Democracia em seu lar!

Democracia em seu lar!
Democracia em seu lar!
O título mais parece aquelas mensagens de alguma igreja.
Jesus em seu lar a palavra de deus em seu lar. Contudo, pretendo convidá-los a
irmos um pouco mais fundo.
Tenho observado a tempo como as pessoas lidam com a politica
em geral. Não só a partidária estatal, mas lá naquela eleição da diretoria do
clube de lazer. Em geral noto que as pessoas são fatalistas. Mais parecem um
daqueles Estados Latino do Oriente, onde hoje é a Siria, Libano, Israel e o
Estado da Palestina(faixa de Gaza e Cisjordânia), sitiado pelo Grande Saladino.
Pânico geral. O opositor não é meu conterrâneo, cidadão da mesma urbis, muita das vezes frequentador do
mesmo clube, até da mesma atividade.
Na política partidária a mesma coisa. O do outro partido é
tudo de ruim que há na face da terra. Para descrevê-lo faltam pouco lançar mãos
da metodologia do Apocalipse, figuras monstruosos como serpente de 7 cabeças,
amagedom.
Essa inabilidade em lidar com a política no entanto tem sua
origem muito clara na história brasileira. O Governo ditatorial civil-militar
dos anos 60, 70 e início dos 80. Mas não só nele, pois como explicar a retórica
de Marine Lepain, a cadida da extrema direita da França, precursora do modelo
de Estado Republica dos nossos dias.
Temos no mínimo dois vetores para pensarmos em como lidamos
com a política em nossos dias. O primeiro e mais significativo para nós
brasileiros é a apatia que temos pela política, sendo um legado do governo de
exceção civil-militar. Tivemos não só a prática de transferir serviços próprios
do Estado para a iniciativa privada, como podemos notar na origem dos grandes
sistemas privados de educação, setores energéticos, minerais, construção
pesada, entre outros, mas herdamos um tipo de pensamento por curto circuito:
política é coisa de subversivos.
Outro vetor faz parte da própria cultura de consumo em
massa. A ideia de consumir, desejo de consumir é amplamente insuflada. Em tudo
podemos encontrar o vetor da quantidade, consumo em grande quantidade.
Confundimos esse desejo desvairado de consumir com direito. Como é próprio
dessa lógica, esquecemos dos deveres. Nesse quadro a política jamais irá ser
algo bem visto. Pois nela não iremos ver todos os meus desejos/direitos serem
saciados. Ainda o que é pior, na política tenho que saber algo: não dá para ter
todos os meus desejos realizados, pois eles implicariam na eliminação de todos
os outros.
Será nesse quadro de cultura de consumo que poderemos
explicar como em países como França, berço da democracia, vigora os discursos de
extrema direita. Será pela via do consumo que os princípios da democracia se
esvaem.
No nosso caso chegamos na cultura de massa, sem passar pelas
cultura industrial. O que nós faz um fato novo na história, pois entramos em
uma cultura do descartável sem antes passarmos por todas as implicações que
levaram a industrialização. Somos inovadores ou fazemos parte de um nova
realidade mundial, ao lado da China e África do Sul. Chegamos na época em que
não há todo o modelo lento da disciplinação necessária à revolução industrial.
Passamos do rural(ruris) lento e sem aparatos técnicos complexos de mediação
com a realidade, para a cidade(urbis).

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