Existe uma profícua relação entre a obra Timeu, de Platão, e a Maçonaria. Especificamente o termo que nos chama a atenção é Chora(ou kora, pois
representamos a letra ki do grego por ch ou k ou kh) como lugar ou sujeito do devir nas palavras de Léon Robin (l’èternel emplacement).
Parece-me que o ritual de Schröeder, especificamente o formulador dele, captou essa questão muito bem. O termo chora para Platão é exatamente o lugar onde o mundo sensível vem a ser, fruto da imitação do mundo das idéias ou formas. O desafio é verificar que o lugar que permite o outro ser deve manter-se no anonimato para não turvar aquele que é ou está sendo.
A ritualística dos três graus maçônicos é exatamente isso. Preparar a pedra bruta para que possa ser pedra cúbica e, finalmente, polida, mas o Templo não pode se tornar ele uma questão fundamental. O fundamental no Templo é a “pedra bruta em transformação”.
Quando observo a proliferação de graus e como os “graus” toma o lugar do conhecimento que eles um dia desejaram transmitir, penso que o “Templo” deixa de ser lugar no sentido de Kora.
Para os leitores do Blog Academia Maçônica de Filosofia indico o excelente artigo de José Trindade Santos que trata o conceito de “Alma no Timeu” e dedica uma seção para falar de kora. Disponível em: http://www.miniweb.com.br/biblioteca/artigos/alma_timeu.pdf .