O mal
O mal não é desejado por ninguém. Contudo, na história da humanidade o que mais vinca a memória são exatamente as maldades. Afinal, por que há o mal?
Exceto “macaco loco” (obra ficcional direcionada à crianças – Craig McCracken), que acorda todos os dias e pensa qual maldade irá fazer naquele dia, os humanos desejam a cada dia fazer o bem e fazê-lo a cada dia melhor.
Contudo, como podemos observar hoje no Brasil, através dos jornais, prosas informais, nas famigeradas redes sociais(virtuais), impera o reino do mal. Como protagonista do mal o velho outro. (O inferno são os outros. Sartre)

Uma das primeiras problemáticas me parece estar na linguagem. Essa mediadora não consegue efetivamente mediar, podemos em rápidas observações notar que palavras grafadas de modo objetivo tem interpretações variadas. O que é próprio da linguagem, já que a mesma é uma convenção, isto é, toda palavra é um combinado entre duas ou mais pessoas. Combinamos que vaca é aquele bicho… e se deixarmos de combinar a palavra perde seu uso. Podemos até inventar outros usos dessa palavra…
Portanto, vemos pessoas ou grupos isolados uns dos outros, mesmo que sendo listados como amigos de face ou trabalhadores de um mesmo prédio. Seria como se observássemos as pessoas discutindo com paredes, postes, entre outros objetos que enquanto humanos sabemos que não seria possível um diálogo.
O problema do abismo linguístico nos faz retomarmos Oscar Wide, que propõe em um de seus livros ficcionais a ideia de um rei que retira palavras do idioma de seus súditos como estratégia de dominá-los melhor.
Outro aspecto já conhecido pela filosofia é que o mal não vem em forma de mostrengo dos filmes. Já dizia Hanah Arendt que o mal pode ser algo banal ou cotidiano, tal ideia foi desenvolvida por ela sobre julgamento do nazista Eichmann em Jerusalém. A constatação de Arendt foi que tal homem, responsável pela logística de deportação em massa dos judeus para os campos de concentração e depois para os campos de extermínios, não era em si alguém asqueroso. Aparentava boa aparência”, um homem de hábitos normais. Esse é sem dúvida um tópico que é atual, até que ponto o cidadão de bem, de boa família, não seria o oposto dessas imagens? Por que apenas o negro favelado(expressão racista que é disseminada de modo dissimulado por vários meios de comunicação da cultura brasileira) dos programas do datena ocuparia o lugar do mal? Até que ponto o charmoso Governador Cabral (RJ) não seria mais sanguinário do que aquele bandido que datena vocifera todos os dias?
Em épocas de exaltação geral talvez seja o momento mais oportuno para pensarmos que os lugares comuns do mal não são capazes de dizer de fato o que é o mal. E que ele não se enquadra num partido, nem mesmo a palavra mal pode definir ele por completo.
Mas não nos iludamos, o mal existe. E ele pode está mais perto de nós do que no longínquo outro.


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