“Convite à Estética” de Adolfo Sánchez Vázquez

“Convite à Estética” de Adolfo Sánchez Vázquez

RESENHA*

VÁZQUEZ, Adolfo. Convite a Estética. Trad. Gilson B. Soares. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999.

Resumo

O livro “Convite à Estética” de Adolfo Sánchez Vázquez explora a relação entre o homem e o mundo através da lente da estética, analisando categorias como o belo, o feio, o trágico, o cômico e o grotesco. O autor critica perspectivas tradicionais e propõe uma visão marxista da estética, argumentando que as experiências estéticas e práticas artísticas são intrinsecamente ligadas a fatores históricos, sociais e culturais.

Resenha de “Convite à Estética” de Adolfo Sánchez Vázquez

“Convite à Estética” é uma obra do filósofo espanhol-mexicano Adolfo Sánchez Vázquez que, como o título indica, convida o leitor a explorar o universo da estética. O livro aborda a estética de forma ampla, não se limitando à arte, mas abrangendo também a estética na natureza, na técnica, na indústria e na vida cotidiana.

Sánchez Vázquez argumenta que a estética possui um objeto de estudo próprio, a relação peculiar entre o homem e objetos que chamamos de “estéticos”, e que essa relação exige um estudo específico. Ele refuta as críticas de diversos “detratores” da estética, como o espectador “ingênuo”, o conhecedor “culto”, o crítico de arte e o filósofo, defendendo a legitimidade da disciplina e sua capacidade de elucidar a experiência estética.

Enquanto objetivo da estética ela e denotada como “ciência de um modo específico de apropriação da realidade“. Esse modo de apropriação, vinculado a outros modos de relação do homem com o mundo, se manifesta em diversas áreas, como a natureza, a arte, a técnica e a indústria. O autor destaca a importância de se estudar a arte não apenas em sua dimensão estética, mas também em suas relações com elementos extraestéticos.

Avança para explorar os aspectos relacional da estética, sobretudo que essa relação se desenvolve historicamente e se caracteriza pelo deslocamento da atenção da função do objeto para sua forma. Exemplifica que objetos criados sem finalidade estética, como pinturas rupestres, podem adquirir uma função estética ao longo do tempo.

Na esteira do pensamento marxistas, o autor procura uma “situação estética”, que envolve um sujeito individual e um objeto singular. Nessa situação, a percepção do sujeito se transforma, adquirindo um caráter contemplativo e desinteressado. Sánchez Vázquez destaca a importância da forma significante, argumentando que a experiência estética não se limita à percepção de formas puras, mas sim de formas que carregam em si um significado.

O livro dedica uma parte significativa à análise de categorias estéticas, como o belo, o feio, o sublime, o trágico, o cômico e o grotesco. O autor explora as diferentes concepções dessas categorias ao longo da história da estética, buscando definições que se ajustem à realidade histórica da experiência estética e da arte.

Desta forma temos que o belo é a categoria mais tradicional e central na história da estética, o belo é explorado em sua evolução histórica, desde a visão clássica de ordem, medida e proporção até as concepções contemporâneas que desafiam os cânones tradicionais. Enuncia que há uma dificuldade de definir o belo de forma universal e atemporal, considerando a diversidade de suas manifestações.

O feio, muito além de ser o outro do belo, possui uma dimensão estética própria, não se limitando à mera negação. O feio e apreciado como sua percepção e representação variam ao longo do tempo e entre diferentes culturas.

O sublime é associado à grandiosidade, infinitude e à capacidade de transcender os limites humanos, o sublime é analisado em suas origens e em suas relações com outras categorias, como o belo e o trágico. O autor destaca a importância de pensadores como Longino, Burke, Kant e Hegel para a compreensão do sublime.

O trágico é apresentado como uma categoria que explora a colisão de valores e a inevitabilidade do sofrimento humano. É discutido a tragédia em sua dimensão estética, analisando suas características e sua evolução histórica, com ênfase na tragédia grega e nas reflexões de Aristóteles.

O autor explora o cômico como uma categoria que provoca o riso e que, muitas vezes, se manifesta através da crítica social e da incongruência entre aparência e realidade. Por último ele aborda o grotesco como uma categoria que desafia as normas estéticas tradicionais, explorando o disforme, o bizarro e o ambíguo.

Convite à Estética é uma obra abrangente e instigante que apresenta uma visão complexa e historicamente contextualizada da estética. O livro oferece ao leitor ferramentas para compreender a experiência estética em suas diversas manifestações, indo além de definições simplistas e explorando as nuances da relação entre o homem e o mundo estético, dando ênfase nos aspectos históricos destas ideias, como é comum na ecologia do pensamento marxista.

* Cídio Lopes de Almeida

Doutorando em Ciências das Religiões

Faculdade Unida de Vitória

Bolsista FAPES


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