ORIGENS

RESENHA

ELIADE, Mircea. Origens. Lisboa: Edições 70, 1994.

Cídio Lopes de Almeida

Resumo

O texto explora a natureza e a função da iniciação em sociedades arcaicas e tradicionais, com foco em sua relação com a condição humana e o sagrado. O autor analisa como a iniciação, através de ritos, provações e ensinamentos, transforma o indivíduo, concedendo-lhe um novo estatuto religioso e social. A partir da análise de diferentes culturas e tradições, o autor expõe diferentes tipos de iniciação, como a tribal, em sociedades secretas e em relação com vocações místicas. O texto também examina como a iniciação influencia a compreensão do sagrado e os sistemas de polaridades, dualismos e antagonismos presentes em várias culturas. O autor argumenta que a iniciação não deve ser reduzida a fenômenos sociais ou históricos, mas sim compreendida como uma expressão da mente humana, criadora de significado e de valores.

Resenha da Obra “Origens” de Mircea Eliade: Uma Jornada Através do Sagrado e da História das Religiões

A obra “Origens” de Mircea Eliade é uma coletânea de ensaios que exploram a natureza do sagrado e o estudo das religiões, com foco particular nas culturas arcaicas e exóticas. O livro argumenta que o estudo das religiões, além de seu valor histórico, oferece insights profundos sobre a condição humana e possui um potencial transformador para o indivíduo e a cultura contemporânea.

Conceitos-chave que estruturam a obra. A dialética do sagrado: O sagrado é um elemento fundamental da consciência humana e não um estágio primitivo superado pela modernidade. Ele se manifesta por meio de um processo dialético, atribuindo sentido ao mundo e à vida humana através da imitação de modelos paradigmáticos revelados por seres sobrenaturais.

A obra defende a importância da hermenêutica, indo além da mera coleta e classificação de dados religiosos para compreender o significado e a função cultural das religiões. A partir do estudo de mitos, símbolos e outras estruturas religiosas, a obra busca desvendar as situações existenciais fundamentais que continuam relevantes para o homem moderno.

O autor propõe que o estudo das religiões, em sua busca por compreender diferentes mundos de sentido, pode contribuir para um novo humanismo. Através do estudo de religiões menos familiares, como as arcaicas e exóticas, ele busca expandir a consciência do leitor e promover uma transformação interior sobre a compreensão dos fenômenos do sagrado.

A obra ainda analisa a obsessão ocidental pelas origens da religião no século XIX, argumentando que essa busca reflete a nostalgia pelo primordial. Eliade explora a influência do positivismo e do materialismo nesse contexto, contrastando-a com a busca por um sentido transcendente que impulsionava o estudo das religiões.

Crise e renovação na história das religiões: A obra discute a necessidade de reavaliar a história das religiões e ultrapassar os limites da mera análise e erudição. Eliade propõe uma hermenêutica criativa que integre os resultados das pesquisas em um contexto filosófico mais amplo e contribua para a cultura contemporânea.

Pode-se destacar como contribuição aos estudos de religião a rejeição do reducionismo. Eliade critica as abordagens reducionistas que tentam explicar a religião como um mero produto de fatores sociais, históricos ou psicológicos. Ele defende a autonomia do fenômeno religioso e a necessidade de compreendê-lo em seus próprios termos. Neste esforço, destaca a importância da experiência religiosa como um dado fundamental para a compreensão do fenômeno religioso. Argumenta ainda que a religião deve ser estudada em sua totalidade, considerando a interação entre mito, ritual, crenças e práticas.

Este movimento não se dá sem a importância do diálogo com outras disciplinas, como a filosofia, a psicologia e a crítica literária, para aprofundar a compreensão do fenômeno religioso. Em Origens o autor apresenta uma visão multifacetada do estudo das religiões, desafiando ou propondo uma perspectiva ao leitor para repensar suas próprias concepções sobre o sagrado e o papel da religião na

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