Ser Filósofo

Não faça plágio, faça citação.

LOPES DE ALMEIDA, C. Ser Filósofo. São Paulo: AMF3. 2009. Acessível em: https://amf3.com.br/saudacoes-caros-internautas-ser

Ser Filósofo

Saudações caros internautas!

Ser filósofo no Brasil é ser Professor de Filosofia e ter cursado uma graduação em Filosofia, que ronda a casa das 3mil horas aulas. Caso contrário, e existem bastantes, é ser alguém que sob certas condições materiais razoáveis ocupa seu tempo em escrever pensamentos e ideias à solta, sem um diálogo com uma tradição e fortuna literária bem específica. E por faltar essa localização e diálogo com uma comunidade especializada, proferes platitudes ululantes, à moda dos que em surtos maníacos se põe a salvar o planeta de algum ataque alienígena.

No Brasil há muitos filósofos que não são propriamente formados. Nesse balaio é bem verdade que tem alguns que se aproximam de fato do que seja ser filósofo e são efetivamente reconhecidos pela comunidade especializada. Podemos citar Ariano Suassuna, que formado em Direito, tem uma obra sobre Filosofia e Estética que de fato é reconhecida pela comunidade dos filósofos de formação.

Porém, deve-se ter certa cautela com os filósofos de fora dessa tradição, não é tão habitual haver Suassuna por aí. Fora do debate da tradição, há muito pseudofilosofia. Como de resto a internet tem dado asas para pseudo tudo. Em todos os campos da produção do conhecimento profissional temos tentativas de imitar saber algo revelador, que na verdade revela mesmo é a sanha por mais “views”.

Superado o quadro de que todo classe média tende a achar-se pensante o suficiente para se auto-intitular filósofo, sempre reservando é claro seu quinhão da medicina, do direito, das engenharias para si, o famélico profissional da Filosofia deve ser considerado desse ponto de vista materialista objetivo. É um formado numa graduação que o habilita a ser professor.  E se ele não for um branco que estudou numa ‘Federal’ ou numa USP, a escola pública é seu destino, que é o mesmo que o inferno.

Sobre a escola pública tem-se um erro básico, talvez gestado na Universidades públicas. A escola pública básica por sua dependência administrativa diretamente ligada ao Estado é na verdade uma Escola Estatal. O erro é produzido justamente nas Universidade Públicas, que no geral não estão subordinadas diretamente ao Estado. Elas são autarquias, portanto gozam de uma autonomia de gestão. O que não existe nas Escolas Estatais, pois estão diretamente subordinadas ao Estado através da Secretária de Estado da Educação.

Mas sobre o filósofo em início de carreira, que no geral é ser professor, ronda a nós uma angústia.  Afinal o que vão fazer com a filosofia?  Vão tirar aulas, vão botar, remanejar? nunca sabemos. Mas é fato, a cada ano tem novidades, que no geral é sempre no sentido de coibir o exercício da profissão de professor de filosofia. No Estado de São Paulo, no qual podemos localizar nos atos administrativos expedientes semelhantes ao que se pode verificar nos Estados do passado que adotaram o Fascismo como ideologia (basta lembrar que lá por volta de 2008 o então Governador José Serra retirou 340reais do meu salário de um dia para o outro no caso Auxílio Localização Atividade – ALE), a tensão aumenta ainda mais. Não importa a conversa, todo ano tem-se um algo que procura acossar quem é professor de Filosofia, esses que seriam tecnicamente os únicos profissionais de filosofia entre nós brasileiros.


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