Filosofías del Sur: Descolonización y Transmodernidad

Filosofías del Sur: Descolonización y Transmodernidad

Filosofías del Sur: Descolonización Y Transmodernidad

RESENHA

DUSSEL, Enrique. Filosofías del Sur: Descolonización y Transmodernidad. Ciudad de México: Ed. Akal, 2015.

Cídio Lopes de Almeida

Resumo

O texto argumenta em favor da descolonização da filosofia e da epistemologia, defendendo que a filosofia moderna ocidental não deve ser vista como a única ou a principal fonte de pensamento filosófico. O autor, Enrique Dussel, argumenta que a história da filosofia não foi linear, e que a tradição europeia foi influenciada por outras culturas, incluindo culturas da América Latina, África e Ásia. Ele propõe um diálogo intercultural entre diferentes tradições filosóficas, reconhecendo a validade de outras filosofias e buscando uma compreensão mais ampla da história do pensamento filosófico. Dussel critica a visão eurocêntrica da filosofia, que tende a ignorar ou desvalorizar outras tradições. Ele defende uma “transmodernidade” que vai além da modernidade europeia, incorporando as perspectivas do Sul e buscando uma nova forma de pensar a filosofia, que seja mais inclusiva e justa.

Resenha de Filosofías del Sur: Descolonizaçión e Transmodernidad de Enrique Dussel

Nesta obra, Enrique Dussel se propõe a desconstruir a narrativa eurocêntrica da história da filosofia, argumentando que a filosofia não se originou exclusivamente na Grécia, mas sim em diversas partes do mundo, incluindo o Sul global. O autor critica a colonialidade epistemológica que permeia a academia, defendendo a necessidade de um diálogo interfilosófico Sul-Sul para a construção de uma filosofia verdadeiramente universal, que reconheça a pluralidade de saberes e experiências do mundo.

O livro se estrutura em duas partes: A primeira examina a relação da Filosofia da Libertação com outros pensamentos críticos contemporâneos. Dussel argumenta que a Filosofia da Libertação, surgida na América Latina, antecipou muitos dos temas discutidos por correntes como o pós-modernismo e os Estudos Subalternos, oferecendo uma perspectiva crítica a partir da periferia global.

O autor examina as limitações de autores como Habermas e Badiou, que apesar de contribuírem para a crítica da razão moderna, permanecem presos a uma perspectiva eurocêntrica. E por isto, defende a necessidade de repensar a história da filosofia, incorporando as tradições filosóficas do Sul global, como as filosofias chinesa, indiana, africana e latino-americana. A descolonização da filosofia exige um resgate das narrativas míticas e simbólicas das culturas ancestrais do Sul, interpretando-as filosoficamente para reconstruir as tradições de pensamento subjugadas pelo colonialismo.

A segunda parte explora a construção de uma política descolonizada. Onde analisa a relação entre a teologia e a filosofia política, argumentando que textos religiosos como a Bíblia podem ser interpretados filosoficamente, revelando categorias políticas relevantes para a crítica da dominação e a luta por libertação.

            O autor analisa a figura de Paulo de Tarso como um filósofo político, destacando a crítica à Lei e a importância do “consenso das vítimas” como fonte de legitimidade.

Dussel expõe a categoria de “povo” como central para a construção de uma política de libertação, diferenciando-a do conceito de “classe social” e do “populismo”. O autor analisa a filosofia de Adolfo Sánchez Vázquez, destacando a centralidade da “práxis” como fundamento, critério e finalidade do conhecimento.

            Dussel critica a Modernidade eurocêntrica, propondo a “transmodernidade” como um projeto de futuro que reconheça a pluralidade de culturas e saberes do mundo.

Pode-se considerar as linhas gerais da obra a crítica contundente ao eurocentrismo e à colonialidade do saber. Defesa de uma filosofia que dialogue com as experiências e as lutas dos povos do Sul global. Proposta de uma transmodernidade como alternativa à Modernidade eurocêntrica. Análise profunda e original da obra de Paulo de Tarso e de outros pensadores símbolos. Filosofias del Sur: Descolonización y Transmodernidad é uma leitura fundamental para aqueles que buscam repensar a filosofia a partir de uma perspectiva crítica e descolonial, contribuindo para a construção de um futuro mais justo e plural.


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