De la Estética de la Recepción a una Estética de la Particiapación

De la Estética de la Recepción a una Estética de la Particiapación

RESENHA

SÁNCHEZ VÁZQUEZ, Adolfo. De la Estética de la Recepción a una estética de la participación. México, D.F.: Facultad de Filosofía y Letras, UNAM, 2005.

Cídio Lopes de Almeida

Resumo

O livro “De la Estética de la Recepción a una estética de la participación” do Adolfo Sánchez Vázquez analisa a evolução da estética da recepção, que coloca o receptor como um elemento ativo na criação de sentido da obra de arte. A obra discute os conceitos de “obra aberta” e “socialização da criação”, defendendo a necessidade de uma participação prática do receptor, e não apenas intelectual, na construção da obra, especialmente no contexto das novas tecnologias como jogos de videogame e realidade virtual. O livro destaca como a participação do receptor, além de ampliar o potencial criativo, contribui para a democratização da produção artística, questionando o papel do capitalismo na produção de arte banalizada e a hostilidade que esse sistema demonstra à criatividade.

Resenha da obra “De la Estética de la Recepción a una estética de la participación

A obra “De la Estética de la Recepción a una estética de la participación” de Adolfo Sánchez Vázquez, publicada em 2005, é uma coletânea de cinco conferências proferidas pelo autor na Facultad de Filosofía y Letras da UNAM. A obra explora a transição da Estética da Recepção para uma estética da participação, traçando um panorama histórico e crítico das diferentes formas de relação entre a obra de arte e o receptor.

Primeira Conferência: Introdução à Estética da Recepção: antecedentes e fontes teóricas. A conferência introduz o conceito da tríade artística: sujeito produtor, obra de arte e receptor. Sánchez Vázquez destaca que, ao longo da história da estética, a atenção dada a cada elemento da tríade tem sido desigual, com o receptor frequentemente relegado a um papel passivo, especialmente na era moderna, com a consagração da estética contemplativa. O autor identifica precursores da Estética da Recepção, como Platão, Aristóteles, Paul Valéry, Walter Benjamin e Jean-Paul Sartre. As fontes teóricas da Estética da Recepção são exploradas através das teorias de Roman Ingarden, Jan Mukarovsky e Hans-Georg Gadamer. De Ingarden, destaca-se o conceito de “pontos de indeterminação” na obra literária e o processo de concreção pelo leitor; de Mukarovsky, a distinção entre artefacto e objeto estético e a influência do contexto social na recepção; e de Gadamer, a noção de “efeito histórico” e “fusão de horizontes”.

Segunda Conferência: A Estética da Recepção (I): A mudança de paradigma (Robert Hans Jauss). A conferência situa a Estética da Recepção no contexto histórico e cultural dos anos 60, marcado pela crise das teorias imanentistas e pela busca por uma nova função social da literatura. Jauss propõe uma mudança de paradigma na teoria e história da literatura, desafiando os paradigmas clássico-humanista, historicista-positivista e estilístico-formalista. O autor apresenta as sete teses de Jauss, que constituem o núcleo da Estética da Recepção. Destacam-se: a relação dialógica entre leitor e obra; o papel do “horizonte de expectativas” na leitura; a “distância estética” como medida do valor artístico; a historicidade da recepção; a necessidade de integrar a história literária na história geral; a função social da literatura no contexto da recepção.

Terceira Conferência: A Estética da Recepção (II): A estrutura apelativa do texto. Ideias fundamentais da Estética da Recepção. A conferência explora as ideias de Wolfgang Iser, outro expoente da Estética da Recepção. Iser argumenta que o texto possui uma estrutura apelativa que permite a intervenção do leitor, com “espaços vazios” a serem preenchidos no processo de leitura. A distinção entre texto e obra é central: o texto é o artefacto produzido pelo autor, enquanto a obra é o resultado da concreção do texto na consciência do leitor. O processo de leitura é descrito como uma dialética entre os recuerdos e as expectativas do leitor. A conferência conclui com a reafirmação da importância do papel ativo do leitor na constituição da obra.

Quarta Conferência: Rumo a uma estética da participação (I): Avaliação e crítica da Estética da Recepção. Sánchez Vázquez examina as críticas dirigidas à Estética da Recepção, provenientes de perspectivas inmanentistas e marxistas. Críticas inmanentistas, como a de Kaiser, defendem a obra como uma totalidade fechada e imutável, rejeitando o papel ativo do receptor. Iser responde a essa crítica argumentando que a visão de obra como totalidade se aplica à arte clássica, mas não á arte moderno, que se caracteriza pela fragmentação. Críticas marxistas, como a de Nauman, questionam a indeterminação do texto, argumentando que ela leva à arbitrariedade e ignora o condicionamento social da recepção. Jauss responde a essa crítica, utilizando o próprio Marx para defender a ideia de que a produção molda o consumo e vice-versa.

Quinta Conferência: Rumo a uma estética da participação (II): A intervenção do receptor em novas experiências artísticas do século XX e, em particular, nas associadas às últimas tecnologias. A conferência argumenta que a participação do receptor pode ir além do plano mental e significativo, atingindo o aspecto material e sensível da obra. Essa nova forma de participação se manifesta em experiências artísticas que surgem a partir dos anos 60, como as obras de Schoffer, Paik e Le Park. As ideias de Umberto Eco sobre a “obra aberta são exploradas. Eco defende que em certas obras, como as de Stockhausen, Berio, Pousseur e Boulez, o intérprete participa ativamente da estrutura da obra, colaborando na sua produção. Sánchez Vázquez recupera sua conferência de 1972 sobre a “socialização da criação”, na qual já apontava para a necessidade de uma participação ativa e transformadora do receptor. A conferência examina o impacto das novas tecnologias na relação entre obra e receptor, especialmente nos videojogos e nos passeios virtuais. Nesses casos, a participação assume a forma de “imersão” numa realidade virtual, integrando o receptor na própria obra.

Conclusões:

Sánchez Vázquez conclui que a Estética da Recepção representou um avanço importante ao destacar o papel ativo do leitor, mas argumenta que a ênfase excessiva na recepção pode obscurecer o papel da produção. O autor defende a necessidade de uma estética da participação que reconheça a intervenção do receptor não apenas no plano interpretativo, mas também no plano material da obra. Essa nova estética, no entanto, precisa estar atenta aos desafios da sociedade capitalista, que tende a reduzir o valor estético ao valor de troca e a promover uma recepção passiva e alienada.

A obra de Sánchez Vázquez oferece uma reflexão crítica e abrangente sobre a evolução da estética da recepção, lançando luz sobre as complexas relações entre a obra de arte, o artista e o receptor no contexto da sociedade contemporânea.


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