O Grau de Comp.’. Maçom

O Grau de Comp.’. Maçom

Se após ler vários textos do nosso site você sentir que deseja apropria-se de modo sistemático e profundo desses conteúdos, entre em nosso curso, com aulas on-line (2horas por semana).

O que é o Grau de Comp.’. Maçom? 

 

Prof. Me. Cídio Lopes, MM

amf3.com.br

 

 

Antes ler o texto: Atenção.

 

Um texto exige de nós algumas coisas anteriores para poder fazer a leitura dele. Alguns brincam com a palavra e dizem “pré-texto”, aqui atenção, pois se não forem observadas tais regras, você pode ter uma experiência negativa e não aproveitar o que de bom oferecemos.

 

Para você ler o texto abaixo você de fato precisa de algumas coisas. Paciência é a primeira. Depois, será bem-vindo se você efetivamente já fizer parte da “sociabilidade” aqui evocada, assim o texto lhe fará mais sentido; você terá mais motivos para ler; você poderá ainda ser alguém oriundo do magistério de história, sociologia, filosofia, pedagogia, o que são muito bem-vindos também e a leitura fluíra em boa velocidade.

 

Para você ler esse texto você precisa ter a paciência de ir lendo devagar, especialmente para os não profissionais, mas estudantes de filosofia prática. Eu até sugiro abrir o texto na versão PDF, que use um computador e não o celular; alguns até gostam de ler impresso. Anotar ideias e perguntas que irão surgindo, é uma ótima estratégia para apreender, reter a informação.

 

Por fim, o texto que segue é uma contribuição com a cultura maçônica. É uma doação do meu trabalho de professor para aqueles que procuram uma chave apropriada de leitura do material pedagógico utilizado em boa parte das Lojas maçônicas. É uma parte do meu trabalho como docente, pois nesse site (amf3.com.br) eu ofereço, além desse serviço gratuito de informação, cursos de formação em filosofia prática, que em muito coincide com a filosofia prática na maçonaria.

 

Boa leitura. 

Prof. Me. Cídio Lopes, MM

 

Caso você utilize o trabalho, faça a citação da seguinte forma:

 

LOPES DE ALMEIDA, C. O Grau de Comp.’. Maçom. São Paulo: AMF3. Acessado em: http://amf3.com.br/o-grau-de-comp-maco/

 

 

 

***

 

O que é o Grau de Comp.’. Maçom? 

 

O presente texto tem ligação com “O Grau de M.’. M.’.[1], pois ele será um aprofundamento de um tema lá citado e abordado de modo geral. Porém, a compreensão do presente texto não depende daquele, poderá ser lido pela primeira vez e depois o outro. Outras referências você poderá encontrar nos “link’s” que estão no fim do presente texto. No próprio “site” (sítio) AMF3 você também encontra vários outros textos que tratam de temas do interesse desse grau de formação.

 

Pretende-se aqui discorrer de uma etapa de formação humana dentro de uma sociabilidade, no caso a Maçonaria. Portanto, grau ou a etapa consiste num projeto pedagógico que oferece à pessoa participante um conjunto de informações dispostas com o objetivo de transformá-la; transformar especialmente os aspectos de consciência ou de percepção das coisas da vida cotidiana, pois se trata de uma “escola de filosofia”. Portanto, apenas e tão somente uma etapa de formação sobre aspectos da condição humana de um indivíduo. 

 

A escolha, a disposição e o conteúdo podem ser pensadas como meras técnicas pedagógicas e podem ser muito bem relacionadas com correntes de Filosofia da Educação muito específicas, no caso a humanista e iluminista. Nada de excelso o magnânimo está por detrás de tais opções. As técnicas pedagógicas têm certa variação entre as sociabilidades, mas no geral podemos dizer que todas elas optam pelo uso de uma “estética” performática como a estratégia pedagógica de motivar as pessoas em processo de formação.

 

Sociabilidade é o nome que a sociologia designa como característica geral que une todos os grupos humanos que se encontram regularmente para se cultivarem enquanto humanos. Pode-se ainda dizer que a Maçonaria, ao lado de outros grupos, se difere de “sociabilidades” vulgares na medida em que seu motivo ou justificativa se concentra na Filosofia em geral e, especificamente, nos ideais da Filosofia Iluminista.

 

Nas escolas de ‘Educação Formal’ pelas quais passam grande parte dos brasileiros, para explicar melhor a palavra “grau” do qual estamos nos preparando para dizer o que é e sua importância, temos as séries, que são aglutinadas em blocos ou agrupamentos de séries, tais como Educação Infantil, Educação Fundamental I (1; 6 – 10 anos de idade) e Educação Fundamental II (2;11 – 14 anos de idade), Ensino Médio (15 – 17 anos de idade), Ensino Superior, etc. No caso de grupos sociais que não são ditos “formais” e que as pessoas se filiam a eles por puro interesse altruísta e livre de ser obrigado como na Educação Formal, há também uma certa organização do percurso de formação. E os nomes que se dão na Maçonaria para essas etapas são de “graus”. Se pudéssemos fazer um agrupamento, o primeiro é composto por 3 graus básicos, a chamada Maçonaria Simbólica. Os demais serão objetos de outro texto, mas a depender do “material didático” utilizado, esses graus podem chegar a 33, comportando também agrupamentos. Nesse sentido, deve-se compreender os graus nessa perspectiva escolar, não sendo uma excepcionalidade doutro planeta os mesmos. 

 

O QUE É A MAÇONARIA? 

 

A Maçonaria é uma sociabilidade ilustrada (Iluminismo), isto quer dizer que se trata de um agrupamento de pessoas em torno de ideias filosóficas. Especialmente aquela filosofia cultivada pelo movimento cultura chamado Iluminismo e Humanismo. O que implica em salientar que certos aspectos cultivados por essa sociabilidade as vezes soa estranho em nossos dias, pois vivemos em outro momento cultural. Em linhas gerais, vivemos numa época que se tem denominado de “pós-modernidade”, isto é, um passo além da modernidade, época em que Iluminismo e Humanismo era parte estruturante. Em nossos dias fatores ligados ao “ter” sobrepõe qualquer outra questão da vida humana, portanto, nesse quadro, reunir-se para cultivar ideias filosóficas por si já soa “sem sentido”, já que o importante na sociedade “pós-moderna” é o consumo das coisas; ter as coisas para consumir. Tal postura não deve ser considerada ruim, enquanto seres orgânicos estamos vinculados necessariamente ao consumo; e se formos mais longe, até mesmo como seres que cultivam coisas para além da mera mecanicidade orgânica da vida humana, também consumimos “cultura”. O problema é quando uma parte da nossa existência toma o lugar de a única parte. A sabedoria é o equilíbrio dessas partes.

 

Inserida no contexto “pós-moderno”, a Maçonaria, ao lado de outras sociabilidades, precisa utilizar de algumas estratégias para se fazer presente nas mentes humanas, mesmo não sendo ela um “produto” passível de ser consumido como um “celular” (telefone portável). Como não se trata de uma instituição formal de educação, que se impõe por mecanismos de Lei, tem-se o desafio de ser algo que conquiste as pessoas e as motivem para continuarem a participar dos processos formativos através do puro convencimento. Nesse sentido todas as sociabilidades desenvolvem técnicas que se fixam de modo fácil na memória das pessoas. O “símbolo” por exemplo é o ponto comum não só em Maçonaria, mas podemos ver até mesmo nas Igrejas. No caso da Católica temos a “cruz”, a “hóstia”, dentre vários outros. E essa será a chave para compreender os recursos não só nesse grau, mas como um todo na Maçonaria. Não é por acaso que se pode encontrar “Maçonaria Simbólica”.

 

A técnica é procurar marcar de modo forte as mentes das pessoas. Aliás, estudamos alguma matéria difícil da “escola” não será estranho fazermos associações com “imagens”, esquemas, entre outros recursos que facilite a memorização. Toda a Maçonaria e o grau 2 podem ser lidos nessa perspectiva. E será no uso dessa técnica simbólica a força didática da Maçonaria. É por utilizar uma linguagem simbólica que ela resolve dois problemas. O primeiro consiste em se fazer presente na mente de várias pessoas; pessoas com variados gostos, formação, classe social, credo religioso, etc. A segunda questão que o símbolo permite é ser fixo e ao mesmo tempo permitir que exista articulações reflexivas variadas sobre um ponto em comum. Nesse sentido, por mais que cada membro tematize um aspecto peculiar sobre a “Régua de 24 polegadas”, estará falando de um símbolo e não fugirá do assunto que engloba tal símbolo.

 

Enfim, do quadro geral acima, que procura contextualizar uma série de temas e conceitos vestibulares, passemos ao que é próprio do Grau de Comp.’. Maçom. Sem a desmitificação, que indicamos nos parágrafos acima, deixamos de aproveitar o “poder” de formação do Grau de Comp.’. Maçom. Uma mitificação apenas “torna fechado” uma seria de saberes.

 

O Grau de Comp.’. Maçom, que vamos apresentar nos seus aspectos filosóficos, consiste na etapa em que o indivíduo é convidado a estudar aquilo que é a espinha dorsal da Maçonaria. Seus fundamentos filosóficos, que são bem amplo. 

 

Os movimentos culturais denominados de Humanismo, Iluminismo e Romantismo, largamente estudando em cursos de Letras, História, Filosofia,Teologia, são a chave de leitura mais fundamental para se acessar e aproveitar, em nossos dias, os saberes do Grau de Comp.’. Maçom. A recusa, como habitualmente pode-se assistir na prática maçônica, produz aqueles indivíduos que após um tempo não veem sentido na Ordem; e de fato, sem compreender tais movimentos culturais, não se pode ver algo para o qual o olhar não foi treinado; e o que é pior, acabar por só ver o que o vulgar ‘populismo’ percebe sobre o que é Maçonaria. Aliás, essa advertência é feita no Grau de Ap.’. Maçom; encenado no Grau de Comp.’. Maçom, isto é, como “fingir que sabe algo; saber mau alguma coisa”, é deletério.

 

Os três movimentos culturais têm relações internas e não são coisas isoladas. O início pode ser indicado nos movimentos culturais em torno do Renascimento  italiano como ponto de partida. Momento da nossa história em que foi retomando literaturas “latinas”, daí a ideia de renascer – ideia criada a posterior; mas não ficou só nisso, surge a ideia do homem integral ou um tipo de homem que produz artefatos, pensa em filosofia, projeta artefatos e edificações, etc. Sem ser algo separado, e nesse lugar Leonardo da Vince é a figura “icônica”. As fartas metáforas de “construtor” ou derivadas da construção/edificação tenta retomar essa ideia de homem integral.

 

A Itália de 1450, como data de referência, não era bem a Itália de hoje. Como sabemos, a península itálica era dividida politicamente de outro modo. Veneza, Genova, Florença, para citar apenas três, eram importantes polos de comércio marítimo e politicamente independentes. Florença apesar de não ter um porto, é citada em função de ter sido o local no qual os Medici, família de grande poder política e econômico, patrocinaram a construção de uma “Academia de Platão”. Instituição que está no início dos ideais de “academias de ciências” modernas; bem como será associado às já existentes universidades e criará aquilo que passou ser um grande valor para as “gentes de letras” do século XIX, isto é, um saber que produzirá outra revolução, a Industrial. O saber que não só “especula”, mas também experimenta. Restam ainda hoje a Academia de Ciência da França e Sociedade Real para a Ciência da Inglaterra. 

 

O que mais interessa notar é que o comércio praticado pelas cidades acima citadas propiciou um choque cultural com a Europa central. Se na Europa central o catolicismo, a aristocracia guerreira, marcavam o que era os valores, no comércio com outras culturas, tais valores foram substituídos. Ao ponto de podermos dizer que a figura de um Leonardo da Vinci sintetiza esse novo jeito de ser do homem. Se na aristocracia guerreira só o ofício da guerra é valorizado, no homem renascentista ou humanista tem-se valor no cultivo das letras e delas a ideia de pessoa ou indivíduo. 

 

As letras retomadas não consistiam apenas em rever os clássicos latinos; a retórica, etc. Mas agora a ideia era colocar o homem no centro.  Desses detalhes, saltamos para o que interesse ao Grau de Comp.’. Maçom. Surge nesse período a valorização não só do indivíduo, mas de sua capacidade em criar coisas. Essa junção de “ideias” e produção de objetos úteis; e ao mesmo tempo de manter aspectos importantes do indivíduo, portanto, colocando o homem como “centro do universo”. Claro, essa mesma ideia de saber técnico-instrumental, como já dissemos acima, será a base do que hoje parece nos ser natural, a miríade de inventos que fazem parte de nossas vidas. Da máquina de lavar roupas ao foguete Soyus – Roscosmos/Rússia, os instrumentos fazem parte de nossa existência; A Maçonaria como instituição histórica ainda ecoa nas suas proposições filosóficos aqueles princípios, a sapiência é exatamente saber rastrear o que ela indica nos seus manuais e como tais saberes desdobraram em nossos dias. Dominar e reter esse volume de história do saber “abrirá” os segredos do grau. 

 

Será nesse espírito que teremos outro movimento cultural religioso importantíssimo. Não tantona esfera da “tecnociência”, mas na dimensão do sentido total da vida humana, a Reforma Protestante, para além das questões teológicas, coloca o homem no centro.

 

Ele agora “pode” ler e interpretar a Bíblica. Essa mudança cultural sem dúvidas foi a que mais gerou impacto na cultura da Europa, sobretudo nas formas de governo. Tendo na Holanda (Países Baixos), na chamada Revolução Gloriosa, mudanças substanciais que irão marcar os governos da Monarquias modernas. Porém, o que mais interessa ao Grau de Comp.’. é o homem como artífice de si; (a batida imagem de um homem se auto esculpindo) o homem tem sentido de ser não porque “Deus” e a Igreja que lhe “doa” sentido; o homem renascentista e protestante produz o seu próprio sentido de ser. E será nesse ponto, que depois foi adicionado questões políticas, o maior motivo da Igreja Católica Apostólica Romana não admitir a existência da maçonaria como dos Protestantes, pois o homem autônomo, como ficou  marcado toda a modernidade, colocou em cheque o papel da Igreja. E é exatamente por isso que entre protestantes de cunho liberal (Inglaterra e U.S.A.) a maçonaria é naturalmente aceita e praticada.

 

Iluminismo e a Maçonaria

Iluminismo

 

Dessa chave cultural saltamos para o Iluminismo que se desenvolveu fortemente na pena de aristocratas franceses. E consistiu no valor do homem “pensante”, como René Descartes eternizou no seu “Penso, logo existo”. Desse Iluminismo o que mais será compartilhado com a Maçonaria será as discussões de formas de governos, especialmente governos Liberais.  Devemos lembrar que a Maçonaria surge documentada no 1700-1800, portanto século XVIII. Para além das histórias que nos remetem à Escócia – uma ata de uma Loja em Edimburgo datada de 1400 e alguma coisa –, portanto nos vapores das revoltas político-religiosas que varreram a Europa. A discussão política ao lado da teológica era a conversa; e se houvesse uma rede social na época, o tema só seria esse. Guerras por posições religiosas eram a mesma coisa que por modelos de governos.

 

Nesse quadro a Maçonaria foi tomando rumo no debate político Liberal, que tem no pacote um conjunto de outros temas. Será por isso que nos U.S.A. a Maçonaria tornará um facebook do período da fundação daquele país do Norte. Será nessa sociabilidade, isto é, lugar em que pessoas encontram para discutir temas da vida “pública”, da vida do Estado, da vida organizativa, que se debatia como deveria ser a vida e o Estado. E o modelo Liberal moldou o que é a Maçonaria e consolidou sua problemática com a Igreja Católica Apostólica Romana. O que interessa ao Grau de Comp.’. Maçom é notar que a razão como guia da pessoa prometia elevá-la a um estado de vivência melhor. A razão iria suplantar falsas ideias que temos sobre as coisas na vida e no lugar, colocaria ideias racionais. Daí a metáfora de “iluminar”, clarear, que dá o nome ao movimento. E em dado momento tais ideias chocam com um modelo de Igreja Católica que operava e opera considerando que nós humanos não somos só razão, somos também vários outros aspectos. O problema é que ao contestar a razão iluminista, por mais que se acordasse que de fato não somos só razão, o problema que motivou as brigas e guerras religiosas, era mesmo o problema de Poder, isto é, posso concordar que não somos só razão, mas quando habitualmente utilizo a ignorância para dominar as pessoas… digamos que nesse ponto a disputa encaminha para esclarecer as pessoas; para que as mesmas não sejam subjugadas de modo vil pelo Poder. O problema se desloca do âmbito de saber os “limites da razão” (Kant) para saber quem quer mandar em quem. A briga, portanto, não é sobre se razão é isso ou aquilo, mas sobre dominação dessa ou daquela pessoa.

 

Quando a Maçonaria opta por uma “razão esclarecida”, ela acaba por fazer coro partidária daqueles que eram contra as “tirânicas”. A razão era para superar tais formas de relações sociais além de abrir caminho para a investigação humana sobre tudo o mais, ou seja, não impedir que se investigue no âmbito das ciências. 

 

Partidária dessa razão é que a Maçonaria hoje alude em seus manuais o gosto que se deve cultivar pela investigação, mas sem achar que se pode tudo. A modéstia, a ponderação faz parte desse processo de caminhar a passos seguros. E assim é a ciência hoje, que faz intensas trocas entre seus pares, na forma de seminários, congressos, etc.

 

Esse confronto de ideias será mais um ponto de desacordo entre Maçonaria e Igreja. Se habitualmente o vulgo se “queima de curiosidade” para saber dos motivos que levam “Roma” a não deglutir maçons, esse é mais um. Um homem que crê na razão elimina as explicações religiosas para o “sentido último da vida” e, sobretudo, não aceita ser “dominado” politicamente com bravatas sem lógica. 

 

Claro, existia iluministas radicais e outros mais “mineiros”. E dentre os que não eram radicais podemos pensar em Augusto Comte (sic) e naquilo que uma pesquisadora brasileira denominou muito bem de “baixo -iluminismo”. Dito de outro modo, se para alguns apenas a razão era capaz de prover sentido para vida humana, até mesmo para a morte, para outros Iluministas era possível caminhar para um meio termo. Deveríamos acomodar junto da razão certas zonas da condição humana que não são bem apreensíveis pelo intelecto, mas a investigação intelectual pautada pela razão, pelo método cartesiano (René Descartes), deve caminhar sem ser impedida pela Igreja ou algum governo. 

 

Nesse sentido Augusto Comte é conhecido por propor uma “Religião Racional”, isto é, uma religião que eliminaria certas práticas sem sentido para o intelecto, mas cultivaria um certo apreço por aspectos que nos escapam. Por exemplo, a existência de “algo” que criou todo o universo ou que mantém ele em funcionamento, etc. Reconhecendo que o intelecto vai até certo ponto e para além dele se percebe que há um “mistério”. Mistério que pode ser investigado pela ciência, mas que antes de adentrar nele se reconhece que ele está ali… sem ser mexido.

 

A Maçonaria irá tomar esse princípio de modo muito explícito. Sua ideia recorrente de um “Grande Arquiteto do Universo” é uma copia direta dessas ideias. Outro meio termo será muito bem tratado naquilo que é a M.’. do Grau de Comp.’. Maçom. Na qual se reproduz a do Ap.’. Maçom adicionado ao fim os passos do Comp.’. Maçom. Nesse momento o Comp.’. Maçom faz um ligeiro desvio e logo a seguir volta à linha dos passos anterior. Esse sair e voltar é explicitado como um momento em que se pode “especular”, mas se retoma o firme propósito de uma “m.’. em contínuo progresso”. Ora, a vida cotidiana é também isso, podemos fazer experimentos, mas existem uma série de compromissos regulares com a vida pessoal. Precisamos manter tais regularidades e dedicar uma pequena parte de nossas vidas para “tentar coisas novas”. Esse conceito é exemplar de um Iluminismo moderado. 

 

ROMANTISMO

 

Em contraponto ao Iluminismo surge no contexto dos “reinos” onde hoje chamamos de Alemanha o movimento literário, filosóficos e estético denominado romantismo. A definição é bem ampla, mas para a proposta aqui vale destacar que consistia num movimento que tinha forte reação ao Iluminismo e, como Rüdiger Safranski salienta, era algo muito “alemão”. Em seu conteúdo o que vale reter é sua procura por congregar todos os aspectos que a “razão” exagerada apagou. Nesse sentido era importante aspectos emotivos, o contato com a “natureza” enquanto os processos da fauna e flora, etc, além de valorizar a intuição e, sobretudo, tomar a vida cotidiana não como ponto de partida, mas como ponto de chegada de ideais excelso do que é a vida humana. Invertendo, por assim dizer, e fazendo com que vida cotidiana se colocasse em função de “ideais” magnos sobre o que deveria ser a condição humana. 

 

Poetas apregoavam que não importa que a vida aparenta sem sentido, que as coisas prosaicas do cotidiana parecem sem sentido; através da força deveria vestir tudo isso de sentidos elevados. Esse movimento, por exemplo, nos leva relacionar com o modo respeitoso que se despende nas reuniões semanais da maçonaria. Para além das discussões filosóficas sobre o Romantismo, é fato que se não se tomar cuidados formais, a linguagem informal e coloquial tende a gerar um circuito cada vez mais paupérrimo nos termos. Exigi que se tome cuidado com as palavras e incentivar o uso mais nobre da língua vernácula permite-nos relacionar, mesmo que não haja relação direta, como os propósitos românticos. 

 

Nesse sentido, retomando o romantismo, a poesia de Goethe, entre vários outros, além do idealismo de Fichte na filosofia, marcam esse outro jeito de ser. Ele interessa a sociabilidade maçônica na medida em que, por exemplo, toda uma “estética” na montagem da pedagogia utilizada em Loja acabou por valorizar tais ideias. Existe várias maneiras de comunicar um ensinamento, o uso, por exemplo, de “parlendas” ou “lendas”, que cada grau tem, é uma forma muito eficiente. Tal uso estratégico pode ser abordado através da disciplina filosófica denominada estética, que procura sistematizar outras formas de saber.

 

(continua…) 

 

[1] https://www.amf3.org/2018/10/o-grau-de-m-macom.html

 

https://www.amf3.org/2013/11/instrucao-de-companheiro-macom_4.html

http://www.amf3.org/2014/03/segunda-instrucao-reaa.html

 

http://www.amf3.org/2014/12/companheiro-macom.html

http://www.amf3.org/2014/03/segunda-instrucao-reaa.html

http://www.amf3.org/2013/10/maconaria-simbolica.html

http://www.amf3.org/2013/09/guia-de-introducao-aos-estudos-maconicos_18.html

Com farta bibliografia.

http://www.amf3.org/2012/10/a-regua-o-maco-e-o-cinzel.html

http://www.amf3.org/2012/10/a-pedra-bruta.html

http://www.amf3.org/2011/01/o-misterio-da-maconaria.html

http://www.amf3.org/2010/08/vontade-ou-educacao-da-vontade-na.html

http://www.amf3.org/2007/11/educacao.html

 


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