#Eu
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Sobre o Eu a filosofia tem várias abordagens. Quero, porém, falar apenas de uma e em que sentido tal problema se relaciona com a prática docente ou o dia-a-dia de um professor no processo de explicação de novos conteúdos aos seus alunos.

Obrigatoriamente qualquer professor tem o desafio de apresentar algo novo, “chover no molhado” não faz sentido. Ninguém se dirige à uma faculdade ou contrata um professor para saber o que já sabe, mas para ampliar seu repertório de sabedoria.

Lendo engano, pois curiosamente os alunos não estão preparados para tal, facilmente fazem uma mistura entre questões pessoais, achismos, modas de jornais, modas de “corredores de faculdade”, etc. E oferecem uma profunda resistência em desbravar novos saberes.

Mas, curiosamente, se lançarmos a pergunta: o que os trazem até aqui? todos serão partidários em dizer que são os novos saberes; aqueles capazes de nos fazer virar advogado ou psicólogos, etc… Pedagogos…

A questão é que tal projeto de ampliar o próprio repertório de saberes é logo esquecido em nome de um ego, de um orgulho de si; e os alunos se acham, se projetam com seus apetrechos sobre tudo e exatamente por isso acabam por não absorverem adequadamente as novas teorias.

Lembro-me que da minha trágica experiência de professor de escola “estatal”(erradamente chamada de pública) o maior absurdo era verificar que os adolescentes não conseguiam se perguntar pelo percurso entre ele hoje e o que ele desejava ser. Simplesmente não aparecia o problema: como serei algo novo? como serei profissional? como vou arrumar trabalho? o que vou fazer e como faço para saber fazer?

Ilario, mas corrente.

Nesse ponto retomo a proposta do problema do Eu.

Observo que as pessoas projetam sobre as outras ideias suas. Nesse sentido o “eu” com o qual ela trata o outro não existe. Dito de outro modo, eu vejo uma aluna(o) e formo em minha mente uma ideia de quem ela(e) seja; essa ideia é o problema.

Vejamos de outro ângulo. O aluno vê o professor barbudo, vestindo uma roupa Y, etc… ele logo forma uma ideia de quem é ele. E tal ideia orienta sua relação como o dito professor. E dificilmente tal ideia original muda como tempo, orientando a relação aprendizado para o resto do semestre.

Sejamos ainda mais claros, tal problemática da psique humana, que se aloja naquilo que a psicanálise chama de “ego”, na necessidade de arrumar sentido acaba por falsificar a realidade. E o não reconhecimento desse jogo de nomear o real a nossa volta, acaba por solidificar coisas que deveriam ser provisórias, que deveríamos ir construindo, escutando o retorno para irmos fazendo novos arranjos, novas definições a partir do que recebemos de retorno entre aquela projeção inicial e o retorno que obtemos após o primeiro contado.

“Karamba!” alguém pode dizer e pensar que estamos arrumando “pelo em ovo”. Porém esse é o objetivo de uma graduação.

Iniciar o indivíduo na percepção de si para que ele se dê conta de quem ele é de um novo repertório de saber ao qual ele se propôs a ser um profissional daquele campo. Sem essa diferenciação e se a pessoa não aprender a fazer tal diferenciação, saber o que é ele (sua opinião e desejo diante de tal tema) e o que é o conteúdo segundo outros profissionais(teóricos), de nada adiante ele entrar em um curso de Psicologia ou Pedagogia.


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