Doutrina Secreta Gnóstica: iniciação à gnose

Doutrina Secreta Gnóstica: iniciação à gnose
A pouco entrei em contato com mais um livro sobre Gnose. Tema recorrente em vários lugares. Seja na filosofia, falo do curso acadêmico de Filosofia(3 anos de faculdade), seja na Pedagogia, quando fala de como podemos construir métodos para o educando apreender às coisas, seja na Teologia ou Ciências da Religião. Gnose, portanto foge ao mundo esotérico, mas aparece aí também.

O livro em questão, que dá o título do post, é da lavra de Karl Bunn. Texto e livro que quero discordar, porém preciso tecer algumas considerações antes de passar propriamente ao assunto.

Como tem sito comum na internet, criticar deixou de ser algo valioso para os saberes filosóficos. Pois criticar passou ser um lugar de difamação, de destruição radial do outro. Discordar aqui ou salientar um ponto no qual vejo contradições, não é a mesma coisa que eliminar ou desqualificar o trabalho em comentário. O que se propõe é dialogar e nisso não se deseja desqualificar o trabalho do outro.

Vou fazer, então esse diálogo, em várias etapas. Nesse momento quero comparar a citação do livro em questão com outros textos.

“Torna-se necessário, antes de mais nada, dizer que Gnose é uma palavra muito mais antiga do que se acredita. Já na antiga Índia existia o Jnana ou Gnana (até hoje se ensina e pratica Gnana Yoga ou Yoga da Sabedoria), a qual é parte essencial do Gupta Vidya (conhecimento secreto ou gnose hindu). Quando esse conhecimento foi levado à Grécia, em tempos bem antigos, veio a se transformar na (termo em grego, que não cito por problema de fonte da internet)(Gnôsis – prununcia-se gnôssis).(…)

Creio que na citação acima careça, ainda que o autor avisa que o livro não pretende atender aos acadêmicos, de um desenvolvimento conceitual para estabelecer a devida relação entre Gnose greco/cristã ou helenística/cristã com aquela cultura da Índia na qual ele diz ser também Gnose. Pessoalmente eu até me interesso por tal. Outro exemplo, já lá no final do livro, quando o autor faz um belo glossário, o que é muito valioso, a palavra “ser”, também com longa tradição na Filosofia Acadêmica, é definida como: “é Atma, o Íntimo, o Homem Divino, o Anthropus, o Adam-Kadmon” sem ao menos referir à longa tradição da “metafídica” ocidental, na qual as definições apresentadas nada dizem com essas palavras. Tornando necessário, por exemplo, comprar em que sentido “atma” é o que é, portanto o ser. Ou em que sentido o “íntimo” é? ou ainda, porque “o homem divino” é o ser? em que sentido esse “homem-divino” é o “ser” meio que manifesto antropomorficamente?

Penso que é possível sim ampliar o conceito de gnose; de fato ela não é apenas aquele fenômeno cristão na cultura helenística dos séculos I, II e III da “era comum”. Porém, precisamos ir de degrau em degrau; e dialogar com o longo percurso da tradição em torno do tema que há entre nós ocidentais. Nesse caso, nesses dois exemplos não sei julgar se é uma passagem, uma apropriação, de um termo; se é uma metáfora, ou sei lá o que.

Quero registrar que a meu ver tais saltos produzem aquilo que se chama pejorativamente de “esquisoterismo”ou pseudociência, pois da mesma forma que os saltos se revelam no texto, eles também não conseguem se articular com a vida corrente. Torando-se um discurso separado da vida no presente.

Para início de debate indico ainda o outro texto sobre gnose no âmbito da teoria de Jung.


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