página “zoroastro e israel” p. 94
“Zoroastro foi o Adepto enviado à Pérsia ( atual Irã). Na China, surgiu Fo-Hi. No Egito, veio Moisés, que constituiu o Is-Ra-El, quer quer dizer Colégio Real de Deus.(…)”
Bem, quem sabe hebraico e um pouco de Bíblia sabe que Isra-El, é aquele que “peleja junto” e se trata da “peleja” que Jacó teve ao atravessar um rio durante a noite. Ele, Jacó, lutou a noite inteira até o amanhecer; quando amanheceu, El o deixou partir, mas, antes, o segurou pelos testículos; o que o fez puxar de uma perna. Portanto, Jacó é o Israel.
Gostaria de saber como e a partir do que o autor chegou a tal conclusão que Is-ra-el ‘quer dizer colégio sagrado”? Qual foi o caminho? Minhas perguntas não desejam impugnar o trabalho em questão, mas apenas registra que se tomou uma palavra e deu outro sentido a ela; ao arrepio de vários estudiosos do hebraico e da bíblia.
Como no paragrafo seguinte ele afirma que Odin, o Deus dos nórdicos, Odin, foi discípulo de Zoroastro. Como isso se deu?
Com todo o respeito pelos cultores de tais literaturas, como salientei em texto anterior, mas não posso deixar de ver paralelo na literatura anti-semita amplamente divulgada na Alemanha pré-Segunda Guerra Mundial.
Esse saltos também eram feitos pela pseudo-ciência da eugenia; que estabelecia relação entre os atuais alemães e os árias; ou com os gregos antigos, isto é, a relação que fiz dessa literatura com o anti-semitismo consiste nos mesmos saltos que ligam assuntos tradicionalmente díspares. Seria como se eu dissesse que há uma parentesco entre os Mineiros, do Estado de Minas Gerais, com os Marroquinos? Sem dizer mais nada. E com isso eu construísse uma verdade “oculta” que agora aflora, Dom Sebastião, o grande messias da lusitanidade, nasceu ressurgiu em Minas Gerais. E olha que eu até tenho uma cadeia de argumentos para ligar assuntos tão separados, como se eles fossem vinculados.
Portanto, para além da liberdade de expressão, vejo que tais literaturas pseudo-científicas são perniciosas. Mesmo que essa não seja a intenção velada de seus cultores. Mesmo que eles sejam pessoas bem intencionadas; eu pessoalmente acredito nisso; a questão é que tal literatura pode, a longo prazo e em outro contexto, ser a base para aberrações públicas, como foi o nazismo; ou mesmo o que ocorreu na Itália, onde Mussolini prometia que os “italianos” seriam os Novos Romanos.
Penso que é possível apresentar novidades. Mas o jeito de fazer isso não seja desse forma. É possível, por exemplo tomar o termo Israel, longamente interpretado em uma tradição de um jeito, e passá-lo a outro; ma não podemos esconder que se trata de um esforço pessoal; uma nova tentativa simbólica. Porém, tomar o termo e dizer que ele é outro, sem ao menos informar; me parece perigoso. O mesmo, para citar um exemplo de fora do material em questão, acontece na maçonaria. Ao tomar a letra Yod como sendo G; Yod é amplamente interpretado como Y; é um erro grotesco que ninguém se pergunta o motivo; aceitam tacitamente.
É possível o humano ser um ser espiritual. Gnose em geral está ligado a esse desejo próprio do humano; existem tradições de espiritualidade; de busca de sentido; porém, o caminho não é bem esse das pseudos literaturas científicas, que passa longe da Filosofia, etc… Lembrando, para encerrar, que o debate franco é o que marca as ciências e a filosofia. Não aceitar crítica é o primeiro sinal de ser Igreja Dogmática.