Filosofia da Libertação Latino-Americana de Horacio Cerutti Guldberg

Filosofia da Libertação Latino-Americana de Horacio Cerutti Guldberg

RESENHA*

CERUTTI GULDBERG, Horacio. Filosofía de la liberación latinoamericana. 2. ed. México: Fondo de Cultura Económica, 1992. [Colección Tierra Firme].

Resumo

O livro Filosofía de la liberación latinoamericana de Horacio Cerutti Guldberg, traça um panorama crítico do desenvolvimento da chamada “filosofia da libertação” na América Latina, particularmente na Argentina, analisando suas diversas correntes e seus principais representantes. O autor examina as raízes e os principais temas dessa filosofia, como a teoria da dependência, a teologia da libertação, a cultura popular e o papel do povo, e questiona a validade de suas propostas, revelando o que ele considera suas limitações, contradições e ambiguidades. O texto, por meio de uma análise crítica e abrangente, busca entender o papel da filosofia na América Latina e, principalmente, desvendar o significado real da “filosofia da libertação” nesse contexto

Resenha de Filosofía de la liberación latinoamericana

O livro “ilosofía de la liberación latinoamericana” de Horacio Cerutti Guldberg, se propõe a analisar e interpretar o fenômeno da “filosofia da libertação” na Argentina e em pensadores latino-americanos. O autor busca desconstruir ou refletir criticamente as diferentes perspectivas (imagens) que se criaram em torno dessa corrente filosófica, examinando seus antecedentes, influências e principais expoentes.

Para desenvolver os seus objetivos, o livro se estrutura em torno da análise de diferentes aspectos chaves conceituais aglutinadora tal como filosofia da libertação, teoria da dependência latino-americana, teologia da libertação e ideias antecedentes a esta movimentação, tal como a influência do pensamento de Frantz Fanon.

Ele considera que a filosofia da libertação tem duas correntes, a populista e a crítica. Operando outras subdivisões, a começar pela populista, que em sua apreciação teria os a) dogmáticos da ambiguidade concreta e o b) populismo da ambiguidade abstrata. Os primeiros se distinguem pela negação da filosofia ocidental e pela busca de uma nova racionalidade baseada no povo. O segundo divisa-se pela proposta de uma analética como alternativa da dialética hegeliana.

Depois dos populistas, temos a linha dos críticos que preconizam rigor epistemológico e capacidade de crítica de si, no caso da filosofia da libertação. Sendo os a) historicistas, que enfatizam a importância da história, no sentido da dialética materialista, e da ideologia na filosofia da libertação, propondo uma ampliação metodológica que permita o estudo das filosofias e ideologias em conjunto. A outra faceta, os b) problematizadores concentram-se na dimensão epistemológica da filosofia da libertação, certificando se é possível determinar sua validade e como ela deve ser construída.  

            Na sequência das correntes, a pergunta é pelo sujeito desta filosofia da libertação. Para os populistas seria o povo, o crítico é o processo histórico-político latino-americano. Como metodologia, contrasta a analética de Enrique Dussel e ampliação metodologia de Andrés Roig.

            Nos conceitos do que seja a filosofia da libertação destaca-se que ela se mostra para o autor enquanto uma tarefa ou atividade. Como seu aspecto salvacionista na linha dos populista.

Para o autor, a característica mais geral e ponto comum de todas as variações interna da filosofia da libertação é uma crítica à modernidade eurocêntrica. Este filosofar se coloca como uma crítica à tradição filosófica ocidental, buscando romper com a dependência intelectual e cultural da América Latina. Para cumprir estes objetivos, busca uma “nova racionalidade” que seja mais adequada à realidade latino-americana e que permita a superação da dominação.

A atividade filosófica nesta chave implica uma ação. O tema da e a importância da práxis é enfatizada e se vê buscando unir teoria e prática na luta pela libertação. O que estabelece a liberação dos povos latino-americanos como finalidade desta práxis.

Cerutti Guldberg conclui que a “filosofia da libertação” é um fenômeno complexo e multifacetado, com diferentes correntes e perspectivas. O autor critica as posições populistas, que tendem a ser dogmáticas e a simplificar a realidade, e defende a necessidade de um pensamento crítico e rigoroso que seja capaz de analisar a própria “filosofia da libertação” e seus limites.

A obra deixa em aberto diversas questões e possibilidades para futuras pesquisas e reflexões sobre a “filosofia da libertação”. O autor destaca a necessidade de um maior diálogo com o marxismo, de uma análise mais profunda da problemática ideológica e de um estudo mais aprofundado da história do pensamento latino-americano.

* Resenha elabora por: Cídio Lopes de Almeida, doutorando Ciências das Religiões na Faculdade Unida de Vitória. Bolsista FAPES.


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