A natureza de um curso de Filosofia caracteriza-se por uma abstração ou uma retirada estratégica das questões práticas. Contudo, não é possível fazer a inferência de que estudar filosofia é viver no mundo da lua.
Trata-se de uma retirada estratégica e não uma retirada aleatória da realidade. Mas por que isso?
É preciso se desligar das coisas ditas práticas, da correria dos grandes centros urbanos. Faz necessário uma suspensão provisória dos apelos ordinários e um entregar-se por completo à divagação filosófica.
Mas é um grande engana pensar que a filosofia é essa retirada do mundo. Filosofia é estar de fato no mundo. Mas onde está a contradição? Ou será que estamos apenas usando palavras truncadas e fazendo uma brincadeira?
Vamos exemplificar para procurar “clarificar”. Se você entra para uma aula(de filosofia ou não) e deixa seu carro ou bicicleta na rua e teme que seu bem seja roubado (deixou o carro aberto; deixou a bicicleta encostada na rua); Nessa situação será possível você se concentrar em alguma coisa que será explicada na aula?
Não. Você terá que resolver primeiro essa questão, para depois assistir a aula.
Utilizamos um exemplo. Agora podemos voltar ao curso de filosofia. Se a pessoa tem necessidade básicas como moradia, alimentação, trabalho remunerado, como discutir filosofia com ela? Precisamos primeiro cuidar disso, para depois pensar em outras questões.
Um outro problema que pode atrapalhar a vida de estudos é a dimensão psicológica. Quem não “cuida de si”, quem nunca se preocupou em cultivar-se certamente tem “questões” a serem trabalhadas. Essas questões, que todos nós humanos temos, interferem em muito na vida de estudos. Aliás, sem resolver essas questões, dificilmente vamos muito longe da vida intelectual.
Sem trabalhar esses tópicos, sem examinar essas questões, corre-se o risco de um Curso de Filosofia ser fadado ao fracasso. Para resolver essas questões, os cursos de excelência acadêmica procura excluir qualquer candidato que não tenha trabalhado as suas questões psicológicas ou que tenha dificuldade financeira. É assim que os cursos de “elite” são de elite, através da exclusão.
No Brasil são raros os casos de educação no qual se ensina de fato. As escolas “boas”, são assim pelo simples fato de que nelas há exclusão das anomalias. Esse é o grande segredo do sucesso das escolas de “elite”: exclusão. A verdade “oculta” é que não se ensina nessas escolas, mas “seleciona” os melhores.
Para os indivíduos já qualificados é ministrado algum tipo de conhecimento. O sucesso deles será iminente, logo, o estabelecimento colhe para si todos os méritos de ser Instituição de Ensino de Qualidade.
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