Frater Rosemaat Abif

Frater Rosemaat Abif

 

 

Entrevista com Editor do Site Pelotas Occultas Frater Rosemmat Abif

Prof. Me. Cídio Lopes de Almeida

 Projeto Conhecendo Escolas de Filosofia em nossos dias. Entrevista concedida ao Prof. Me. Cídio Lopes de Almeida, da AMF3 Escola de Filosofia.

 

1) Frater Rosemaat Abiff, quem ele é?

 

Frater Rosemaat Abiff é um gaúcho de 33 anos, nascido e criado na cidade de Pelotas na zona sul do Rio Grande do Sul, um rapaz latino americano sem dinheiro no bolso, tentando sobreviver sempre, uma pessoa que gosta muito de conhecimento.

 

2) Qual a sua formação Acadêmica?

 

Eu tenho incompletos os cursos de Agronomia e Filosofia, sou formado em Recursos Humanos e Direito.

  

3) Como você decidiu fazer Direito e quando surgiram os temas de filosofia e mística ou filosofias de vida no seu percurso de formação intelectual?

 

Minha avó fazia faculdade de Direito e ficou cega, sempre me encheu o saco para fazer direito, a única pessoa que eu tinha como referência eram meus tios e nenhum deles estava nadando no dinheiro, então… eu fazia filosofia, queria ser professor, queria ser político de carreira, mas acabei engravidando uma geógrafa no doutorado, daí precisava de algo que me desse algum retorno, fiz pela questão financeira, foram oito anos cursando direito, uma jornada dolorosa…no fim não me deu retorno financeiro nenhum.

Bom, meu pai era do Batuque, uma religião de matriz africana, iniciático e eu lia muito sobre a mitologia Yorubá, depois meu contato com a filosofia foi através da escola e dos livros da coleção os pensadores, o misticismo faz presença forte no espiritualismo brasileiro.

 

4) Além da maçonaria, quais outras escolas de filosofia de vida você conheceu e fez parte?

 

Ordem DeMolay, Ordem Espiritualista Cristã Vale do Amanhecer, Antiga e Mística Ordem Rosacruz, Tradicional Ordem Martinista, Fraternidade Rosacruz Antiga.

 

5) Existe alguma relação da sua profissão de formação, Direito, com sua vida espiritual?

 

não, eu tento manter as coisas separadas…

  

6) Você tem algum pensador de preferência ou um conjunto de temas filosóficos espirituais aos quais você devota seus estudos, pesquisas e meditações?

 

Ultimamente não tenho estudado nada, talvez seja a pandemia, a depressão ou o desespero, meu pensador preferido era Nietzsche, ultimamente tenho me interessado em estudar Julius Evola e a tal da Kali Yuga, enxergo tudo com muita tristeza.

 

7) Dentro da maçonaria, como na Rosacruz, tem-se um método muito eficiente de formação filosófica. A pedagogia simbólica é uma técnica que aliás é compartilhada com a Igreja Católica, dentre várias outras Escolas. Nesse quadro, o que você pensa sobre a Maçonaria em manter os 3 primeiros graus como sendo simbólicos e depois deixar em aberto dentre os vários materiais pedagógicos uma senda de estudos dita filosófica? Não seria uma sequência do simbolismo? Em especial no material pedagógico denominado REAA?

 

EU nunca fiz os graus filosóficos, então não vou tecer comentários sobre eles, acho… que a maçonaria brasileira se encontra muito influenciada pelo misticismo(o que é ruim) conceitos como egregora e presença de espíritos em sessão ou coisas assim acabam tendo um pertencimento ilegal e trazendo uma irracionalidade da qual não precisamos, não me sinto capaz de dizer mais nada além disso, pq como falei não fiz os graus filosóficos, o que se faz necessário é que seus membros vivam as palavras que o ritual propõe ao pé da letra.

 

8) Você tem uma experiência na Maçonaria masculina e na maçonaria mista. O que muda?

eu tenho experiência apenas em Loja Mista, são poucas mulheres, muitas pessoas tem dificuldade em decorar as passagens do ritual, outra em executar as marchas, até onde eu ouço falar, os males que agridem a mista agridem a regular, mas no geral é a mesma coisa, o fato de haver mulheres não muda muita coisa, talvez um dia eu participe da masculina e veja algo diferente, acho que a gente se comporta melhor na presença de mulheres.

 

9) Você tem me feito repensar muito sobre o nome iniciático. No mosteiro São Bento em SP, onde fizemos nosso mestrado em Filosofia, era natural chamar nossos colegas monges pelo seu nome “iniciático”. O que você tem a nos dizer dessa prática pedagógica ancestral? E qual o impacto dela na constituição indenitária?

 

Eu acho que o nome iniciático ajuda a separar o sagrado do profano, eu sou um quando sou Rosemaat Abiff e eu sou outro quando sou D. Gosto mais de Ser Frater Rosemaat Abiff do que D. O Frater eu criei, eu construí, eu escolhi ser, o D. Bom ele só nasceu e foi consequência do meio em que foi criado, eu quero ser melhor, acho que o D é meu eu animalesco e o F.R.A. é aquilo que foi extraído dessa brutalidade que é o D, o nome iniciático é uma forma de você se separar do teu eu profano e começar algo novo, uma segunda chance.

 

10) Sabemos do seu intenso trabalho de estudos, pesquisa e prática espiritual. Fale-me naquilo que seja possível desses ritos? Todos eles encontram-se escritos? ou ainda temos muita ritualística restrita à oralidade? Diga-me como você lida com a clássica questão do rito ser um momento sagrado de reviver o mito e em que sentido esses rituais nos auxilia a termos contato com nossos fundamentos arquetípicos.

 

O Blog Pelotas Occulta é por mim considerado como um jornal do ocultismo nacional, nem tudo que está ali eu gosto, não é um trabalho prazeroso sempre, é um trabalho abnegado para compartilhar o que o cenário esotérico tem a oferecer a nível de Brasil, assuntos abordados: Hermetismo, Paganismo e folclore pluricultural, cinegnose, filosofia, ciencia, política,Magia,Espiritualidade Monoteísta(judaísmo/Islamismo/Cristianismo, Maçonaria e esoterismo em geral, todas as ordens e religiões possuem ritos pois o ser humano é um animal ritualístico, até onde sei a maioria dos rituais são codificados restando a apenas alguns rituais africanos o boca a boca, eu vejo o rito como a viagem do ser naquela jornada, e vejo como uma introspecção ao subconsciente humano, o objeto vai ter um valor litúrgico ao rito mas na cabeça da pessoa pode ter outra importância.

 

11) No contexto da Europa e com mais precisão em França notei um consenso em associar mística às posições fascistas no espectro político. Na oportunidade que tive de me privar com alguns colegas, a partir do Instituto Católico de Paris e da Escola Normal de Paris e circuitos familiares, notei que toda reflexão mística é logo taxada de fascista. Nesse quadro, como você observa no caso da Maçonaria, da Rosacruz e mesmo as Igrejas Evangélicas em quererem participar da política? Almejando mesmo um retorno de um Estado Místico-crático ou Teocrático.

Eu acho que a religião e a política quando se misturam sempre acabam por enaltecer o metafísico, “Há mais coisas entre o céu e a terra que pode imaginar nossa vã filosofia” esse tipo de coisa é muito perigosa, mas é humana, tem muito matuto brejeiro que na roça a noite aperta o passo com medo do lobisomem mesmo sabendo que o lobisomem não existe, é o “e se” a possibilidade do mal, de realmente haver, a gente sempre balança porque no fim das contas pode ser tudo bobagem, o que essa crise nos remete é que precisamos sempre fomentar a ciência mesmo quando ela não nos agrada, o religioso fica agressivo porque a religião fez ele se sentir especial, mas em si ela não é especial e isso faz o religioso voltar a si em relação a sua insignificância

  

12) Para Frater Rosemaat Abiff quem é Deus?  Como é a vida após a morte?

Deus teve muitas faces na minha vida, Uma força que rege o universo mecanicamente, infinita e elíptica, Oxalá, Deus Pai, A Energia que faz tudo girar no universo, um Átomo, Hoje encaro a possibilidade de Deus e vida após a morte não existirem como algo natural, não me debruço mais sobre isso, pois tenho lutado para me manter vivo.

 

 13) Como foi seu contato cultural durante o curso de Direito? Você teve oportunidade no interior do curso em ter algum contato com a cultura religiosa? Como você avalia a relação entre o Advogado e os fenômenos religiosos nas dinâmicas da vida social? Um advogado ou bacharel em direito precisa saber desses fenômenos como parte do seu repertório profissional?

Estudei em uma faculdade de Direito elitizada, de um lado tinha todo tipo de homem de meia idade funcionário público em busca de um alívio para crise de meia idade, de outro todo tipo de filho de jurista vindos do sudeste com dinheiro no bolso, ainda muitos profissionais da segurança pública, era um porre, cultura religiosa? Com o judaísmo sim! O Direito brasileiro é super-influenciado pelo catolicismo e pelo modo de visão de mundo católico e cristão, principalmente o Direito penal no que tange a pena (penitencia) e o aborto, não acho que o advogado tenha que ter qualquer relação espiritual, o direito é um jogo onde ganha quem domina melhor as leis e a jurisprudência, ganha quem sabe jogar, a maioria nem pode jogar pois não tem OAB.

 

14) Outrora você me lançou uma pergunta que vou retomar e ampliar. “Qual o maior desafio de ter um canal no YouTube? Como é a resposta dos irmãos? “. Eu agora amplifico a pergunta. Antes, farei a adição de uma brincadeira que você comentou certa vez. “Ninguém queria merendar com nós na hora do recreio. Ser “nerd” era isso”. A pergunta é qual o desafio que você encontra em organizar toda a sua produção nesse setor da espiritualidade? Você e outros confrades, produzem conteúdo de qualidade. Tem pensando em organizar tudo isso, numa perspectiva de gestão do saber? E de formação de um trabalho coletivo, no qual nós “nerd” pudéssemos sair daquele nosso isolamento para um trabalho profissional nesse setor do saber que contribui para a vida social?

 

No meu caso, o maior desafio de ter um canal no Youtube é conseguir engajamento, por que eu ainda não coloquei minha cara nos vídeos e daí não gera tanto engajamento, outra coisa sou apenas o Frater(irmão) não sou mestre/Guru/Pai sou apenas um irmão, não vendo nada, não dou cursos apenas converso, já pensei em unir várias pessoas em uma plataforma só mas a questão é administrar tudo isso de forma ordenada, seria interessante para nós nerds, até por que tem muita gente ai que nem sabe o que nerd é, acha que é esse pessoas que curte filmes de super-herói.

 

 

15)Como você tem utilizado os meios eletrônicos para suas pesquisas? Segue canais? Compõem suas leituras a partir de um roteiro seu?

Hoje o algoritmo do Google traz a mim o que preciso, falar inglês com uma certa fluência me coloca a disposição do conteúdo em inglês, as coisas na internet anglófona estão bem mais explicadas, eles estão anos luz à nossa frente.

 

16) O fanatismo está à solta. Penso até que ele nunca saiu de moda. Você já sofreu preconceito explícito por participar de alguma Ordem? Já foi preterido por ser maçom? Sua família sabe que é maçom?

Muito, tenho nojo de evangélico, já fui perseguido por todos eles, minhas redes sociais seguem sendo atacadas, é muita dor de cabeça, eles são perigosos.

  

17) Aproveitando o diálogo que tivemos na entrevista que gentilmente me dirigiu, quero lhe retomar um ponto. “Assim Falou Zaratustra” é um livro iniciático?” Foi sua pergunta. Você acha que uma experiência como a Santo Daime ou as outras tradições que se formaram a partir da ingestão da AYAHUASCA, mais voltada a uma prática do que uma codificação, perde elementos nos efeitos antropológicos?

Nós podemos dar ao livro do Nietzsche um verniz iniciático, mas ele quis dizer coisas muito específicas relativas a sua própria linha de raciocínio

A Questão da Ayahuasca envolve a psicodelia, eu gosto muito de Pink Floyd e da ambiência dos anos 70, acho que é uma viagem ao subconsciente, febril e dolorosa, a algo a ser extraído daquilo ali, é como uma febre, um delírio febril, ele te ensina alguma coisa, a dor te ensina alguma coisa, eu tive apenas uma experiência nesse sentido, buscando uma resposta em uma realidade onde o tratamento de saúde mental está cada dia mais caro e inviável aos pobres.

Eu leio muito, especialmente o relato de ex militares americanos, que no total abandono do plano de saúde tiveram que partir para uso de drogas para seguir adiante depois dos traumas de guerra, nosso meio é muito moralista e hipócrita para falar sobre isso

 

18) Ainda retomando a nossa conversa. Você me lançou a pergunta sobre haver ou não paralelos entre “Jacques DeMolay e o julgamento de Sócrates?” Eu lhe proporia avançarmos nos temas que os dois autores representam para nós. A metodologia dos “DeMolay” para formação do jovem é para mim algo extraordinário. Você acha que seria uma metodologia aplicada aos garotos e as garotas?  E não seria uma metodologia fantástica para a iniciação filosófica de jovens? Consistindo mesmo num serviço de “formação para cidadania”? 

Acho, sim tem uma plena validade, figuras como DeMolay, Damon e Pítias, Sócrates e Pitágoras, a questão é o Martírio é válido nos dias de hoje? o caminho do mártir é tão sofrido…

 

19) Qual o link pro teu canal do YouTube?

Só procurar Frater Rosemaat Abiff

 

20) O que simboliza para ti a Rosacruz?

Pessoalmente? O Sol brilhando no coração do monge, um infarto que te joga pro outro lado da vida, uma borboleta saindo do casulo, um foguete rasgando a terra e ganhando o espaço, a epifania!

 

21) Que pensas sobre Magia, Hermetismo, Alquimia e Cabala?

Magia- Aplicação da sua vontade, mudar metafisicamente a realidade usando os 4 elementos da natureza, alterar sincronismos e eventos o seu bel prazer, necessita esforço e nem todo mundo consegue enquanto outros conseguem sem esforço, é algo natural e talvez irreal ou talvez real.

Hermetismo- Religião superestimada dentro da maçonaria, mas muito interessante.

Alquimia: quando a filosofia e a ciência se encontravam pra namorar, hoje uma senhora muito artística e bem hermética

Cabala: A Maior Apropriação cultural atual, as pessoas estão praticando judaísmo e nem se dão conta, é a parte de uma religião tratada como se fosse algo além da religião, algo que demonstra o quão racista pode ser o ser humano.

 

22) Se as pessoas quiserem entrar em contato contigo, como podem fazer?

Podem comentar à vontade na página do Pelotas Occulta(facebook) ou no site ou procurar pelo Frater Rosemaat Abiff

 

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