Hacia un Marx Desconocido

Hacia un Marx Desconocido

RESENHA

DUSSEL, Enrique. Hacia um Marx desconocido: Un comentario de los Manuscritos del 61-63. In: DUSSEL, E. La Producción teórica de Marx. Un Comentario a los Grundrisse. México: Ed. Siglo Veintiuno, 1985.

Cídio Lopes de Almeida

Doutorando Ciências das Religiões

Faculdade Unida de Vitória

Bolsista FAPES

Resumo

Este texto é um estudo dos Manuscritos Econômicos de 1861-1863 de Karl Marx, com foco especial na análise do conceito de mais-valia e na sua aplicação em diferentes contextos históricos e teóricos. O autor do texto, Enrique Dussel, analisa a obra de Marx de forma crítica e sistemática, examinando as suas conclusões, métodos e categorias, contrastando-as com diferentes autores, como Smith, Ricardo e Quesnay, e confrontando-as com o contexto da teoria da dependência, particularmente no que se refere ao Terceiro Mundo. O objetivo principal de Dussel é desvendar a essência e os mecanismos da mais-valia, buscando evidenciar a lógica da exploração do trabalho sob o capitalismo e seus efeitos em diferentes configurações sociais e históricas, e analisar como a mais-valia é transferida entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos, criando um sistema de dependência e desigualdade.

Resenha da Obra de Dussel sobre os Manuscritos de Marx de 1861-63

A obra de Enrique Dussel oferece uma análise dos Manuscritos de Karl Marx de 1861-63, explorando a evolução do pensamento de Marx e a gênese de suas categorias-chave durante esse período. A obra em tela destaca a metodologia crítica de Marx, enfatizando como ele confronta suas ideias com as de outros economistas para refinar suas próprias categorias e conceitos. Esse processo confrontativo não se limita a um mero exercício de comparação; ele força Marx a desenvolver novas categorias e aprofundar sua compreensão da realidade do capital. Através da “atenção epistemológica”, Marx aprimora constantemente a precisão de seus conceitos e a denominação de suas categorias.Um exemplo disso é a evolução do conceito de “preço de custo”, que passa por diferentes significados até se consolidar como “preço de produção”.

A Centralidade do Trabalho Vivo, o autor argumenta que o conceito de “trabalho vivo” é central para o pensamento de Marx nesse período e para sua crítica da economia política. O trabalho vivo é a fonte criadora de valor, enquanto o capital é apenas trabalho objetivado, materializado. O fetichismo do capital reside na ilusão de que ele cria valor por si só, quando na verdade se apropria do valor criado pelo trabalho vivo.

Outro aspecto da obra está em ocupar-se dá o “desenvolvimento do conceito” em Marx, um processo dialético que parte de categorias simples e abstratas para chegar a categorias mais complexas e concretas. A necessidade de cada categoria é determinada pela racionalidade do sistema, garantindo a coerência lógica do discurso. E nesse movimento, as “Teorias sobre a Mais-Valia” não se limitam a uma história do conceito; elas representam um campo de batalha onde Marx, através da crítica, desenvolve suas categorias e refina seu próprio sistema.

Da glosa do pensamento de Marx, Dussel passa para a aplicações à Teoria da Dependência. Ele usa a metodologia de Marx para criticar as teorias da dependência existentes, argumentando que muitas delas falham em definir o “conceito” de dependência de forma precisa. Ele aponta a necessidade de construir categorias abstratas e essenciais para analisar a relação entre diferentes capitais nacionais no sistema mundial. A transferência de mais-valia entre países é um conceito-chave que precisa ser cuidadosamente analisado dentro de um quadro categorial rigoroso.   

 Como em outros trabalhos,a obra de Dussel em questão conecta a crítica econômica de Marx com a Filosofia da Libertação, destacando a importância da historicização e desfetichização das categorias econômicas. A exterioridade do trabalho vivo em relação ao capital aponta para a possibilidade de libertação da alienação e exploração. A crítica de Marx, enquanto legado reflexivo, neste sentido se torna um instrumento para a transformação social, visando a emancipação dos trabalhadores e a construção de uma sociedade mais justa.

A obra de Enrique Dussel oferece uma leitura pertinente dos Manuscritos de Marx de 1861-63. Ao destacar a metodologia crítica, a centralidade do trabalho vivo e o desenvolvimento de conceitos-chave, Dussel lança luz sobre a gênese do pensamento maduro de Marx e sua relevância para a crítica da economia política e a luta por justiça social.

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