Carlinhos Cachoeira é Maçom?

Carlinhos Cachoeira é Maçom?

“Demóstenes deu
uma palestra a maçons de Goiânia num evento chamado “A Favor da Moralidade
– contra a Corrupção”.(veja em outro post o restante da matéria)
A maçonaria é antes de mais nada um tipo de sociabilização. Esse
fenômeno social onde as pessoas se reúnem é estranho entre nós de cultura
Ibérica. As pessoas observam com distância qualquer aglomeração de pessoas e
até mesmo não concebem que existe uma justificativa plausível para que pessoas
ocupem seu tempo livre em encontrar outras pessoas com o propósito de declamar
poesia, falar sobre filosofia. Entre nós as pessoas se encontram e se reúnem,
mas sob a tutela da religião, o que nos leva a pensar se tal atividade pode ser
inscrita como sociabilidade.
Essa cultura, ao contrário, é muito obvia no interior dos USA.
Certamente aquele país do norte tem várias facetas. A mais conhecida pelas
classes médias e ricas do Brasil são a famigerada Disney, as Lojas de Miami e,
para um grupo seleto, os cassinos de Vegas. Mas há outro USA e ele  acontece fora das grandes cidades e é o
responsável pelo país mais rico do mundo. Trata-se das comunidades do interior
e que precede os anos 60 e a implantação da cultura de consumo de massa.
Naquelas comunidades, que não era perfeitas, a ideia de que “somos nós”
que fazemos esse país acontecer era refletidas nos grupos de sociabilidade.
Maçonaria nesse sentido teve importância relevante nesse cenário. Ao seu lado,
Rotary e Lyon Club, nascido de dentro da Maçonaria, são outros exemplos mundialmente
conhecidos de sociabilidade.
Por nossas bandas, encontrar para cultivar-se parece estranho, pois
temos uma longa e específica história religiosa. Se dissermos que estamos ali
para “rezar o terço” ou “contemplar” uma “luzinha vermelha” chamada de
santíssimo, logo teremos público.
A Maçonaria no Brasil acabou se tornando algo meio que religioso, pois
entre nós “ninguém acredita” que em uma seção maçônica façamos discussões sobre
temas filosóficos e que isso tem justificativa por si. Aliás, nem mesmo os
próprios maçons brasileiros acreditam nisso e comumente vestem coisas simples
com áureas religiosas.
Outra prova de que a Maçonaria não é mais um espaço de sociabilidade nos
moldes de sua origem na França e Inglaterra, estribado em filosofia, mas em
crenças religiosas, pode ser verificado na ampla utilização do Rito Escocês
Antigo e Aceito, um material didático entre outros existentes.
Esse material didático que organiza a formação dos membros de associação
cultural e que leva o nome de “rito” utiliza-se de uma teatralidade para
transmitir vários conceitos. Inicialmente ele é muito eficiente, pois ao fazer
uso de metáforas, de símbolos, gestos, permite que conteúdos sofisticados da
filosofia seja posto ao alcance de pessoas não escolarizadas. Seria como um bom
professor que se esforça para criar situações de aprendizado a seus alunos. O
Rito Escocês Antigo e Aceito é um belo exemplo de sucesso nesse esforço. Contudo,
o professor almeja que os alunos esqueçam as piadas, que fazem as aulas ficarem
alegres e afugentar o sono, e apreendam o conteúdo. Como todos sabemos,
lembramos a piada e esquecemos o conteúdo. O mesmo acontece com o REAA, as
pessoas lembram as metáforas, mas não sabem o que ela é em termos filosóficos.
Esse mesmo rito passa, então, para outro lugar. Ele guarda semelhanças de uma
missa católica e por essas e outras características é o rito mais praticado no
Brasil.
Ritos mais secos e que se atem a pura sociabilidade sem se valer das
encenações “barrocas”, como o rito de Emulação(ou de York) ou o Moderno,
conhecido também como Francês, são poucos praticados exatamente por serem
material de formação mais denso em filosofia(Francês) e pragmático/republicano
como o York, amplamente praticando nos USA.
Afinal
Cachoeira pode ser Maçom?
Após a breve exposição acima, retomamos a pergunta inicial deste texto.
A pergunta tem resposta que se relaciona com a ideia de que a Maçonaria deixou
de ser um lugar de sociabilidade nos moldes franceses e ingleses dos séculos
XVIII e XIX. A cena atual da Maçonaria brasileira se transformou em uma
associação de fiéis, semelhantes aos Vicentinos da Igreja Católica, mas com
lados perigosos, que não são presentes entre os Vicentinos.
A Maçonaria ao abdicar de ser lugar de convivência social e de cultivo de
uma cultura aristocrata, passou rapidamente para ser local de reprodução dos
clichês e bordões postos em pauta por outros atores da sociedade. Essa
associação, por exemplo, transformou-se em defensora da ditatura militar e
ainda hoje é fácil encontrar vários militares como seus membros. Hoje pode-se
facilmente identificar esse grupo como um local privilegiado dos discursos de
extrema direita no cenário brasileiro.
Um dos traços é o baixo nível cultural dos maçons associado a arrogância
de serem portadores de um saber superior, que nem o mais escolado professor
possui. Segue-se a isso a perigosa ideia/mito de que os maçons participaram da
Revolução Francesa, da Independência Brasileira, dos USA, etc…. Nesse
sentido, camuflado pelo fetiche do segredo, esse espirito de “superioridade”
ontológica faz do maçom o partidário perfeito do extremismo de direita. O que
nos faz retomar citação: “Demóstenes deu uma palestra a maçons de Goiânia num
evento chamado “A Favor da Moralidade – contra a Corrupção”.(Departamento
de Polícia Federal)
A marca fundamental dos agentes da extrema-direita é exatamente a
“Moralidade”. Na maçonaria existem  bordões que se repete convulsivamente: “para o
bem da Pátria e amor a humanidade”; “cidadão de bem”; “em nome da família”;
“homens de bem”; “moralidade ilibada”. A vontade de fazer politica aliada ao
baixo nível cultural, faz da maçonaria o celeiro privilegiado para o cultivo de
uma visão política que julgávamos superada.
Nessa mesma Ordem Maçônica de cultivo da moralidade também encontraremos
o ex-governador cassado do Distrito Federal e não será estranho encontrarmos
não só fazendo palestras, mas como membro ativo e exemplo de moralidade, o
Deputado Demóstenes Torres e o contraventor Carlinhos Cachoeira.
Esse fenômeno se dá por um motivo simples. Pessoas de pouca cultura e
desejosas de exercer o poder acabam por se aliar a explicações simplistas sobre
a realidade que é complexa. Os baluartes das explicações simplistas
historicamente são os governos de exceção, seja eles comunistas ou
facistas(nazistas).
A mentalidade democrática exige sistemas educacional público de
qualidade; coisa que foi desmontada na década de 70 pelo governo de exceção. Distribuição
de renda, garantia de emprego; etc. O Maçom deve participar da política, mas
ele precisa ser alguém que cultiva o espírito; saiba ler e escrever e não seja
mero leitor funcional. Enquanto associação civil a Maçonaria deve ser critica e
leitora das complexidades que subjazem aos processos sociais. Assim ela
participa da política como promotora e não como reprodutora dos bordões. E
desista de uma vez por todas de querer colocar entre os seus, fazendo aqueles
inúteis listas de maçons famosos, nomes de pessoas que nada tem de maçons.
Chega ser infantil, pois em dado momento, até papas viram maçons. Daqui uns
dias vão dizer que Hary Poter era maçom.

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