A Filosofia da Práxis: Explorando o Pensamento de Adolfo Sánchez Vázquez

A Filosofia da Práxis: Explorando o Pensamento de Adolfo Sánchez Vázquez

RESENHA

VÁSQUEZ, Adolfo Sanchez. Filosofia de la Praxis. Ed. Grijalbo, Ciudad México(DF), 1980.

Cídio Lopes de Almeida

Doutorando Ciências das Religiões

Faculdade Unida de Vitória

Bolsista FAPES

Resumo

A obra Filosofia da Práxis de Adolfo Sánchez Vázquez discute o conceito de práxis, que é a atividade prática transformadora do homem como ser social, no contexto do marxismo. O autor argumenta que o marxismo é, antes de tudo, uma filosofia da práxis, não uma nova práxis da filosofia, e que a compreensão da práxis é fundamental para a compreensão do marxismo. O livro examina o desenvolvimento do conceito de práxis na história do pensamento, das concepções antigas até a época moderna, e examina diferentes formas de práxis, como a práxis produtiva, a práxis artística e a práxis política, bem como a relação entre teoria e prática, e o papel da consciência na atividade prática. O texto também analisa as diferentes interpretações da práxis entre os marxistas e como esse conceito foi moldado por figuras como Marx, Engels, Lenin e Gramsci, e como o papel do intelectual se interconecta com a práxis proletária.

A  Filosofia da Práxis de Adolfo Sánchez Vázquez

Em Filosofia da Práxis, Adolfo Sánchez Vázquez explora o tema da práxis como um conceito filosófico central no marxismo, contrastando-o com interpretações idealistas anteriores. O livro é dividido em duas partes, com prólogos para as edições subsequentes que contextualizam o trabalho e destacam as mudanças e desenvolvimentos do pensamento do autor.

Parte 1: Fontes Filosóficas Fundamentais para o Estudo da Práxis

Capítulo I: A concepção da práxis em Hegel: Analisa como a filosofia idealista alemã, culminando em Hegel, via a atividade como central, mas focada na consciência. Apesar do “ativismo teórico” de Hegel, ele rejeitava a necessidade de mudanças práticas e revolucionárias na Alemanha, vendo a Reforma como uma revolução espiritual suficiente. Sánchez Vázquez examina a concepção de Hegel sobre o trabalho, primeiro em seus primeiros escritos e depois na Fenomenologia do Espírito e na Ciência da Lógica.

Capítulo II: A concepção da práxis em Feuerbach: Examina a crítica de Feuerbach à religião e à filosofia idealista hegeliana, restaurando a primazia do homem e da natureza sobre a Ideia Absoluta. No entanto, Feuerbach ainda via a atividade teórica como essencial para a superação da alienação humana, não reconhecendo a importância da práxis revolucionária.

Capítulo III: A concepção da práxis em Marx: Argumenta que a elaboração da categoria de práxis por Marx é um processo teórico e prático que marca uma ruptura significativa com a filosofia anterior. Através de obras como os Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844, A Sagrada Família, as Teses sobre Feuerbach e A Ideologia Alemã, Marx desenvolve a práxis como atividade produtiva e revolucionária, central para a transformação do mundo. O capítulo também examina o Manifesto do Partido Comunista como teoria e programa da revolução proletária, destacando a importância da organização e da consciência de classe.

Capítulo IV: A concepção da práxis em Lenin: Examina o desenvolvimento da práxis no pensamento e na ação de Lenin, desde seus primeiros escritos até a Revolução de Outubro. Sánchez Vázquez destaca a ênfase de Lenin na importância da organização e da consciência política do proletariado, evidenciada em Que Fazer?. No entanto, ele também reconhece a capacidade de auto-organização das massas, como demonstrado pela Revolução de 1905 e pelo papel dos sovietes em 1917. O capítulo conclui com uma análise da obra Materialismo e Empiriocriticismo como um exemplo do compromisso de Lenin com a defesa do marxismo como filosofia da práxis.

Parte 2: Alguns Problemas em Torno da Práxis

Capítulo I: O que é a práxis: Oferece uma definição da práxis, diferenciando-a da mera atividade. Sánchez Vázquez argumenta que a práxis é uma atividade consciente, transformadora, teleológica e criativa, realizada por seres humanos em relação ao mundo material e social.

Capítulo II: Unidade da teoria e da prática: Analisa as complexas relações entre teoria e prática, argumentando que a prática fundamenta a teoria e serve como critério de sua verdade, enquanto a teoria orienta e enriquece a prática.

Capítulo III: Níveis da práxis: Diferencia dois níveis de práxis: a práxis criadora e a práxis imitativa ou repetitiva. A práxis criadora é caracterizada pela unidade entre o ideal e o real, pela imprevisibilidade e pela novidade, enquanto a práxis repetitiva se baseia na aplicação de modelos preexistentes.

Capítulo IV: Espontaneidade e reflexão na práxis revolucionária: Examina as interações entre a espontaneidade e a reflexão na luta revolucionária, argumentando que ambas são necessárias, mas que a reflexão e a consciência política são cruciais para a transformação social.

Capítulo V: Consciência de classe, organização e práxis: Analisa a teoria leninista da consciência de classe e do partido, destacando o papel do partido como vanguarda do proletariado. Sánchez Vázquez critica a noção de um partido único e defende a necessidade de democracia interna e de uma relação dialética entre o partido e as massas.

Capítulo VI: Práxis e intenção: Diferencia a práxis intencional, onde há um projeto consciente, da práxis não-intencional, onde os resultados não correspondem à intenção original. O autor argumenta que, em última análise, a práxis deve ser julgada por seus resultados objetivos, e não apenas pelas intenções.

Capítulo VII: Práxis e violência: Analisa a relação complexa entre práxis e violência, argumentando que a violência pode ser um meio necessário para a transformação social, mas que seu uso deve ser cuidadosamente considerado e justificado.

Conclusão

Sánchez Vázquez conclui reafirmando a importância da práxis como categoria central do marxismo e destacando a necessidade de uma compreensão crítica e dialética da relação entre teoria e prática, entre o partido e as massas, e entre a violência e a transformação social. O livro também inclui uma bibliografia de obras relevantes para o estudo da práxis, complementando sua análise.

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