As cinco viagens do Companheiro Maçom

As cinco viagens do Companheiro Maçom

As cinco viagens do Companheiro Maçom

Cídio Lopes de Almeida

[book summary for teaching purposes]

Resumo

O presente roteiro tem como objetivo aproximar o leitor do Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA), em particular do tema das cinco viagens do Companheiro maçom, à obra de Carl Gustav Jung, O homem e seus símbolos. De modo preliminar, pretende-se destacar as possíveis comparações entre os elementos simbólicos presentes nas cinco viagens e as reflexões de Jung sobre a manifestação do inconsciente por meio dos símbolos. Essa aproximação busca oferecer ao leitor uma ponte interpretativa entre a tradição ritualística maçônica e a análise psicológica dos símbolos, proporcionando uma leitura enriquecida e ampliada dos significados contidos no REAA à luz da perspectiva junguiana. Essa aproximação não é no sentido de que há um caminho lógico entre as partes, mas que pela similaridade, pode-se ampliar a leitura de um texto simbólico com comparações como essa que aqui vamos fazer.

Referência bibliográficas para estudos:

JUNG, Carl Gustav. O homem e seus símbolos. 30. ed. Petrópolis: Vozes, 2016.

GLESP. Ritual do Simbolismo Companheiro Maçom. São Paulo: GLESP, 2011b.

O ritual descreve que as viagens correspondem aos cinco sentidos (tato, paladar, olfato, visão e audição), sendo eles “os mais fiéis companheiros do Homem”. Jung, por sua vez, nos lembra que os símbolos se formam justamente no ponto de encontro entre experiência sensível e imagens arquetípicas. Logo, a vivência ritual pode ser lida como um itinerário de integração do inconsciente através dos sentidos.

Pontos de aproximação com Jung e O homem e seus símbolos

1 Função mediadora do símbolo

– Para Jung, o símbolo é a “melhor expressão possível para algo ainda desconhecido” (O homem e seus símbolos, p. 20).

– No ritual, cada viagem é um símbolo vivido corporalmente: o iniciado não apenas escuta explicações, mas percorre fisicamente um caminho que traduz verdades internas.

2 Os sentidos como canais arquetípicos

– Jung mostra que os símbolos tocam afetivamente o ser humano por meio de imagens, sons, cheiros, formas.

– As viagens ritualizam os sentidos como vias de acesso ao inconsciente coletivo, permitindo que o iniciado se perceba não só como indivíduo, mas como parte de uma memória simbólica universal.

3 Estrutura quaternária e quintessência

 – Em Jung, o número quatro é recorrente como símbolo da totalidade (mandalas, cruz, quatro funções da consciência). O quinto elemento (a quintessência, o Self) integra e transcende o quaternário.

– No ritual, quatro viagens correspondem aos elementos; a quinta aponta para a síntese superior, ligada à Estrela Flamejante — que pode ser entendida como imagem do Self junguiano.

A pedagogia do inconsciente

– O homem e seus símbolos foi escrito justamente para introduzir leigos na linguagem do inconsciente.

– As viagens cumprem função semelhante: instruir pelo símbolo, de modo que o Companheiro aprenda “a se conhecer” por meio da vivência ritual, mais do que por explicações conceituais.

Síntese pedagógica/mistágogica

– A leitura junguiana ajuda a mostrar que a Elevação não é só uma sequência de provas morais, mas um processo psíquico de individuação.

– As cinco viagens podem ser trabalhadas em aula como cinco portas arquetípicas: cada uma ativa um sentido, um elemento e um aspecto do inconsciente, que ao final se integram na Estrela Flamejante (Self).

 

Quadro comparativo das Cinco Viagens do Companheiro à luz de Jung

Viagem

Instrumentos / Provas (Ritual)

Sentido associado

Elemento

Símbolo junguiano (O homem e seus símbolos)

Interpretação iniciática

1ª Viagem

Maço e Cinzel: trabalho de desbastar e polir a pedra

Tato

Terra

Contato direto com a matéria, arquétipo da Mãe Terra, princípio da formação e da ordem

O iniciado aprende a tocar o real, a agir sobre si mesmo com disciplina e trabalho interior.

2ª Viagem

Régua e Compasso: precisão, medida, retidão

Visão

Fogo

Arquétipo da Luz e da Revelação; visão clara, consciência nascente

O Companheiro desenvolve a clareza da mente, discernimento e busca da verdade.

3ª Viagem

Régua e Alavanca: força, coragem, movimento

Audição

Ar

O Logos (Palavra), princípio que ressoa e organiza; vento e respiração como mediação espiritual

Aprender a ouvir e a ressoar com a ordem do cosmos, colocando a força a serviço do espírito.

4ª Viagem

Esquadro: justiça, moral, retidão ética

Olfato

Água

Memória profunda e instintiva, arquétipo da Vida e Morte (perfumes, aromas, sacralidade)

O Companheiro purifica-se, desenvolvendo o senso de justiça e a harmonia moral.

5ª Viagem

Síntese das anteriores: ascensão à Estrela Flamejante

Paladar (síntese dos sentidos, comunhão)

Éter / Quinta Essência

Arquétipo do Self: totalidade, mandala, centro integrador

O iniciado se eleva acima do quaternário, integrando sentidos, elementos e virtudes rumo ao centro interior (individuação)

 

 


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