se faça uma mudança radical na postura que confunde preservar o nobre papel da Igreja com o de encobertar crimes, isto é, como os casos ocorrem em ambiente de muito estima afetiva, todos temos boas memórias por essa instituição, e quando diante crimes, somos levados, em nome das boas práticas da mesma Instituição, a fazer “de conta” que o crime não está a ocorrer.
No sentido de tornar o tema público, atualmente existe uma seção do site do Vaticano que trata do
tema:
http://www.vatican.va/resources/index_it.htm
Nos dias atuais, no qual a Igreja Católica é uma assídua militante virtual de suas posições contrário ao aborto, creio que silenciar; ausentar dessa conversa da sexualidade não contribui com o histórico trabalho de promoção do “Reino de Deus” entre nós brasileiros. Portanto, espera-se que em sites de Instituições Católicas no Brasil, se faça ecoar o tema.
Esse silêncio oficial da Arquidiocese de São Paulo, entre
outras, poderá, num futuro, permitir que tal patrimônio seja posto em cheque; que uma cultura de profunda desconfiança da sociedade brasileira se instale e coloque por terras 500 anos de trabalho. Que o silêncio que podemos verificar nesses sites, incluindo a CNBB, que tem lá listas de temas sobre as posturas da Igreja contra o aborto, sempre rompido; para não ensejar que se trata do mesmo silêncio que agora é rompido com mais esse escândalo de abuso sexual lá na Pensilvânia nos EUA.
Urge que a mesma militância em defesa a vida seja aplicada
nessas situações que só geram morte.
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