Sobre o Problema do Ser e O Caminho do Campo

Sobre o Problema do Ser e O Caminho do Campo

Resenha Crítica

HEIDEGGER, Martin. Sobre o problema do ser / O caminho do campo. Tradução de Ernildo Stein. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1969.

Cídio Lopes de Almeida[1]

[sem revisão por pares]

Resumo

A resenha crítica analisa as obras “Sobre o Problema do Ser” (Zur Seinsfrage) e “O Caminho do Campo” (Der Feldweg) de Martin Heidegger, textos que representam momentos significativos de sua fase tardia. Em “Sobre o Problema do Ser”, originalmente uma contribuição em diálogo com Ernst Jünger sobre o niilismo, Heidegger desloca a discussão para uma investigação da essência e origem do niilismo, conectando-o ao esquecimento do Ser (Seinsvergessenheit) na tradição metafísica ocidental. O filósofo critica a metafísica por ter negligenciado a diferença ontológica fundamental entre o Ser (Sein) e o ente (Seiendes), reduzindo o Ser a uma característica do ente. Este esquecimento culmina na era da técnica moderna, cuja essência (Gestell) representa a forma consumada da metafísica da subjetividade, onde tudo é enquadrado como recurso disponível (Bestand). “O Caminho do Campo”, por sua vez, oferece um contraponto lírico e meditativo, sugerindo uma experiência do Ser que se revela na proximidade e na escuta atenta, apontando para a possibilidade de um pensamento meditativo (besinnliches Denken) como alternativa ao pensamento calculador dominante. A segunda parte da resenha estabelece diálogos com o pensamento contemporâneo, destacando a relevância persistente da questão do Ser e analisando as divergências fundamentais entre Heidegger e Sartre. Enquanto Sartre enfatiza a liberdade radical do sujeito como fundamento da existência, Heidegger prioriza a condição de “ser-lançado” (Geworfenheit) do Dasein e sua abertura à escuta do apelo do Ser. A concepção do Nada também difere: para Sartre, o Nada é introduzido no Ser pela consciência; para Heidegger, o Nada pertence à própria essência do Ser. A resenha também aborda críticas ao pensamento heideggeriano, como sua linguagem obscura, seu envolvimento com o nazismo e a possível insuficiência de sua proposta diante dos desafios éticos e políticos contemporâneos. Não obstante, conclui que a filosofia de Heidegger permanece um interlocutor indispensável para pensar nosso tempo, desafiando a filosofia a confrontar a questão ontológica fundamental que subjaz à nossa compreensão do mundo.

 Palavras-chave: Ser (Sein); Ente (Seiendes); Diferença ontológica; Esquecimento do Ser (Seinsvergessenheit); Metafísica; Niilismo; Técnica; Armação (Gestell); Dasein; Pensamento meditativo; Pensamento calculador; Viragem (Kehre); Serenidade (Gelassenheit); Existencialismo; Sartre; Liberdade; Nada; Autenticidade; Finitude; Linguagem; Verdade (Alétheia).

[1] ALMEIDA, Cídio Lopes de. Resenha do livro Sobre o problema do ser / O caminho do campo (Série de resenhas AMF3). AMF3 – Escola de Filosofia, www.amf3.com.br, 29 maio 2025. Disponível em: https://www.amf3.com.br/sobreoproblemadosereocaminhodocampo. Acesso em: 29 maio 2025.


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