Maçonaria como vítima de intolerância religiosa.
Prof. Me. Cídio Lopes de Almeida
LOPES DE ALMEIDA, C. Maçonaria como vítima de intolerância religiosa. São Paulo: AMF3. 2021. Acessível em: https://amf3.com.br/maconaria-como-vitima-de-intolerancia-religiosa
O mundo é complexo. Indicar que a maçonaria sofre perseguição religiosa é um desses temas que mais parecem uma cebola, quando mais descascamos mais descobrimos camadas temáticas. Nesse quadro é que saltamos de algo filosófico para algo religioso.
A maçonaria não é uma religião do ponto de vista sociológico. Trata-se de uma “sociabilidade” baseada no movimento cultural denominado Iluminismo. Motivo pelo qual os antropólogos e sociólogos nomeá-la de “sociabilidade ilustrada”. Tecnicamente, portanto, não se trata de uma “religare”, uma religião. Contudo, se alargarmos o que seja o fenômeno do humano no que toca ao sagrado, podemos, nessa chave pensar maçonaria como “religião” ou, o que é mais apropriado, filosofia de vida.
O fato é que essa agremiação de pessoas, maioritariamente masculina, sofre aqui no Brasil de perseguição e intolerância semelhante ao que passam as Tradições de matriz afro-descente. Em termos de números, são maçons entre 100 a 150mil brasileiros.
A conta é muito simples. Você, um detrator hipotético é claro, se coloca nessa ou naquela rede social a dizer o quão maligna é essa associação. Atribui-se todo o repertório diabólico a esse grupo e aos que participam dele. Discorre longamente das “diabissses”. É claro que a tradição freudiana passa ao largo desses aloprados e do público em geral, pois tais projeções não passam de fantasias dos detratores. Porém, os “influenciadores” cumprem seu papel. Inculcam nas suas plateias que o maligno tem endereço e rosto.
Eu sou desse grupo. Logo, sou isso. Não precisa muito para tal. No contexto da Alemanha do Nacional Socialismo (Nazismo) foram juntos como os 6milhões de judeus e outros, aproximadamente, 300mil maçons mortos.
Quem persegue majoritariamente a maçonaria no Brasil são as Igrejas Cristãs e indivíduos que se intitulam cristãos. O incompressível é como a religião Amor transmuta em cultivo do ódio. Ou como neuróticos de toda sorte se ocupam em aparelhar o cristianismo para cuidar da vida alheia.
No âmbito Institucional, seja por motivo histórico, de disputas políticos-teológicas no contexto do Iluminismo, seja por questões filosóficas, é fato que podemos encontrar documentado tal estranhamento na Igreja Católica Apostólica Romana e entre alguns Protestantes. Indicando explicitamente que esse grupo deve estar longe do “rebanho” deles.
Individualmente, os cristãos que se dedicam à tarefa da difamação, são os mais variados. E todos utilizam à vontade as redes sociais para tal.
Essa perseguição não é modo de dizer. Em rápida olhada em documentos formais de boa parte das Igrejas Cristãs, encontramos indicações de que não se deve participar desse grupo.
Na prática a maçonaria e os maçons adotam a política do ficar calado. Do serem discretos e nunca tratar do tema. O que me parece ser também apropriado, já que debater o quê se quem debate não sabe do que se trata.
Nosso trabalho tem sido, portanto, escrever para propiciar conteúdo de qualidade sobre o que seja maçonaria. Ele não é solitário, temos alguns amigos fazendo o mesmo. Utilizando youtube, site, livros, palestras, entre outros meios de propiciar às pessoas certas informações do que seja maçonaria.
O trabalho a que nos propomos, ao lado de vários outros pesquisadores, é discorrer de Filosofia articulado numa dada metodologia de exercício filosófico. Não ensinamos apenas filosofia, mas a filosofar. E os textos que recorremos habitualmente são de Platão, Aristóteles, Agostinho de Hipona, Bernardo de Claraval, Tomás de Aquino, René Descartes, Spinoza, Bacon, Locke, Voltaire, Hume, Kant, Hegel, Schopenhauer, Comte, e muito outros filósofos ordinários.
Uma sociabilidade não é uma escola de ficcionistas, sendo que no contexto das artes e das dinâmicas da estética na vida social cai bem. Uma sociabilidade é um fenômeno que envolve pessoas, humanos que também estão no tecido social como cidadãos. E suas aspirações sobre o sentido maior da vida humana tem o mesmo status que a religião. E se exercita esse direito de buscar o sentido da vida na filosofia, só isso.
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