A complexidade que é ensinar um “coxa” a pensar de modo complexo ou mesmo a surpresa que você pode causar nele ao esboçar ponderações às suas próprias posições. Certamente o tema de Edgar Morin nunca esteve tão na moda ou a sua demanda tão patente. O pensamento da complexidade ou a ideia evidente de que o real é complexo e não simples.
Nesse lance de pensamento simplista versus complexo, as vezes perdemos fôlego e efetivamente uma didática “anti-coxismo” nos escapa. Para alguns não é possível discutir com os coxas, pois como parte da natureza do pensamento autoritário, o diálogo não existe e foi suplantado pelo “pathos” do discurso, privando a dimensão do “logos”.
O autoritarismo no discurso “coxa” é uma possessão “daimônica” (neologismo do daimon de Sócrates) e por isso impossível de ser contornado pelo frágil “logos”.
O primeiro vetor a ser posto é que ao defender um ponto de vista devemos fazê-lo de modo processual. Não podemos comprar ideias fechadas. Como muito bem nos diz o autor do livro “O menino do dedo verde – os adultos pensam por blocos fechados”. Em seguida, as teses se assentam em elementos; que nunca devem ter uma única fonte.Os elementos precisam ser confrontados, questionados.
Por exemplo, o fato de haver corrupção em toda a sociedade capitalista, não diminui o papel do protagonismo do governo do PT. Tal afirmação, por sua vez, não abona por si que todo membro do partido do PT seja incorruptível. Já dizia os filósofos lá da época de Sócrates, Platão e Aristóteles que a virtude não é passível de ser possuída, mas apenas praticada. Um homem só “é” virtuoso após a sua morte. Pois ele pode ter praticado a virtude por longos anos, se ao final da vida ele começar a praticar algum vício, deixará de estar em estado de virtude como se nunca houvesse praticado.
É unanimidade entre os “coxas” que o renomado Rabino Henri Sobel, outrora um subversivo pelos “milicos”, não perdeu seu capital humano, construído ao longo de uma vida, pelo simples fato de ter furtado uma gravata. Ao contrário, todos procuram exaltar o lado “humano” da autoridade religiosa. Certamente o crime do Rabino não foi contra a vida, como é o caso de religiosos católicos, mas contra a propriedade; tópico sagrado nos E.U.A.. Mas foi considerado um crime e não poderíamos agora atuar em atenuar o fato. Tentar explicar, dizer que o Líder sofre…. etc. Não vemos a mesma parcimônia quando o autor do furto contra uma propriedade é um negro sem “qualificações”.
E tal situação é tão arraigada nas mentes, tal preconceito, tal jeito que sempre livre o branco dos crimes, que nos demandará o trabalho de décadas e de milhares de pessoas. Sobel não é tratado como Lula e isso apenas é fruto do pensamento simplista.
Pessoalmente conheço o capital de Sobel, aquele que enfrentou os “milicos” sepultando Herzog como morto e não suicida, como conheço o de Lula. E como brasileiro do interior, conheci primeiro o capital de Lula; conheci pessoas com casa para morar; conheci pessoas em faculdades – mesmo que precárias, mas com dinheiro público eles conseguiram estudar.
É a esse complexo que se convoca os coxas. Pensar é um negócio que não dá para encomendar; não dá para fazer o mesmo com os seus filhos; delegar a empregada negra os cuidados diários; ou delegar à escolinha; ou à creche(ambas são educação infantil); lembrando que esse processo delegatório, no contexto do pensamento complexo, comporta liberdade e obrigação. De um lado os pobres são obrigados em nome da necessidade, doutro lado as madames o fazem também por necessidade, pois no seu papel há tarefas que a demanda não ser cuidadora integral de seus filhos.
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