Igreja e Poder

Igreja e Poder



Nietzsche, erroneamente acusado de ter matado Deus, já acusava
que o jogo de Poder no seio do saber constitui o lance mais fundamental a ser
pensado e denunciado. 
Considerando a trajetória do tema até Foucault podemos passar
para uma série de implicações que temos no Brasil de hoje.
Quero destacar o Poder no seio das Instituições Religiosas.
Raramente são democráticas, em geral impera uma hierarquização e aquilo que
Marilena Chaui diz sobre a sociedade paulistana se aplica em cheio. As
Instituições religiosas são o exemplo do governo ditatorial. É bem verdade que
não se advoga uma abertura total, qualquer passante possa opinar e tomar
acento, seria uma compreensão equivocada de “direito”; não implicaria deveres.
Passando essa etapa, podemos verificar Igrejas nas quais os
“participantes” são participantes de fato, não entram no tecido Legal das
Igrejas.
Teríamos dois grandes modelos. Um tradicional no qual temos a
Igreja Católica. Nele, até tem certa participação, no caso específico da Igreja
Católica, mas ela tem limites. No limiar da discussão são os “clérigos” que
detém o Poder Legal. Há apenas tentativas de pseudo gestão entre clérigos e
“leigos”(o termo já diz muito).  O outro
modelo é o da teologia da prosperidade, no qual o povo não participa da contabilidade
da Igreja. Todo recurso financeiro e suas aplicações são coordenadas pelo  “gestor”do negócio, claro, em vista de
propagar melhor a obra de Deus.
O que podemos ver nos dois casos é que não há exemplo de
Democracia. Se nos anos 70 a “CEB`s” se dispunham a formação política das
pessoas, assistimos nos anos seguintes uma sistemática cassa as bruxas. No
lugar de um ensaio de Democracia verificamos o crescente discurso da não politização,
até mesmo ser “político” em algum momento ficou associado a pessoas “chatas”. A
moda é louvar a Deus, fazer shows e retiros de encontro com Deus.
Obviamente que celebrar é fundamental, mas na forma que se
construiu esse modelo, especialmente como oposição a politização comunista, operou-se
um serviço de acentuação da falta de noções democráticas. Ao privar o “leigo” de
assumir obrigações, portanto deveres, os espaços eclesiásticos deixaram de
contribuir com a Democracia que implica em uma justa medida entre Direitos e
Deveres.
Como somos todos Igrejas, é hora de pensar que o fantasma
comunista já se passou, e o consumismo não é tão ingênuo assim. Ao correr do
comunismo da forma como a estrutura eclesiástica fez, abrindo espaços generosos
para um tipo de celebração com fim em si mesma,  as Igrejas, especialmente a Católica e as
Protestantes, acabaram abrindo as portas para o consumismo; tão nefasto quanto
o comunismo.
Faz-se urgente ir além da mera celebração, sempre necessária
na vida comunitária do cristão. Precisamos agir, sermos irmãos.

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