RESENHA
VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez. Las ideas estéticas de Marx (ensayos de estética marxista). México: Era, 1979.
Cídio Lopes de Almeida
Doutorando em Ciências das Religiões
Faculdade Unida de Vitória
Bolsista FAPES
Resumo
O livro “Las ideas estéticas de Marx (ensayos de estética marxista)” de Adolfo Sánchez Vázquez explora as ideias estéticas de Karl Marx, analisando como a produção material e as relações sociais impactam a criação artística. O autor argumenta que o capitalismo é inerentemente hostil à arte, pois reduz a produção artística a um mero produto de mercado, suprimindo a liberdade criativa do artista e alienando a arte de sua verdadeira função social. O livro aborda temas como o realismo, o trabalho, a alienação, a função social da arte e as diferentes formas de arte, questionando visões tradicionais sobre o tema e oferecendo uma perspectiva crítica e engajada.
Resenha de “Las ideas estéticas de Marx (ensayos de estética marxista)”
Este livro, escrito por Adolfo Sánchez Vázquez, explora as ideias estéticas de Karl Marx e os desafios de construir uma estética marxista. O autor argumenta que, embora Marx não tenha se dedicado à estética em trabalhos específicos, suas ideias sobre o homem e a sociedade **inevitavelmente o levaram a abordar questões estéticas**. O livro traça as vicissitudes das ideias de Marx sobre a estética, desde a sua negligência pelos teóricos da socialdemocracia alemã, que viam o marxismo meramente como uma teoria econômica, até a sua reinterpretação e desenvolvimento por figuras como Lenin.
A Estética Marxista e o Humanismo, Sánchez Vázquez enfatiza que a estética marxista está profundamente enraizada no humanismo. O autor critica interpretações do marxismo que ignoram seu núcleo humanista e revolucionário, argumentando que elas não conseguem captar o verdadeiro valor das ideias de Marx sobre a estética. Para Sánchez Vázquez, a estética é uma dimensão crucial da existência humana e está intrinsecamente ligada à transformação radical do homem e da sociedade.
Arte como Ideologia, Conhecimento e Trabalho Criador, em que O livro examina diferentes interpretações da arte dentro da estética marxista. Uma interpretação caracteriza a arte primordialmente como ideologia, enfatizando sua conexão com os interesses de classe e seu papel na superestrutura social. No entanto, Sánchez Vázquez discorre que essa visão pode levar a uma ênfase excessiva no conteúdo ideológico em detrimento da forma artística e da autonomia relativa da obra de arte.
Outra interpretação possível para ele é ver a arte como uma forma de conhecimento, destacando seu valor cognitivo e sua capacidade de refletir a realidade. O autor reconhece a importância do valor cognitivo da arte, mas adverte contra a redução da arte a um mero reflexo da realidade, a arte possui um objeto específico – o homem e a vida humana.
Sánchez Vázquez propõe uma concepção da arte como trabalho criador, que, sem negar suas funções ideológicas e cognitivas, coloca a ênfase na capacidade do homem de criar novas realidades por meio da arte. Ele argumenta que essa concepção, enraizada na compreensão de Marx sobre o trabalho e a arte como esferas essenciais da vida humana, oferece uma perspectiva mais completa da arte. Avançando além de uma ideia simplista dela como pura alienação.
O autor dedica um capítulo inteiro à análise da hostilidade do capitalismo à arte. Ele argumenta que essa hostilidade é uma manifestação da contradição fundamental entre o capitalismo e o homem como ser criador. Sánchez Vázquez examina essa hostilidade em três planos: produção, consumo e divisão social do trabalho artístico.
Outra face do debate sobre arte será sobre o fenômeno da arte de massas, um produto da sociedade capitalista contemporânea. Embora Marx não tenha conhecido esse fenômeno, ele pode ser explicado à luz de sua tese sobre a hostilidade do capitalismo à arte. A arte de massas, segundo o autor, contribui para a desumanização e a alienação do homem ao padronizar a produção artística e os gostos do público, servindo aos interesses ideológicos e econômicos do capitalismo.
Ao longo do livro, Sánchez Vázquez argumenta que a estética marxista deve ser uma ciência aberta e crítica, em constante diálogo com a experiência artística e com as transformações da realidade social. Ele critica o dogmatismo e o normativismo que marcaram algumas interpretações da estética marxista, defendendo uma estética que reconheça a riqueza, a diversidade e o dinamismo da arte.
“Las ideas estéticas de Marx (ensayos de estética marxista)” é uma obra pertiente para aqueles que desejam compreender a complexa relação entre a arte, a sociedade e o pensamento de Marx. Sánchez Vázquez oferece uma análise crítica das ideias de Marx sobre a estética, desafiando interpretações reducionistas e apontando para a necessidade de uma estética marxista que seja ao mesmo tempo científica e humanista.
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