No cotidiano tal forma de definir e se dizer desse ou aquele lado parece usar esse expediente. Então digo que sou de direita e assim oriento minha ação de tal modo. Qualquer coisa que for proposta por alguém, logo lanço a pergunta: ele de qual lado? esquerda? então sou contra. Direita! então sou favorável.
Sim, é simplista, mas é assim que as pessoas se comportam em matéria de política. É assim que as pessoas tem se comportado ao longo do dia; na conversa sobre a política.
Definir a si por si, para ser algo difícil. O que a Filosofia evoca é exatamente sair desse lugar e fazer o difícil exercício de saber se definir por si e não na negação do outro. Eu sou esquerda não apenas por ser o contrário da direita. Quando me posicionar desse forma, aliás, saberei mesmo dizer quando, independentemente da direita, um comportamento da esquerda está equivocado.
Assim também deveria proceder a direita. Ela precisa se definir por si e não como contra a esquerda. Ela precisa saber o que ela é, inclusive para saber se assumir e dizer, olha daqui para frente é “extrema-direita”; ou isso é fascismo e não propriamente direita.
A questão é que faz parte da própria identidade da direita, enquanto classe política que desde seu surgimento representam o setor chamado burguês ou os donos dos meios e do capital, o embuste. Como a própria natureza do capital e daquele que o promove enquanto beneficiário direto é o jogo no qual uma parte do trabalho do outro é “alienada”(dada para outro), tal verdade é sempre posta em termos que nunca irão exaltar talo “alienação”.
Mesmo nos dias de hoje, temos os famigerados executivos, que ganha bem em troca de vender toda a sua vida à empresa; eles também estão imersos nessa lógica. O ganho de tais profissionais tende a apagar tal realidade, pois na vida pessoal seu ganho permite certos benefícios; contudo, se comparado seu trabalho e o produto dele, teremos a alienação.
Portanto, a direita tem como essência o ganho sobre o trabalho produzido pelo outro. E nesse contexto tal classe sempre terá por meta manter tais condições; modificando os discursos, arrumando justificativas, etc.; mas todas não irão abertamente tocar nesse ponto como sendo algo injusto.
Por outro lado, podemos pensar que não só a direita mente por natureza. Mas a coisa vai para além e a questão tem haver com o “poder”. No caso da mentira da direita é um tipo de poder que está em questão. O poder que se exerce pelo dinheiro ou pelo econômico. Mas quando a tal esquerda assume o poder também há mentiras.
O debate é longo, mas em um país no qual a totalidade do Poder e seu exercício são totais, no caso de uma China por exemplo, é possível pensar que o Poder também faz estripulias para se manter. Mas vejamos, não creio que no Brasil a esquerda possa mentir, ela não é um poder total. O Brasil, diferente da China, não houve uma revolução (que não devemos confundir com Golpe de Estado) e no nosso caso o governo de esquerda não é a única força política.
Também a imprensa brasileira é de direita, logo não seria franqueado à esquerda tal forma de omitir, como é feito no que toca ao governo do Estado de São Paulo. A imprensa é de direta é uma afirmação que tem história e tem como explicar os motivos desse fenômeno.
Logo, penso que definir o que uma posição política tem que ser feito por si. Ser esquerda pode ser comunista ou socialista. Socialista pode ser democrático ou ditatorial. Ainda no socialismo podemos ser mais liberal ou intervencionista, etc…. Tudo isso são variações muito distintas e produzem resultados diversos. Assim, podemos pensar que os Estados Unidos do Norte são uma democracia liberal com ótimos frutos internos. A vida social norte-americana, antes dos anos 60, pode ser um excelente exemplo de uma sociedade na qual todos se sentem responsáveis pela vida pública. Nesse contexto penso que é louvável as várias crenças populares deles. Porém, esse mesmo modelo se fosse aplicado na França não teria condições de obter os mesmos resultados. Pelo tamanho da França e sua história, o socialismo tem produzido a França que conhecemos. Certamente me parece pertinente ser “liberal” nos Estados Unidos do Norte e Socialista na França.
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